domingo, 28 de agosto de 2016

Olimpíadas 2016

      Faz uma semana que terminaram os jogos olímpicos 2016 e o resultado do Brasil foi proporcional à nossa importância no cenário mundial, grande em potencial e pífio nos resultados. Em termos de organização ocorreram problemas mas não houve uma catástrofe, incluindo aí a segurança dos atletas, turistas e da população local. Como tudo o que se faz aqui, muita coisa não foi cumprida como a despoluição da baia da Guanabara. Problemas de corrupção e superfaturamento? É possível e até provável, ainda que eticamente inaceitável.

      O quinto maior país em extensão territorial, o quinto país mais populoso, a nona maior economia do mundo em 2015 (era a sétima em 2014) é também o décimo terceiro em número de medalhas de ouro nos jogos olímpicos de 2016. A expectativa era que figurasse entre os dez melhores, mas não chegamos lá.

      A surpresa foi a Grã Bretanha que ficou em segundo lugar superando a China, a Rússia (que teve a delegação reduzida por casos de doping) e Alemanha, equipes tradicionais. A Grã Bretanha aplicou a fórmula das ditaduras em suas equipes, o governo patrocinou o desenvolvimento. Foi criada uma loteria cuja arrecadação passou a financiar o esporte e o dinheiro foi investido prioritariamente nas modalidades em que um atleta de ponta pudesse disputar várias provas, o que ocorre com o ciclismo, natação e ginástica, por exemplo. O resultado veio nos já jogos de Londres e nesse ano o superou.

      Nosso governo também patrocinou alguns atletas além de ter montado a maior equipe nacional de todos os tempos, mas o resultado ficou abaixo do esperado. A estratégia foi a mesma utilizada na economia, elegeu-se alguns setores com potencial de vencedor para receber os subsídios mas isso não se sustenta a longo prazo. É necessário ter um programa contínuo, onde, da quantidade se extrai a qualidade. Vejamos o exemplo do futebol. A equipe masculina de futebol não necessita de apoio do governo. Tem uma confederação (ainda que enlameada por escândalos) é rica o suficiente para montar sempre um bom time. Apesar da boa estrutura, o que faz a diferença é que a base está nos clubes. Há muitos clubes formadores de atletas e nessa modalidade a colheita é farta.

      Outro bom exemplo é o vôlei, ainda que com um número muito menor de praticantes, e mesmo com poucos clubes de expressão, possui uma liga bem montada e jogadores de sucesso, o que o torna muito mais vencedor do que o próprio futebol.

      Porém o maior exemplo vem dos Estados Unidos, o país mais competitivo em qualquer setor que se imagine. A grandeza e a diversidade esportiva vem das escolas de base e das universidades. Daí saem os atletas para as grandes ligas e os resultados brotam.

      Apesar de termos conseguido apenas o décimo terceiro lugar, não critico os atletas, pois no esporte a regra é perder. Todos competem e apenas um ganha. Ficar na vigésima quinta posição em alguma modalidade não é uma derrota, mas significa ser o vigésimo quinto melhor entre uma população de sete bilhões, e isso não é pouca coisa.

      Risquei do meu dicionário a palavra ódio. Posso ficar com raiva, brigar, arrumar confusão, mas isso passa. Não odeio nada nem ninguém. Não desejo o mal a ninguém. Tentei fazer o mesmo com a palavra inveja mas não consegui totalmente. Não invejo posses, não invejo posições sociais, mas invejo os atletas. Junto com as duas maiores frustrações que tenho: não saber tocar nenhum instrumento e nunca ter “enterrado” uma bola de basquete, eu queria ter sido atleta mas não tive talento para tanto. Nos meus arroubos de condicionamento e treinos para uma finalidade específica pude me aproximar de atletas e compreender o que eles passam e o que eles sofrem. É claro que estamos falando de pessoas e não dá para responder pelo caráter de todos, mas do ponto de vista esportivo, ele têm o meu respeito e admiração.