sábado, 15 de dezembro de 2018

Imbecis, Idiotas

      Em um espaço relativamente curto de tempo a tecnologia sepulta algumas coisas, mas nem tudo. O cinema ainda existe, o rádio ainda existe, a televisão ainda existe, os jornais impressos ainda existem, assim como também as revistas. Em tese, tudo isso seria suplantado pela internet. Pode até ser que isso ainda ocorra, mas não será tão breve. Até mesmo a internet poderá ser suplantada por outra tecnologia que ainda não nos é acessível. No entanto, ela sempre provocou mudança nos costumes.

      Até bem pouco tempo atrás a imprensa tradicional e seus veículos ditavam a ordem. Era uma comunicação unidirecional. Se não saiu no Jornal Nacional não é notícia! Em qualquer programa de televisão uma celebridade, mesmo que efêmera, vaticinava conceitos e juízos que eram seguidos, ditava-se a moda! Agora não é mais exatamente assim. Essa imprensa ainda pode muito, mas não pode tudo, há uma voz de retorno. Sempre há alguém para contestar e, em muitas delas, há a reverberação massiva, rápida e dura. Que pode até estar errada, mas faz um estrago...

      Como disse Humberto Eco “As redes sociais deram voz aos imbecis”. É verdade, mas também deram voz aos intelectuais que não tinham acesso às mídias tradicionais. Além do que, podemos conceituar imbecil como sendo aquele que discorda da gente. E mais, o imbecil em um assunto por ser o cara legal em outro. Ele pode ser meu adversário político, logo, imbecil, mas pode torcer para o mesmo time que eu, portanto, legal, correto!

      Humberto Eco também disse “A internet ainda é um mundo selvagem e perigoso. Tudo surge lá sem hierarquia”. Aqui tocou em um ponto importante, a hierarquia. Quem determinava essa hierarquia? A academia que se reune para a escolha do prêmio Nobel? O presidente Americano? Russo? Chinês? A imprensa tradicional? Sim, todos esses, porém sem exclusividade, agora deve-se ouvir também o anônimo, ou nem tão anônimo assim, mas cuja opinião que possui enorme penetração na sociedade conectada, barulhenta, também formadora de opinião.

      A imprensa tradicional, além de sofrer com a concorrência dos conteúdos mais ágeis e numerosos das redes sociais, padece por ter que partilhar o mesmo “teatro de operações”. Migrou parte do seu efetivo para a rede e perdeu uma grande porção da autoridade que lhe restava, pois abriu mão da qualidade em troca dos "likes e views”. Hoje temos excesso de textos com erros crassos de português, de dados não verificados, de citações de fontes não confiáveis, e o pior, de desinformação. Ou seja, desceu a um terreno que não domina, onde não tem experiência, logo, perdeu a primazia da narrativa, e bem ao estilo da frase atribuída a Mark Twain “Nunca discutas com um idiota. Ele arrasta-te até ao nível dele, e depois vence-te em experiência”.

      Nem todo elemento da mídia tradicional é ruim, assim como apenas uma ínfima parte do que se encontra na internet tem boa qualidade, além do que, há bons jornalistas nos dois lados. A nós, simples consumidores de informação, nos compete apenas avaliar cuidadosamente a fonte e depois o seu conteúdo, já que imbecis e idiotas, todos somos. 

      Citações do Humberto Eco extraídos do link: https://www.huffpostbrasil.com/2016/02/20/as-redes-sociais-deram-voz-aos-imbecis-veja-as-17-frases-mais_a_21683863/

As mídias sociais deram o direito à fala a legiões de imbecis que, anteriormente, falavam só no bar, depois de uma taça de vinho, sem causar dano à coletividade. Diziam imediatamente a eles para calar a boca, enquanto agora eles têm o mesmo direito à fala que um ganhador do Prêmio Nobel. O drama da internet é que ela promoveu o idiota da aldeia a portador da verdade”.

“A internet não seleciona a informação. Há de tudo por lá. A Wikipédia presta um desserviço ao internauta. Outro dia publicaram fofocas a meu respeito, e tive de intervir e corrigir os erros e absurdos. A internet ainda é um mundo selvagem e perigoso. Tudo surge lá sem hierarquia. A imensa quantidade de coisas que circula é pior que a falta de informação. O excesso de informação provoca a amnésia. Informação demais faz mal. Quando não lembramos o que aprendemos, ficamos parecidos com animais. Conhecer é cortar, é selecionar”.

quarta-feira, 21 de novembro de 2018

Escravos Cubanos

      Não é pelo modismo, mas pelo posicionamento. Em meu post nesse blog, no dia 30/04/2016, eu escrevi:

      "Como tudo o que é ruim pode piorar, o Lula elegeu e reelegeu sua sucessora, a Dilma. Ela se superou. Conseguiu ser pior do que o Sarney. Que governo, ou melhor, desgoverno, mais vagabundo. Inepto, arrogante, corrupto que mesmo nas boas ideias consegue ser ruim. Veja o caso do programa mais médicos. Trazer de fora médicos que atuem em regiões pobres onde os brasileiros não querem ir, foi de fato uma boa ideia, mas escravizar os vindos de Cuba pagando uma miséria aos profissionais e levando uma fortuna para um regime totalitário, arcaico e sanguinário?… "

      A boa ideia do programa Mais Médicos é levar médicos à população que tem acesso. Essa população precisa, essa população mais que merece, ela tem direito. O que fez o programa funcionar foi o fato de que o governo federal passou a pagar o salário dos médicos e as prefeituras, já altamente endividadas, se livraram dessa despesa e passaram a arcar apenas com as refeições e moradias. Isso fez muito sentido em muitas comunidades onde não havia nenhuma assistência, mas em outras, o que ocorreu foi a demissão de médicos brasileiros e adoção do programa como forma de economia para a prefeitura local. Aqui já se revelava uma falha.

      Um segundo ponto a ser discutido é a questão do exame de validação dos diplomas estrangeiros. Há profissões que não necessitam de tamanha exigência, pois a qualificação é mínima, agora, imagine-se dentro de um avião em pleno ar e se descobre que o piloto não está treinado…Imagine-se em um edifício construído sem que tivessem sido observadas as normas técnicas…Imagine-se em uma mesa de cirurgia e o médico, …bem, sabe-se lá se a criatura que está com o bisturi na mão é mesmo um médico… Acho que você não se submeteria a tais circunstâncias, mas você pode aceitar que para a população pobre, sem acesso, qualquer um que se diga médico possa atender, diagnosticar, prescrever, operar? É, no mínimo, estranho.

      No caso específico dos médicos cubanos é sabido que o processo não foi transparente e que o objetivo foi mesmo financiar a ditadura cubana mais do que ajudar aos brasileiros, pois o acordo foi feito através da OPAS (Organização Panamericana de Saúde) e não entre dois países, pois se assim fosse, o processo deveria ter sido aprovado pelo legislativo, onde, dificilmente teria sucesso. Dessa forma, os médicos recebem pouco mais de 30% do valor pago e o governo cubano fica com a maior parte. E ainda menos republicanas são as cláusulas que impedem o médico de trazer a família e, pasmem, de pedir asilo aos Brasil. A família fica em Cuba como refém.

