Há cerca de
10 anos vendi o meu carro e fiquei quase dois sem comprar outro e isso me fez
ver com outros olhos os espaços públicos. Passei a me preocupar com a
dificuldade de locomoção, a segurança, a sujeira e a aparência. Quando passei a
pedalar a minha insatisfação só fez piorar. O desrespeito e o descaso são muito
grandes e quando falta muito, a beleza é o que menos importa. Entendo que
criticar é fácil e que ser gestor com poucos recursos é uma tarefa hercúlea,
porém os gestores públicos o são por opção própria e por delegação popular,
logo eles devem responder por isso.
Enquanto
cidadão a nossa responsabilidade não termina dentro dos nossos muros, mas somos
também responsáveis pelos próprios muros. A foto abaixo mostra o muro de um
clube localizado no centro de São Carlos, no lado de dentro há um campo de
futebol society onde centenas de pessoas, inclusive crianças jogam todos os
dias. Será que nenhum diretor vê que essa fissura e inclinação podem fazer vítimas?
Onde estão os fiscais do município que não prevêem o problema?
Também no
centro há uma chácara com aproximadamente 10.000 metros quadrados e em vários
lugares o muro está inclinado e com atestado de perigo, pois foram feitos
remendos para mantê-lo em pé. A dúvida aqui não é se parte do muro irá ou não
cair, mas apenas quando isso ocorrerá.
Como o que é
ruim pode piorar, no lado de dentro desse muro há um barranco e na parte de
baixo funciona uma creche. São muitas as crianças circulando por esse espaço
diariamente. Só resta torcer para que não haja vítimas quando o muro vier
abaixo.
Não são
apenas os riscos de acidentes. Nesse ano a prefeitura está fazendo a implantação
de rampas de acesso em muitas das esquinas centrais. Nenhuma administração
municipal anterior fez tantas, porém nem sempre prevalece o bom senso. Quando
na esquina há um bueiro, a rampa é deslocada, ou seja, o idoso, cego ou
cadeirante que desvie, quando o correto seria mudar o bueiro. Mas isso custa
mais caro e não fazer a rampa implica em um número menor na estatística, o que é
ruim, principalmente em ano de eleição. Aplica-se aqui o mesmo princípio das
passarelas para pedestres sobre as rodovias. Sempre vejo reportagens de
atropelamentos e campanhas para que o pedestre as usem, mas nem sempre elas estão
onde há o maior fluxo de pessoas, além do que, as rampas de acesso são longas
dos dois lados, o que obriga o transeunte a uma caminhada adicional. O melhor
seria fazer a passarela no nível do solo e desviar os carros, mas isso também é
mais caro.
O motorista
também tem responsabilidade. No outro lado da rua estacionaram um carro na
frente da guia rebaixada. Precisa fazer isso?
E há muito mais.
Essa proteção na obra em andamento impede a passagem das pessoas. Ela existe
para atender a dois requisitos: a obrigação legal e a proteção da obra contra vândalos
e ladrões, mas não há nenhuma preocupação com a população. Já vi em outros países
a proteção adequada. O piso é regularizado, o lado da construção é todo fechado,
a passagem é coberta em toda a sua extensão e no lado da rua há também a proteção
física, às vezes com blocos de concretos. Mas fazer o certo tem custo.
A administração
municipal tem que regulamentar, fiscalizar e fazer cumprir a lei. Se não tem estrutura
suficiente para vistoriar todo o município, que sejam criados mecanismos para que
a população faça a denúncia permitindo que a fiscalização ocorra nos locais
citados, enfim, não é necessário ser muito criativo para ser mais eficiente.