sábado, 28 de dezembro de 2013

Improdutivo

      No final de 2012 me senti profissionalmente improdutivo. Não que naquele ano meu desempenho tenha sido abaixo da média, mas não foi como eu gostaria. Agora, quando 2013 está terminando, parece que tudo voltou ao normal, embora eu tenha feito o serviço de pior qualidade em toda a minha extensa carreira, e o pior, eu deveria tê-lo feito em 2012. Por conhecer a complexidade e necessitar tomar decisões rápidas preferi não delegar a sua administração à minha equipe, e assumi a responsabilidade por sua condução, ou seja, o culpado sou eu.

      Eu necessitava substituir alguns equipamentos de infraestrutura que se tornaram obsoletos, apresentavam muitas falhas, faziam parte de um projeto tecnicamente ultrapassado e eram ineficientes do ponto de vista de consumo de energia elétrica. Por questões próprias da natureza do meu trabalho apenas o iniciei em 2012, o que já me desagradou. Não consegui contratar uma empresa que somente fizesse o projeto e com esse em mãos procuraria por quem pudesse executa-lo, todas as consultadas preferiam vender o equipamento, o serviço e o projeto, isso já me cheirava a não ter projeto e executar na base do "entrega e depois a gente vê como fazer". Em 2013 já comecei atrasado pois com outras modificações realizadas o local de instalação não estava adequado. Durante a adaptação surgiram vários problemas que a cada ação gerava uma nova pendência, nada de resolver, e o tempo foi correndo.

      Em determinado momento tive que administrar o trabalho de dez diferentes atividades simultâneas, com pessoas de várias empresas e cada uma querendo resolver o seu problema e atrapalhando as outras, e acho que nenhuma queria resolver o problema do cliente. O período crítico da instalação que deveria ter sido de no máximo uma semana incluídos os dias não comerciais se estendeu por mais de quinze. É evidente que traria transtornos, mas com esse atraso passou dos limites.

      Agora, com cerca de 95% concluídos e afastado o período crítico posso voltar a me preocupar com isso apenas durante o dia como todo profissional deve fazer: sem ter que levar o problema para a cama. Porém os 5% restantes ainda consumirão todo o mês de janeiro, que graças ao feriado de ano novo só começa no dia 6, isso é, um projeto que deveria ter sido realizado em 2012 será finalizado apenas em 2014.

      Isso é o que se chama custo Brasil. Muito trabalho e pouca produtividade. Falta qualificação a quem executa, muita coisa tem que ser refeita ou adaptada e assim gasta-se tempo e dinheiro que poderiam estar sendo investidos em outros projetos. Ainda que ao final o resultado venha a ser de qualidade muito superior ao que se tinha, o processo foi ineficiente e frustrante, e o pior, atrapalhou por demais a vida de quem não tinha nada com isso.

      Do balanço que estou fazendo de 2013 posso adiantar que o ano foi muito bom, mas terá sempre essa marca: um serviço que de tão ruim não pode ser esquecido jamais.

domingo, 15 de dezembro de 2013

Animais de Estimação.

      Sabe aquela pessoa que você sabe que é chata, falsa e coisas assim? Pois é, ela já foi aquela criancinha graciosa, lindinha, cut cut, que se tivesse nascido no tempos dos orkuts e facebooks as fotos de suas gracinhas teriam recebido centenas de curtidas. Ao contrário dos animais de estimação a criança é boa, mas cresce. Os animais, ou modernosamente, os pets, são para os seus donos as crianças que não crescerão nunca.

      É fácil gostar dos animais e condenar os maus tratos. Tivemos até um presidente, o Figueiredo, que afirmou gostar mais do cheiro de cavalo do que de povo, e ele nem andava em ônibus ou trem lotado para, realmente, conhecer o cheiro de povo. Nessa semana vi um post que condenava os pássaros engaiolados e dizia, plante árvores que eles vem. Tem razão, é uma violência desnecessária, mas é uma entre tantas.

      Pense nos cavalos, burros e semelhantes. Sua natureza é selvagem, mas foram domesticados e obrigados a trabalhos forçados para produção e lazer. É inegável o salto de qualidade que a humanidade teve com esses serviços. Eles ampliaram a dimensão das civilizações desde as conquistas asiáticas, gregas, romanas, do oeste americano, e mesmo no Brasil. Pense no quadro Independência ou Morte, de Pedro Américo, que retrata a independência do Brasil, imagine-o sem os cavalos. Lembre da beleza de um concurso de equitação,  de uma prova hípica, mas isso é bom para o animal? O que falar então dos rodeios de cavalos e touros? 

      Quanto aos cães e gatos? Eles também foram domesticados e hoje muitos tem qualidade de vida que a maioria das pessoas não possuem. Mas isso é da natureza do animal? Não é uma crueldade esse excesso de cuidados humanos em um animal de característica selvagem? Muito se fala do benefício psicológico em se ter bichinhos, ou seja, eles nos são úteis, instrumentos, ferramentas, o contrariar sua natureza é um mal menor.

      E há muitos outros exemplos, dos exóticos: iguanas, serpentes e tartarugas, aos comuns: ratos ou hamsters, coelhos, bezerros e peixes. Se existe um grande problema é o comércio desses animais, é a subtração das matrizes da natureza, é o contrabando que dizima a maioria. Isso tudo sem falar daqueles que nos servem de alimento.

      Esse estado de animal domesticado é impossível de ser revertido, e voltando aos pássaros, pense naqueles que nasceram em criadouros. Esses não poderiam voltar a viver livres na natureza, pois, ou seriam presas fáceis ou não saberiam buscar alimentos. Para serem libertos necessitariam de um aprendizado que se torna mais difícil quão mais velho o animal é.. Portanto, se não há crueldade em sua manutenção, aceita-se, e quem cria cachorro não pode criticar aquele que tem pássaro.