      É sabido que a “exportação” de médico é uma das principais receitas da mais longeva ditadura caribenha. Em Cuba há quatro classes sociais, a dos dirigentes, a dos militares, a dos trabalhadores em hotéis e turismo, e a população que é praticamente favelada. Assim, os médicos que ficam em Cuba trabalham cerca de 60 horas semanais e recebem menos de R$ 100,00 por mês, portanto, os que para cá vieram, recebendo moradia, alimentação e pouco mais de R$ 3500,00, podem enviar dinheiro para a família e ainda se sentem privilegiados. Para que esse “produto de exportação” continue a render, Cuba implantou cursos mais curtos de medicina, de maneira a aumentar a quantidade de mão de obra disponibilizada para, principalmente América Latina e África. Para os dirigentes e turistas há médicos e hospitais razoáveis, mas para a população local, a estrutura é insuficiente e precária.

      É sabido que algumas centenas dos tais médicos que estão aqui, na verdade, são espiões que controlam a vida dos realmente médicos e impedem que eles desertem e peçam asilo político. Os tais agentes recebem quase o dobro do que os médicos, mas essa função não aparece no contrato.

      É mais do que sintomática a quebra unilateral do contrato de forma antecipada sendo que nenhuma tratativa houve com o governo brasileiro que se iniciará em 2019. Se fosse uma situação normal, depois que o governo tomasse posse, haveria negociações sobre os termos, e se não houvesse concordância, o contrato seria rompido, e como qualquer contrato, com um período negociado. O objetivo é tirar todo mundo antes do final do ano, para que os não médicos não possam ser desmascarados através do exame “Revalida” e que os realmente capacitados não possam pedir asilo.

      É claro que parte da população ficará sem atendimento e isso tem que ser conhecido e divulgado, porém, a “propaganda” dominante não esclarece as circunstâncias e procura jogar a responsabilidade em um governo que ainda nem começou. Faz o mesmo tipo de gritaria que houve no final da escravidão: com a libertação dos escravos, quem cuidará das nossas lavouras?

      Seguem alguns links sobre o assunto, inclusive de um médico falando na câmara dos deputados e da Zoe Martinez, cubana naturalizada brasileira:
 
 https://brasil.elpais.com/brasil/2017/01/12/internacional/1484236280_559243.html?fbclid=IwAR3tjN6L1eybOUfQfpDF9pqmCN4x7gnBLBhST3Iznnhq8kOfw6s50m1kDYw

https://velhocomandante.blogspot.com/2014/09/jornalista-publica-texto-apos-visitar.html?fbclid=IwAR2Lds303uSjD5dnFE2566g5aureEwdCcOyBn9Yaytt0AIaiu1jqPkUyQVs

https://www.youtube.com/watch?v=V94Myx81Fdc

https://www.youtube.com/watch?v=bzpAD0ij_UE

https://www.youtube.com/watch?v=lXsbOkF3EnA


quarta-feira, 31 de outubro de 2018

Eleições 2018

      Pergunte para qualquer americano quem são os irmãos Wright e todos responderão: os inventores do avião. Pergunte também sobre Samuel Pierpont Langley, e poucos saberão responder.

No início do século XX havia muitos competidores em uma “corrida” para criar o avião. Samuel tinha o que deveria ser a receita para o sucesso. Recebeu 50 mil dólares do Departamento de Guerra, logo, dinheiro não era problema. Ele era professor em Harvard e havia trabalhado no Smithsonian Institute, portanto, bem relacionado. Conhecia os melhores cientistas da época e contratou vários deles. As condições do mercado eram fantásticas, o The New York Times o seguia a todos os lugares, e todo mundo estava torcendo por ele. 

      A poucos quilômetros de distância, em Ohio, Orville e Wilbur Wright não tinham a “receita”. Não tinham dinheiro, e usaram o que ganhavam em sua loja de bicicletas. Ninguém da equipe havia se formado na faculdade, incluindo os dois, e o The New York Times nunca os seguiu. Eles tinham apenas uma causa, acreditavam que eles poderiam criar a máquina voadora.

      Enquanto a equipe de Samuel trabalhava pelo salário, a equipe dos irmãos Wright suava sangue. Os Wright falharam diversas vezes e ninguém ficou sabendo, e também quando fizeram a máquina voar, ninguém viu. O mundo ficou sabendo alguns dias depois.

      Quando Samuel soube disso, ele poderia ter se aproximado dos “vencedores” e proposto o aprimoramento da invenção maravilhosa, mas não, ele desistiu.

      Samuel trabalhava em busca de resultado, fama e dinheiro, enquanto Orville e Wilbur foram impulsionados por uma causa, um propósito, uma crença. 

      Esse é o mesmíssimo motivo da eleição do Bolsonaro.

domingo, 23 de setembro de 2018

Personalismo

      Será que existe um interesse legítimo para se tornar presidente da república? Qual é o real motivo que leva algumas pessoas a postularem tal cargo, que, com certeza, lhes trará muitos dissabores e aborrecimentos? Seria altruísmo? Seria vontade de ajudar ao próximo? Seria mostrar que conhece o caminho? Que sabe o que é melhor para sociedade? Refastelar-se com o poder ou desviar para si, ou apaniguados, ilicitamente, o dinheiro do contribuinte não cabem em minha cabeça.

      A marca dessa eleição é o personalismo. Quem assiste a uma entrevista do Gal Mourão ou do economista Paulo Guedes logo percebe que eles têm mais conteúdo do que o deputado Jair Bolsonaro, mas eles não têm votos. Governar é uma coisa, eleger-se, é outra, só que a eleição vem antes do governo, assim, a identidade do Capitão se materializa em votos, 20% garantidos, que não mudam de lado de jeito nenhum, e mais uns 10% que representam o medo da continuidade do período da ladroagem clara e farta. Vale a personalidade.

      Multiplicando-se por menos um (-1) assistimos, no lado oposto, a um presidiário, condenado a 12 anos e um mês de prisão em regime fechado por corrupção passiva e lavagem de dinheiro, além de estar indiciado em vários outros processos que, pelo visto, pode lhe render outras condenações. Apesar do envolvimento de seus parceiros em diversos esquemas de desvio de dinheiro possui o efeito “Tefal” no qual nada gruda, e, por si só, tem cerca de 30% dos votos, mas como, por motivos óbvios, não pode se candidatar, transferiu para quem aceitou ser sua sombra outros 20% das intenções de voto. Aqui temos novamente a questão de personalidade. A personalidade forte do Lula que faz e desfaz de todos que o cercam, concordem ou não, e a do Haddad, pois o próprio fato de renunciar à sua personalidade para se encarnar em Lula, mostra sua própria, fraca! E aqui vale um parênteses.

      A primeira vez em que vi a expressão foi logo após o ataque terrorista ao jornal satírico francês Charlie Hebdo em janeiro de 2015, imediatamente começou a circular: Somos Todos Charlie Hebdo. Não concordei, sou um bos… mas sou eu. Posso ter horror à violência, me condescender com a dor das pessoas, das famílias, dos fãs, mas continuo sendo eu. Isso aconteceu outras vezes, recentemente foi com a vereadora carioca Mariele Franco. Quiseram emplacar o Somos Todos Mariele Franco. Não sou não. Meus sentimentos à família, meu repúdio ao brutal assassinato que ainda necessita de respostas, mas eu continuo aqui, na minha vidinha miserável. Se não assumo ser outra pessoa mesmo em momentos de comoção será que eu assumiria a personalidade de um presidiário? Qual é o valor da personalidade de quem renuncia à própria?

      Disputam ainda o primeiro turno um bloco intermediário Ciro Gomes (o mais profissional, mas destemperado como o Bolsonaro ), Geraldo Alckmin ( esse sem tempo e que está enterrando o PSDB) e a Marina Silva (que aparece a cada 4 anos), e na lanterna, está a turma dos 3% ou menos: Amoedo, Meirelles, Boulos, Daciolo, Dias e outros.

