Ulisses Guimarães disse que o congresso que entra é sempre
pior do que o que sai, e ele sabia o que estava dizendo, pois até hoje não pude
contestar essa afirmação. Como resultado de uma legislação política inadequada
uma celebridade pode se eleger e levar junto vários com poucos votos. Foi assim
com o ex-deputado Enéas (meu nome é Enéas!) Carneiro, e na última eleição com o
palhaço Tiririca. Em recente entrevista à Revista Veja o ex-jogador e atual
deputado federal Romário comprou uma briga com seus pares afirmando que eles trabalham
pouco. E nós podemos dizer, sem medo de errar, que eles trabalham mal.
Além daqueles de pouca ou nenhuma expressão há os que são
mais conhecidos pela sua ficha policial do que pelos projetos encaminhados. Há
também os notórios que prestaram um grande desserviço à nação, como os
senadores e ex-presidentes José Sarney, que fez um governo extremamente ruim, e
o Fernando Collor, que renunciou para não ser cassado. Ambos implantaram
políticas econômicas desastrosas, o primeiro, o demagogo e ineficiente Plano
Cruzado, e o Segundo, o confisco chamado Plano Collor. Apesar de tudo houve
dois pontos positivos no governo Collor, a abertura das importações, que
colocou novamente o país no rumo da modernidade tecnológica, e o encerramento
do programa nuclear para fins bélicos, fechando os poços para testes subterrâneos
de até 320m na Serra do Cachimbo, mas foi só.
Como não podemos contar com os malandros vamos depositando
as esperanças naqueles que parecem virtuosos, mas aos poucos a esperança vai
morrendo.
Eu admirava, tanto que fui seu eleitor, o senador Eduardo
Suplicy. As suas convicções e posições me convenciam, mas a sua atuação com o
alinhamento incondicional ao partido me desiludiu. O senador pelo Rio Grande do
Sul Pedro Simon, que parece ser um dos mais sábios e experientes políticos e
sempre combativo, recentemente se viu entre duas posições possíveis, ou
mantinha a reputação ou a aposentadoria de ex-governador que acumula com a
função de senador. Ainda que pequena, apareceu uma mancha. E por fim, o senador por Goiás Demóstenes
Torres, que foi pilhado em conversas com um empresário de má reputação.
Não vem ao caso se o senador será condenado ou não após as
investigações encaminhas pela polícia federal, uma autoridade que se mostrava
defensora da ética e um dos principais expoentes da já fragilizada e inepta oposição
não deve manter relacionamento estreito com pessoas ligadas a práticas
condenáveis.
Está ficando difícil manter a esperança.