      Ao que tudo indica, se houver segundo turno nas próximas eleições presidenciais estarão os dois, Bolsonaro e Haddad (ou três, pois Haddad é Lula e Lula é Haddad), e por serem pólos opostos, não há uma terceira opção viável, e o mais lógico seria que esse balaio de gatos se juntasse para constituir uma nova via, mas não, o  personalismo não deixa. Todos se entendem ser melhores que os outros para que se abra mão. O Ciro, que faz o tipo coronel, que manda prender e manda soltar, vai naufragar pela terceira vez. Ele poderia ter sido viável se tivesse costurado uma aliança com o PT, mas foi incompetente para isso, ganharia de lavada. O Alckmin irá se desidratar pela segunda vez, e por causa da sua experiência, ou falta dela, como governador de São Paulo, matou a candidatura do João Dória, que, esse sim, poderia ser competitivo na eleição nacional. A Marina, bem, a Marina é a Marina, que até se arriscou a tomar algum partido agora que o fim está próximo, admitiu que houve roubo ao erário praticado pela cúpula do PT, e fez isso sozinha, nem precisou de um plebiscito nem de um amplo debate com a sociedade, não é de se admirar? Dos demais, o único que poderia ter alguma chance é o Amoedo, mas sozinho, sem tempo de TV, sem capilaridade, pode receber o troféu revelação e o de consolação.

      Por um movimento natural as candidaturas mais à direita são Bolsonaro, Amoedo e Álvaro Dias, mais à esquerda estão Haddad e Boulos e no centro, porém à esquerda desse, estão Ciro, Alckmin e Meirelles e os outros, bem, esses não têm peso. Mantendo-se as candidaturas viáveis de Bolsonaro e Haddad, e se todos os outros desistissem em favor do Amoedo, os próximos 15 dias seriam interessantes, aliás, muito interessantes.

      E se tratando de interessante, a dinâmica das eleições mudou de rumo e esse caminho é sem volta. Até 2014 havia somente a esquerda e o centro-esquerda, sendo que só a primeira era composta por militantes ativos, agora surgiu a direita. Alguns tratam até de extrema-direita, mas isso é besteira, mesmo os mais conservadores são light quando comparados às extremas européias e americana, mas se trata de um grupo ativo, que está se organizando e, ao contrario da maioria de esquerda, são estudiosos, têm conteúdo e fazem barulho.

      Além disso, há as redes sociais. O embate já seria interessante pois somente a coligação do Alckmin possui quase a metade do tempo total de TV (5’32”), o segundo lugar é do PT (2’23”), o Meirelles tem 1’55”, o Álvaro dias tem 40’, o Ciro tem 38” e os demais têm pouquíssimo tempo. As inserções avulsas, as chamadas pílulas, que são exibidas como comerciais de 30” durante a programação é dividida na mesma proporção. Enquanto o Alckmin tem 434 inserções o Ciro tem 38 e o Bolspnaro, por sua vez tem 8” diários e 11 inserções, e mesmo com a tamanha desproporção, e sendo vítima do ataque dos demais, lidera, e com folga em todas as pesquisas de intenção de votos, e mais, depois que foi esfaqueado nem campanha está fazendo e seus eleitores continuam se multiplicando.

      Os marqueteiros do PT foram tenazes, ganharam 4 eleições seguidas, mas dividiram o país. Ficou o clima do nós contra eles, dos pobres contra os ricos, dos pretos contra os brancos, dos gordos contra os magros, dos heteros contra os LGBT (mais um abecdário) e isso não fez bem ao país. Por isso, não se iludam, o próximo governo não terá vida fácil. Nenhum, qualquer que seja, será excelente. Se fizer um arroz com feijão, mesmo com um temperozinho mais ou menos, poderá ser considerado vitorioso, mas isso é assunto para depois, pois ainda tem as eleições.

      Mais do que programa de governo, mais do que proposta de solução, o que está fazendo a diferença nessa eleição é a militância, as redes sociais e, acima delas, a personalidade do candidato. E quanto a nós, aqui sim: Somos Todos Eleitores.

quinta-feira, 19 de julho de 2018

Quem Você Admira?

      As imagens são importantes em nossa vida e, em muitas das vezes, retratam aquilo que somos, o que vivemos, e em que acreditamos. Não é comum ver alguém com uma camiseta com a foto do Hitler, pois essa é associada ao Nazismo que, sem dúvida, foi um regime maléfico e que, no século XX, matou cerca de 40 milhões de pessoas. Com razão, quem ousa usar tais imagens ou outras relativas a isso logo é associado à violência e ao racismo. Podem ser presos e são massacrados pela imprensa. O mesmo não se vê quando se associa à imagem de Che Guevara, Fidel Castro Mao Tse Tung e Nelson Mandela, pois esses estão ligados ao Socialismo ou Comunismo, e se acredita que essas ideologias estejam ligadas à justiça social. O que não se diz é que a palavra Nazismo é junção de "Nacional Socialismo”, logo, a busca pelo socialismo na Alemanha. Também não se usa dizer, mas que todos sabem, que os sistemas Comunistas e Socialistas, no mesmo século XX, aniquilou mais de 70 milhões de pessoas, e em todo lugar em que foi aplicado tornou a população mais igualitária, porém nivelada por baixo. O povo se igualou na miséria e os dirigentes na riqueza, brotando corrupção de dar inveja a petistas.

      O dia 18 de julho é celebrado pela ONU (Organização das Nações Unidas) como O Dia Internacional do Nelson Mandela, como forma de valorizar a luta pela liberdade, pela justiça e pela democracia, referências a esse que nasceu nessa data em 1918, ou seja há 100 anos. Nelson Mandela esteve preso na África do Sul por 27 anos durante o período do Apartheid. Após sua libertação Mandela foi o primeiro presidente Negro da África do Sul, ganhou mais de 250 condecorações, inclusive o Prêmio Nobel da Paz em 1993. Até aí é bonito, mas e o quê não se fala?

      Durante o apartheid a África do Sul era o local de refúgio das populações de outras nações africanas, pois era mais seguro viver lá. A partir do governo do Mandela, os índices de violência dispararam para cima e os indicadores sociais, para baixo. Particularmente houve o incremento da AIDS e que tem uma causa peculiar. Segundo pesquisa da Medical Research Foundation de 2010  37% dos homens haviam estuprado pelo menos uma mulher e 7% dos homens participaram de gangs de estupradores. Uma a cada três mulheres será estuprada anos dos 18 anos, e uma, a cada duas, será estuprada pelo menos uma vez. O índice de estupros de bebês é grande pois eles acreditam que manter relações sexuais com virgens os curam da AIDS. O Ministro da Defesa disse que não pode combater a criminalidade pois desde que o partido do Mandela assumiu o poder em 1994 a moeda se desvalorizou em 70%. 

      O Advogado Mandela foi o mentor e líder do "Umkhonto We Sizwe” o braço armado co Congresso Nacional Africano (CNA), de ideologia comunista. Mandela, como chefe, ordenou enorme quantidade de atentados à bonda, foram mais de 150 atos de violência pública. A partir de 1962 passaram a atacar igrejas e centros comerciais, principalmente em épocas de natal, atingindo civis, entre eles, crianças. Quando de sua prisão, Mandela foi encontrado com mais de 50.000 minas terrestres fornecidas pela União Soviética, entre outros armamentos.

      Mandela nunca renunciou à violência e nem mesmo a condenou. Além disso, sua segunda mulher, a Winnie Mandela participava de execuções em que os prisioneiros eram amarrados com arame e em seus ombros era colocado um pneu encharcado com gasolina e no qual se ateava fogo. São os chamados colares. Winnie foi condenada pela morte de um garoto de 14 anos.

      Ao assumir o governo Mandela nacionalizou bancos, empresas e mineradoras. Além disso gastou algo entre 25 e 38 bilhões de dólares comprando armamento, munição, helicópteros, submarinos e aviões de caça. Foi amigo de ditadores como Muammar Kadafi, da Líbia, do Suharto, da Indonésia e fã do Fidel Castro, de Cuba e escreveu um tratado ensinando a ser um bom comunista. Dessa maneira nunca levaria, como não levou, prosperidade ao próprio país.

      Aproveitando a coincidência da data, ontem o governador do Rio de Janeiro decretou o Dia da Marielle Franco, vereadora carioca covardemente assassinada, justificando a data como sendo o dia de luta contra o genocídio da mulher negra. Será que o Mandela está à altura de representar a luta do bem contra o mal?

      As imagens são importantes em nossa vida, mas devemos ter cuidado com quem veneramos. Nem sempre a imagem risonha e simpática é verdadeiramente um exemplo a ser seguido. 





sexta-feira, 1 de junho de 2018

Não Apoiei A Greve Dos Caminhoneiros - 3 Motivos


      Não apoiei a greve iniciada pelos caminhoneiros por três simples motivos, a saber:

      1 – Os caminhoneiros não têm tanta força quanto supõem ter e se divulga. Não vi na imprensa nenhum comentário nesse sentido, pois ficou clara a força de paralisação. Com uma campanha iniciada não sei por quem, mas inflamadas por mensagens e lideranças difusas, o país ficou estático e atônito. Faltou combustível, alimentos, remédios, insumos hospitalares, matéria prima, alimento para aves e animais, bloquearam os portos, aeroportos e paralisaram transporte público entre outras consequências? Sim, estrondosamente, sim! Mas isso é como vela acesa e protegida, se autoextingue. O governo não poderia se omitir, mas se não fizesse nada, absolutamente nada, como costuma fazer nas greves de professores, o fluxo de transportes seria retomado automaticamente.  Ocorre que todo desabastecimento que nos atinge também atinge as famílias dos caminhoneiros. Eles também têm pais que precisam de hospital, têm filhas que precisarão da maternidade, têm parentes, filhos até, que perderão emprego e seus próprios boletos não ficarão parado nas estradas, virão via internet e eles terão que honrá-los. A própria população que, em sua maioria, faz uma leitura diferente da situação, e em primeiro momento apóia a paralisação pois está contra tudo o que aí está: preços altos, desmandos, corrupção, etc, a partir de um certo momento será brutalmente penalizada e cada um vai defender o atendimento à sua própria necessidade, além disso, grande parte dos caminhoneiros, seja por entender que o foco não está correto ou por pura necessidade, partirá para o confronto a fim de se deslocar para sua casa. Por si só, esse movimento não duraria trinta dias.

      2 – O foco está errado. A redução do preço do diesel não ocorre por decreto. O preço é consequência, não causa. Comprar a briga dessa maneira é como tratar de gripe com antitérmico e analgésico, quando sabemos que esses são os sintomas, e o necessário é atacar a causa com alimentação adequada, hidratação, repouso e, dependendo do caso, se já atingiu ouvido e garganta, anti-inflamatório e antibiótico. O preço só estará adequado se baixarem os juros e houver concorrência. Para baixar os juros precisamos de um estado menor, que custe menos, que se renegocie a dívida pública, enfim, o que não se faz do dia para a noite. Para haver concorrência são necessárias medidas adequadas, o próprio CADE mostrou uma lista que faz sentido, seria útil, mas por motivos eleitorais, não se falou na privatização da Petrobras. Ninguém é doido de dizer isso publicamente em um período de campanha eleitoral,  mas deveriam. Privatizar a Petrobras significa transferir propriedades, dívidas, equipamentos e até conhecimento, mas não os campos de petróleo. Esses devem ser cedidos através de contratos adequados, não vendidos. E pensando a longo prazo, o petróleo perderá a importância. Já há outras diversas maneiras de se produzir energia renovável e a cada dia essas estão se tornando mais viáveis, o que limitará a importância do petróleo a outros produtos refinados, mas de menor produção.

      O valor baixo do frete também tem explicação. Em 2009 o governo Lula criou o PSI (Programa de Sustentação de Investimentos) oferecendo crédito subsidiado através do BNDS para a compra de caminhões e que poderiam ser pagos em até 8 anos. Entre 2008 e 2014 a venda de caminhões cresceu 4,9% ao ano e o PIB expandia a uma taxa de 2,4% ao ano, ou seja houve um excedente de 288.000 novos caminhões, o que fez com que o frete caísse, 2,9% ao ano. O frete é baixo porque tem muito caminhão. Para se tornar um caminhoneiro não é necessário ter o refinamento de um médico, a precisão de um físico, o rigor de um filósofo, precisa sim de alguma habilidade motora, o que a maioria da população tem, de um nível de instrução básico e muita coragem e determinação. O que muitos têm, enfim, apesar de ser uma vida difícil. Se tornar um caminhoneiro é fácil, é uma opção, e tem muito! Ainda que muitos sejam honrados, distintos e necessários, outros nem tanto, a verdade é que a concorrência é predatória.

      Para não me estender muito nem comentarei o erro estratégico sobre o modal de transportes.

      3 – A paralisação deve ocorrer por livre e manifesta vontade, não por imposição. Não concordo com o tempo que os médicos me tomam na fila do consultório, como posso concordar com que alguém me impeça de realizar qualquer atividade, por mais prosaica que seja, ainda mais quando o direito de ir e vir é cláusula constitucional? Se houver um caminhoneiro queira passar e ir para casa, ou que queira trabalhar, que seja livre para ir. Ele tem esse direito e tem que ser respeitado. Ele não pode ser obrigado a permanecer onde não deseja. Não se pode bloquear estradas e, por benevolência, deixar uma pista para veículos de passageiros; somente às autoridades competem, em alguma circunstância, tomar esse tipo de decisão, não aos donos da greve. Onde já se viu tamanha desfaçatez de civis parando caminhão para verificar a nota fiscal, examinar a carga e decidir se permite ou não a passagem? Isso é crime! Isso não é manifestação. Com criminoso não se deve ter complacência. É cadeia.

      Essa paralisação expôs muita fragilidade. A da nossa infraestrutura, a do nosso governo, a pouca compreensão, pela população, da macro-situação. Além disso, causou grandes transtornos, provocou perdas imensas, irá retirar verbas dos serviços essenciais como saúde e educação, provocará um aumento no custo da gasolina, criou uma crise na Petrobrás, que estava se recuperando, e não se garante que atingirá o resultado. Os tais R$ 0,46 de desconto na bomba não é possível garantir. Será efêmera. Como o governo fiscalizará mais de 38.000 postos existente? Com a promessa de multas, suspensão, cassação e fiscalização? Isso não funciona nem aqui e nem na China.

sexta-feira, 18 de maio de 2018

Eleições 2018 - Presidente


      Não tenho autoridade intelectual nem acadêmica para fazer esse tipo de comentário. Tenho, menos ainda, os poderes premonitórios da Mãe Dináh, porém, por curiosidade apenas, afirmo que, se não surgir um grande escândalo que o envolva, o Ciro Gomes será o próximo presidente a ser eleito nesse ano. Tal afirmação tem base apenas em algumas entrevistas dadas por vários candidatos a diversos meios: televisão, revistas, jornais, internet e também a alguns comentários que li nesses próprios meios. Também irei exagerar nos generalismos, claro que quando me referir ao brasileiro, ao povo brasileiro, ou ainda, ao nosso povo, não estarei, evidentemente, falando de todo mundo, mas será apenas a visão que tenho do cidadão mediano.

      No cenário que se desenha, somente o Bolsonaro se posiciona à direita e não acredito ser absurdo afirmar que hoje já é possível dizer quantos votos ele terá, pois seus eleitores já têm opinião formada. Esses são militantes e apoiadores que vão a manifestações de graça. No entanto, a pouca articulação do candidato, aliada ao discurso simples da honestidade, do patriotismo, do pouco tempo de TV disponível e com pouca adesão partidária, não o deixará crescer. Mesmo afirmando que poderá privatizar tudo o que não for estratégico não terá o apoio de quem coloca dinheiro em campanhas, pois, como estratégico, ele cita a Petrobras, o grafeno, o nióbio, enfim, o que ele achar que é, é, e tais cadeias produtivas não serão privatizadas, o que o deixa longe do chamado “mercado”. O discurso da honestidade não convence ao ponto de trazer votos, pois o brasileiro pode afirmar que está cansado da corrupção, da roubalheira, da ladroagem, mas se refere à praticada pelos outros, pois ele mesmo continua avançando o sinal, ultrapassando pelo acostamento, vendendo lugar na fila, pagando uma cervejinha para o guarda não rebocar o carro dele, concorda com a “malandragem” no futebol, e ainda quer levar vantagem em tudo. Certo? ... O que pode mudar esse cenário é se ele apostar firmemente na tecla da segurança, aplicar as técnicas populistas como o Maluf fez com a promessa de “colocar a Rota nas ruas”. É falar da pena de morte, que vai mudar o quadro de “polícia prende e justiça solta”, que bandido bom é bandido morto, enfim, a elite intelectualizada irá torcer o nariz, mas isso é efetivo, isso trás votos, e a gente sabe, ganhar a eleição é uma coisa, governar é outra, até porque até hoje ninguém conseguiu fazer tudo o que prometeu durante as eleições.

      Não que seja o meu candidato, pois ainda não refleti o suficiente sobre isso, mas o centro apresenta o candidato com melhor condição de dirigir o país, ou seja, o Geraldo Alckimin, pois é político, tem experiência administrativa, tem um partido organizado e com capilaridade, porém, mesmo tendo apoio da ala conservadora da igreja ele é mal visto pela direita, e é execrado pela esquerda, apesar de sabermos que todos os representantes do centro têm, em si, um viés de esquerda. Além disso, se a articulação partidária feita por ele, por um lado, é boa, ele é muito ruim de palanque, ele não empolga e não sabe mentir. Tenho como certo que ele terá mais votos do que as pesquisas agora demonstram, pois será catapultado pelo  considerável  tempo nos programas de televisão, mas faltará vibração. Se houvesse nos agentes econômicos a esperança de que a candidatura do Alckimin sairia vitoriosa, depois da divulgação dos nomes dos formuladores de seu plano econômico: Edmar Bacha e Pérsio Arida, dois dos criadores do Plano Real,  e do José Roberto Mendonça de Barros, ex-secretário de Política Econômica, o dólar não estaria subindo e a bolsa de valores despencando.
O Henrique Meirelles poderá ser apoiado pelo PMDB, mas apesar dele ter feito pelo governo Temer o que já deveria ter sido aplicado na economia desde o segundo governo Lula, período em que foi presidente do Banco Central, e de ter recursos próprios para financiar a campanha, ele também não tem voto, e a própria imagem dele não tem apelo. Ele terá 73 anos na época quente da campanha, fez carreira no PSDB, esteve no governo Lula e ninguém se lembrará disso, mas se lembrará da austeridade aplicada quando foi ministro da Economia do governo Temer, logo, será chamado de golpista, e pelo seu passado no mercado financeiro e, principalmente, pelo período em que trabalhou para a J&F será chamado de corrupto. Não terá votos. Não creio que ele tenha uma mínima chance de chegar ao segundo turno.

      Os outros como João Amoedo e Flávio Rocha não são conhecidos e poderiam até surpreender se candidatando a deputado, mas não para presidente. E tem o Ciro, mas vou deixá-lo para o final.
A única esperança para algum candidato de centro é todos se unirem em torno de um só candidato, e, sistematicamente, abrirem fogo contra os candidatos alinhados à esquerda, dividindo-os, fazendo assim que tenham os votos pulverizados, não sendo, individualmente, suficiente para chegar ao segundo turno, e é possível uma articulação entre PSDB, DEM, PPS, MDB e PTB. Em um segundo turno, um candidato como o Alckmin ganha do Bolsonaro, mas mesmo assim, perde do Ciro.
Sobre a esquerda. Em primeiro lugar é importante dizer que o discurso de esquerda é sedutor. Todo mundo, um dia, quando jovem, namorou a esquerda. A juventude olha o resultado ideal, a igualdade, a liberdade, a revolução dos costumes, só não vislumbra que as pessoas são diferentes, que têm espectativas diferentes, se aplicam de forma diferente e que alguém precisa pagar a conta. Mas que é mais fácil defender um ideário de esquerda do que um de direita, ah, isso é! Além disso, no momento certo, a esquerda é sempre mais unida do que a direita.

      Na esquerda a  incógnita ainda é o PT. O Lula não será candidato e o partido não tem ninguém de peso para substituí-lo. Todos os antigos nomes fortes do partido ou estão na cadeia ou estão a caminho. Sobram o Fernando Haddad que não se reelegeria a prefeito de São Paulo e o Jaques Wagner que também não se reelegeria para governador da Bahia, e dessa vez não adianta apelar para um poste ou para um cone. Porém há no PT uma certa capacidade de transferências de votos, o que poucos partidos têm,  e o candidato a quem ele vier apoiar pode ter algum sucesso, pois há militância, há capilaridade, há um partido forte e organizado, que facilmente já sai com 20% das intenções de voto, seja qual for o candidato.

      A Marina Silva tem um cesto de votos também contados. Ela faz o estereótipo de coitada, pobre, trabalhadora, doméstica, que se educou com dificuldade e venceu. Chegou a senadora e rompeu com  o partido quando descobriu as falcatruas que são contra seus princípios, e brasileiro gosta de um sofredor. Apoia esses até mesmo nas votações do BBB. Assim a candidata tem um público cativo que, em muitos casos, frequenta a universidade, mas que não vê a diferença entre o discurso genérico e a capacidade administrativa. Mesmo assim, ela dividirá os votos da esquerda no primeiro turno.
Os mais radicais, Guilherme Boulos e Manuela D`ávila irão competir entre si, têm um eleitorado ativo e militante, porém pequeno, e sem tempo de televisão não irão se desenvolver, a não ser que venham a ser apoiados pelo PT.

      E quanto ao Ciro? Acredito que ele tem a seu favor o maior repertório de possibilidade eleitoral. Explico: a imagem que mais associo ao Ciro Gomes é a da água. Água limpa todo mundo quer, desde que seja em quantidade suficiente. Se estiver suja, pode ser filtrada, se estiver salgada pode ser dessalinizada. Se estiver solta, é maleável, se estiver contida, se comporta, e se estiver contida e for congelada, toma forma, mas se aquecer, escorre. Se ferver, evapora, mas se a condição estiver favorável com temperatura e pressão corretas, chove, destilada e límpida. O Ciro Gomes é o candidato mais forte porque junta duas características: incorpora a teoria da evolução e se adapta sempre, por isso sobrevive e forte! e a segunda, como disse Renato Russo na canção Eu Sei, “é mais forte quem sabe mentir”, e o Ciro sabe!

      Mostrando ser maleável e adaptável, Ciro se filiou ao PDS – antiga ARENA, ao PMDB, ao PSDB, ao PPS – antigo Partido Comunista, ao PSB, ao PROS e ao PDT, e serviu aos governos Itamar,  Lula e Dilma. Tudo de ocasião, não por ideologia. Ele sabe bem aproveitar o bônus e quando aparece o ônus, sai atirando, mas se precisar, se junta novamente. Ele é paulista de Pindamonhangaba mas posa de nordestino, onde estudou direito e iniciou a carreira política. Sempre um pé em cada canoa.

      O vídeo do link https://www.youtube.com/watch?v=VLIeFkUU-lE tem a duração de 2’:30”, mas basta assistir os dois primeiros minutos para ver 3 mentiras contadas pelo Ciro. 1 – ele nega ter dito que sequestrariam o Lula e o entregariam a uma embaixada. 2 – que ele receberia a “turma do Moro” à bala. 3 – que ele não deu um tapa no blogueiro Arthur (mamãefalei). Nos dois primeiros casos as falas estão gravadas, no terceiro, ele diz em entrevista ao Datena - https://www.youtube.com/watch?v=bchY4ZE2mNI  que foi um “truque de edição”. Que isso não aconteceu! Afirma que ele tem a mania passar a mão na cabeça das pessoas, mas como foram cortados 2 frames na edição ficou parecendo um tapa. Opa! Aqui não, se eu não tenho autoridade intelectual ou acadêmica para os comentários, de televisão eu entendo, de edição eu entendo, e afirmo, ele bateu. Não foi uma “porrada”, mas foi um tapinha intimidador. E o próprio Datena não quis “trucar”, pois o Datena também entende. Trabalhamos juntos em televisão na década de 1980. Então, mentir, o Ciro sabe.  Como o vídeo é longo, pode assistir a partir do sétimo minuto. Na mesma entrevista ele diz estar afastado da política há 12 anos, o que nos remeteria a 2006, ano em que ele foi eleito deputado com mandato até 2010. Se isso não é uma mentira é um erro crasso de quem foi ministro da economia e deve, pelo menos, saber fazer conta de adição e subtração.

      Assim como o Bolsonaro, o Ciro tem temperamento explosivo e é também conhecido na internet como “Tiro Gomes”, no link https://veja.abril.com.br/blog/augusto-nunes/o-menino-maluquinho-do-ceara-virou-um-cinquentao-muito-doido-2/   há diversas declarações destemperadas. Porém ele é mais articulado que o primeiro. Posa de intelectual, pois é advogado, professor de direito, escreveu alguns livros, que não li e por isso não posso avaliar, porém apesar de ser Visiting Scholar na Law School de Harvard, pagou mico tentando justificar, em inglês, que, se eleito, não concederia indulto ao Lula – o vídeo é longo e chato, mas se alguém tiver curiosidade https://www.youtube.com/watch?v=-b5jMvIyGkc&t=631s.

      O Ciro é experiente tanto como parlamentar quanto como executivo e com o discurso mais à esquerda (sedutor), e com o apoio do PT, que acredito que virá, embora o Lula tenha mandado parar com essa aproximação http://www3.redetv.uol.com.br/blog/reinaldo/gleisi-vai-a-lula-e-volta-com-duas-orientacoes-por-fim-a-conversa-doida-do-indulto-e-proibir-governadores-do-pt-de-manter-namorico-com-ciro/  e arrumando um vice, que por enquanto deve ser indicado pelo PSB, acredito que ele é quem mais chance tem nas próximas eleições, ainda que seus adversários possam apresentar os argumentos como o do vídeo a seguir:  https://www.youtube.com/watch?v=OeLukPiNwPI .

      Independente de quem venha a ser eleito, a governabilidade estará seriamente comprometida. Pois a turbulência política e institucional está tão grande que a população espera por um salvador da pátria. Que o Batman apareça para dar jeito e isso não ocorrerá, e com o já disse diversas vezes, damos muita importância ao executivo, mas nosso principal problema está no legislativo. Nosso conjunto de leis é frágil e muito sujeito a interpretações, o que propiciou a anarquia e desconfiança hoje estabelecida.

terça-feira, 8 de maio de 2018

SET - SOCIEDADE BRASILEIRA DE ENGENHARIA DE TELEVISÃO


      Pela décima quarta vez participei da exposição de equipamentos e soluções para televisão, rádio e produção em geral que ocorre anualmente em Las Vegas. Há similares na Ásia e Europa, mas em número de expositores e visitantes, a NAB Show é a maior. Há anos que a Sociedade Brasileira de Engenharia de Televisão, a SET, promove dentro da NAB Show um café da manhã e diversos painéis e palestras voltadas para o público brasileiro que vai a Las Vegas. Esse se tornou um ponto tradicional que une representantes de emissoras, produtoras, distribuidores e fabricantes. Muitos contatos e agendamentos são feitos nesse evento chamado de SET e Trinta, nome que remete ao horário de início dos trabalhos, muito embora, houve um período em que começava às 6:30h e judiava! Nesse ano refleti mais uma vez sobre o trabalho da SET.

NAB SHOW 2018 - PAVILHÃO SUL

      A SET foi criada em 1988 por engenheiros e técnicos das principais emissoras de televisão do país, alguns fabricantes e outros apoiadores. Sua visibilidade começou a aumentar a partir do segundo seminário técnico, realizado no Rio de Janeiro, em junho de 1989, e a responsabilidade foi se tornando maior com a publicação de uma revista, de um jornal, com uma exposição de equipamentos aqui no Brasil que começou no Anhembi, teve passagens pelo Rio Centro, se fixou no Centro de Exposições Imigrantes e agora tem ocorrido com o nome de SET Expo, no Center Norte, em Sâo Paulo. Como ocorre na NAB, onde em paralelo à exposição há uma série de palestras que são bastante concorridas, também durante a SET Expo e suas versões anteriores, há os congressos técnicos. Além disso, a SET promove anualmente congressos técnicos nas 5 regiões do país, levando ao seu público, principalmente aos que não têm acesso à SET Expo ou à NAB Show, aquilo que de mais moderno há no mundo de televisão e mídia digital.

PARTICIPEI DO SEGUNDO SEMINÁRIO TÉCNICO - FOTO EXTRAÍDA DA REVISTA DA SET

      A SET foi de fundamental importância, eu diria até que foi determinante na definição do padrão digital de televisão adotado no Brasil, e cujo processo de implantação tem sido modelo para os países pobres. A SET, com competência e diplomacia, estudou, pesquisou, comparou, discutiu e colocou na mesma mesa todos os representantes significativos de tecnologia, universidades, fabricantes e governos, sim no plural, pois entraram na disputa os americanos, europeus, japoneses e o brasileiro, a quem cabia a oficialização. Havia pressão de todos os lados, pois se tratava de milhões de dólares em negócios, mas a meu ver, o modelo escolhido, o japonês, era mesmo o melhor tecnicamente falando. A transmissão digital em alta definição e o desligamento do sinal analógico já é realidade nas áreas de maior interesse comercial do Brasil, e a previsão para a conclusão do processo nos remete a 2023 e olhe lá! Mas a SET já trabalha com vistas à TV de super alta definição, aliás, como já acontece no mundo industrializado.

      Me associei à SET ainda em 1989 mas nunca fui atuante por, primordialmente, ter morado no interior, trabalhado em emissoras pequenas e não ter atuação acadêmica. Mas ainda hoje, vários membros das diretorias originais e, lógico, outros abnegados se revezam no trabalho de manter a SET ativa e sendo representativa nos organismos mundias que atuam junto às áreas técnicas da radiodifusão, sendo reconhecida internacionalmente pela sua capacidade e competência.

      Não importa que você gaste mil, cem mil ou um milhão em uma festa, sempre haverá quem reclame. Da mesma maneira,  vejo colegas reclamando de algumas das ações da SET, falta isso, falta aquilo, poderia ser assim, poderia ser assado... mas trabalhar mesmo são poucos que se oferecem. E a SET necessita disso, de novos colaboradores, de jovens, principalmente, que se alinhem àqueles que sempre lutaram para mantê-la e aumentem a atuação e projeção, pois isso é importante para a categoria, para o negócio e para o país.

      Para mim, desde a sua criação, todas as diretorias foram constituídas por heróis que não recebem nada e fazem muito. À todos só posso deixar os meus parabéns e, principalmente, o meu muito obrigado.

sábado, 21 de abril de 2018

Professor Ganha Mal. De Quem É A Culpa?


      É recorrente nas midias sociais a associação de uma imagem do ex-governador de São Paulo, Geraldo Alkmin, a uma frase a ele atribuída na qual ele teria afirmado que o professor trabalha por vocação, não pelo dinheiro, se o professor quisesse ganhar dinheiro pediria demissão e iria para a iniciativa privada. É claro que acompanham xingamentos e afirmações óbvias quanto à necessária valorização da carreira de professor. Não pretendo aqui discutir política e nem filosofar sobre o sistema capitalista. Não importa nem mesmo a minha opinião sobre os dois, mas sim a realidade como essa se impõe.
      
      Que professor da rede pública estadual e municipal é mal remunerado não há dúvida, mas as críticas ao governo só demonstram o conhecimento rasteiro que se tem sobre economia. O salário é estabelecido pela raridade, não pela importância. Simples assim: professor ganha mal porque há muito. O exemplo primário é fazer a comparação com jogador de futebol. É fácil responder à pergunta: quem é mais importante, o professor que ensina a seu filho ou determinado craque do time A ou B? Esse é o problema, estamos comparando um professor de escola pública a um craque da iniciativa privada.

      Mesmo no meio do futebol a vida não é tão glamurosa. Uma pesquisa realizada em 2016 com 14.000 jogadores de 54 países mostra que 60% deles ganha menos que USD2,000.00 por mês, e no Brasil, 83% ganha menos de USD 1,000.00 por mês. (http://globoesporte.globo.com/futebol/futebol-internacional/noticia/2016/11/pesquisa-com-14-mil-jogadores-mostra-realidade-de-salarios-e-contratos.html) e que 0,9% ou seja, cerca de 6.700 jogadores no mundo ganha mais de USD 100,000.00 por mês. Só a rede pública estadual de São Paulo possui  mais de 482.000 docentes (https://pt.wikipedia.org/wiki/Educa%C3%A7%C3%A3o_em_S%C3%A3o_Paulo), isso é, são 7,2 vezes mais professores na rede estadual de São Paulo que o total de jogadores profissionais no mundo que é algo em torno de 67.000.

      Portanto não esperem que qualquer governo vá dar aos professores o valor salarial compatível com a sua importância. Só mesmo os professores podem fazer isso e não será fazendo greve, nem jogando cadeiras na entrada do palácio do governo ou invadindo o ministério. É preciso atacar a causa, não a consequência. É necessário ter compromisso com a solução, não com o problema.

      Se paga-se mal porque há muito, deve-se reduzir o número de professores. Poderia começar exigindo que escolas ruins de formação sejam fechadas e que os cursos de escolas consideradas boas ofereçam maior dificuldade para o ingresso e para a conclusão do curso. A realidade aponta que é muito fácil se formar professor hoje em dia. No Blog do Enem (https://blogdoenem.com.br/notas-de-corte-sisu-pedagogia/)  pode-se encontrar os seguintes dados sobre a nota de corte:

       
CURSO NC MIN. NC MÁX.
MEDICINA 880 900
ENGENHARIA ELÉTRICA 780 910
PEDAGOGIA 450 740

      Também são recorrentes na internet as imagens sobre as ideologias políticas pregadas nas consideradas escolas de bom nível em detrimento às técnicas de ensino. Aos professores cabem ensinar e apenas complementar a educação, pois essa deve ser obrigação dos pais e das famílias. Essa estória de formar cidadão integral e consciente é a melhor desculpa para quem não quer trabalhar. Ensinar dá trabalho, já fazer proselitismo político, é fácil.

      Além disso, a atuação dos representantes da classe, os tais sindicatos, deveria ser no sentido de estabelecer parâmetros de diferenciação para saber quem são os craques e quem são os comuns. Aos craques, salário de craque, aos comuns, rendimentos comuns. Em meus mais de 20 anos de estudos vi de tudo. Professor bom e produtivo e professor péssimo, enrolador, nem produzia e nem atendia direito aos estudantes. Certa vez ouvi de um professor na pós graduação, que respondendo a um comentário que a universidade fica triste com os alunos em férias, que há muitos professores que assim a preferem, ou seja, sem os alunos.

      Hoje, para atender aos quase 9 milhões de estudantes da rede pública estadual de São Paulo há 482 mil docentes, se esse número for reduzido em 30%, com certeza haverá um contingente desse tamanho de reserva, portanto é preciso reduzir drasticamente o número de professores formandos a fim de que haja escassez, e que a lei da oferta e da procura funcione a favor do professor, pois hoje está plenamente pendendo para o baixo salário.

quinta-feira, 22 de fevereiro de 2018

Marketing, Velocidade, Megas, Gigas, Pobrema, Imbigo, Facista

 Não sei se Marketing é arte ou ciência, mas seus profissionais buscam interpretar as necessidades de um público, qualifica-las, quantifica-las e oferecer produtos, campanhas, promoções entre outras atividades de modo a maximizar as vendas e os resultado. Assim vale tanto para empresas quanto para organizações sociais, cujo resultado nem sempre é pecuniário e a venda pode ser de conceitos. Também não sei até que ponto pode-se creditar ao Marketing determinadas ações e definições. Por exemplo, simplificar algumas ideais de modo que fiquem compreensíveis ao seu público, mesmo que não estejam corretas. Vejamos:
      Velocidade é um conceito físico que é a relação entre distância percorrida e tempo dispendido, por exemplo, metros por segundo ou quilômetros por hora. No entanto, qual é a velocidade que a sua operadora de telefonia móvel oferece no seu plano de acesso? Nesse caso o termo velocidade, tecnicamente, não está bem empregado, mas todo mundo entende pois está relacionado a quanto tempo se dispende para receber arquivos. Simples assim, quanto menor o tempo dispendido, maior é a velocidade. A velocidade de uma rede está ligada ao tempo que um impulso elétrico (ou luminoso) leva para percorrê-la, e aqui há uma série de considerações a serem feitas, mas o tempo para receber determinado arquivo está muito mais relacionado à taxa de transferência, não somente à velocidade da rede. Ainda nesse tema utiliza-se a não existente forma plural de alguns termos, por exemplo: minha conexão tem velocidade de 40 Megas e a franquia é de 500 Gigas. Está errado. A minha conexão tem uma taxa de transferência de 40 Mega bits por segundo e uma franquia de 500 Giga Bytes. O plural fica nos bits e Bytes, não no Mega e Giga. Pode ser aceitável do ponto de vista comercial, mas não está ajudando a ciência nem a língua culta, enfim, não está ajudando a ensinar o correto.
      Também nessa linha houve uma campanha publicitária, necessária, utilizada durante o carnaval desse ano chamando os homens para respeitarem as mulheres e que utilizava a seguinte frase: Respeita as Mina. É clara, é direta, e podem até mesmo dizer que comunicação é o que se compreende, não o que se emite, mas é mesmo necessário agredir a língua portuguesa? Primeiro porque isso não é um pedido, não é um incentivo, não é um favor, é uma ordem. Existe uma lei que obriga a se respeitar, portanto, é um imperativo. Como se trata de respeitar a todas as mulheres o artigo foi corretamente colocado no plural, porém a quem se desejava respeitar e que de forma carinhosa foi chamada de Mina, ficou no singular. Não vejo o porquê de não ter sido utilizado Respeite As Minas. Talvez o fizeram buscando uma identidade com as comunidades mais carentes, mais jovens, menos instruídas, mas será que também utilizariam por esses mesmos pretextos os termos pobrema ou imbigo?
      Nesses tempos em que se enfrenta de tudo, da física à língua portuguesa, e, principalmente, os adversários políticos, outra palavra, com igual poder de marketing, chama minha atenção: facista. Duvido que a maioria que a emprega sabe o que ela significa, mas um xingamento com palavras compostas ou polissilábicas dificilmente atingiria o objetivo. Dizer neoliberal, comunista ou mesmo imperialista dá trabalho, mas uma trissilábica paroxítona, é música na voz de quem quer agredir. Ainda mais quando se pode reforçar a sílaba intermediária: faciiiiiissssta!
      O Facismo é um regime que nasceu na Itália como um movimento e chegou ao poder em 1922 como partido político liderado por Benito Mussolini, sendo esse nomeado Primeiro Ministro. São características do Fascismo: líder forte, viés autoritário, antiliberal, prega a autossuficiência e o protecionismo, atua com a mobilização de massas apoiado por sindicatos e movimentos sociais, é contrário ao capitalismo e ao socialismo Marxista, seus membros são provenientes da classe operária e de pequenos burgueses urbanos e rurais, e no poder, se alia ao grande capital impedindo que as organizações operárias estimulem a luta de classes. Qual é a agremiação política brasileira que mais se enquadra nas características acima? Bingo! É aquela que xinga todos os outros de faciiissssta. Isso é puro marketing, inverteu a lógica.
      No final de janeiro um amigo replicou no Facebook uma postagem cujo texto continha a frase ” ... a maioria são de esquerda...” Nos comentários eu coloquei: “a maioria é de esquerda” e uma terceira pessoa me censurou: “Ideologicamente está correto”. Nem me dei ao trabalho de responder. Entendi que não era uma simples questão de ignorância, o caso era mais sério!

sábado, 17 de fevereiro de 2018

Pro Nordeste O País Vira as Costas... Será?

      Um amigo me ensinou que só há dois tipos de música: a boa e a ruim. A boa é a que eu gosto. A Nega gosta daquelas que tem um som agradável à ela e cuja letra traga algum sentido positivo. Eu não. Não sou sofisticado. Gosto do conjunto, mesmo que o sentido não seja construtivo ou nem mesmo faça sentido algum. Se eu gostar de cantar eu gosto dela e pronto. Às vezes nem entendo direito a letra, mas mesmo assim eu gosto. Em muitas das vezes concordo com maioria das pessoas e gosto de um sucesso, e em muitas outras, detesto aquele sucesso. Assim tenho várias centenas de músicas no telefone que ouço enquanto dirijo, corro, caminho, pedalo, estou sozinho, enfim…ouço sempre.

      Hoje pela manhã estava sozinho e fui caminhar, percorri quase 13 km (se alguém quiser conferir veja o link do Strava: https://www.strava.com/athletes/20418723) e, portanto, ouvi várias delas, e entre as quais estava uma gravação da Banda Mel de 1998, Protesto do Olodum, também conhecida por E Lá Vou Eu. Pode ser ouvida no link:    https://www.youtube.com/watch?time_continue=8&v=U4vcfptLLWU, e a letra segue abaixo. Bem, os artistas têm, assim dizendo, uma liberdade poética, e eu poderia contestar diversas afirmações, mas me fixei em uma apenas: Pro o Nordeste o País Vira as Costas... Será?

      Fugi das aulas de Metodologia de Pesquisa Científica e as estatísticas brasileiras não são tão apuradas, organizadas e as séries nem sempre são tão históricas, mas fiz uma rápida busca na internet para entender o por quê. Ainda que a gravação seja de 1998, esse bordão ainda é muito ouvido por aqui como um mantra. Vejamos:

      Esse é um ano de eleição importante, vamos eleger presidente, deputados, senadores e governadores e se dá muita importância à presidência, que pode muito, mas não pode tudo. Ninguém faz nada sem o congresso, e por isso eu acho que esse deveria ter muito mais atenção. O Nordeste tem 27,5% da população do país (dado do IBGE) e possui 29,43% dos deputados e 33,33% dos senadores. O Sudeste, por exemplo, que tem 41,86% da população tem 34,89% dos deputados e 14,81% dos senadores, ou seja, o Nordeste com população 35% menor manda mais que o Sudeste, pois tem praticamente o mesmo número de deputados: 151 x 179 e mais que o dobro de senadores, são 27x12.

      O governo federal repassa aos estados cerca de 29% do imposto que arrecada (dados de 2015) e o Nordeste contribui com 7,96%, recebe 37,53% e tem um superávit efetivo de 35,6%, ou seja, recebe 35,6% a mais do que recolhe. O Sudeste, por sua vez, recolhe 68,1% de todo o imposto e recebe 29,68% isso é, recebe efetivamente, 12,54% do que paga. Ou seja, o Nordeste é superavitário.

      Das quase 50 milhões de pessoas contempladas com o programa Bolsa Família, 49,30% estão no Nordeste, enquanto 24,54% estão no Sudeste (dados no site do programa). Apesar do valor médio do programa ser de cerca de R$180,00, ou seja, baixo, há maior transferência para o Nordeste. 

      Há 36 universidades federais no Brasil, 27,78% estão no Nordeste e no Sudeste, 36,11%, pois somente em Minas Gerais há 7 delas, mas em São Paulo, apenas duas. Porém há que se considerar que no Sudeste há 30 milhões de pessoas a mais do que no Nordeste, nesse há 57 milhões contra 87 milhões no Sudeste.

      Se estendermos as comparações com as demais regiões, o Nordeste continua levando vantagem, portanto, não entendi quem exatamente vira as costas para quem. Posso estar errado, como estou em muitas das vezes, mas me parece muito mais um caso de ser “Bom em Marketing e Ruim em Administração”.


E Lá Vou Eu.
Banda Mel - Ao vivo. 1998

Força e pudor,
Liberdade ao povo do Pelô.
Mãe que é mãe no parto sente dor,
E lá vou eu…

Declara a nação
Pelourinho contra a prostituição
Faz protesto, manifestação,
E lá vou eu…

AIDS se expandiu
E o terror já domina o Brasil
Faz denúncia Olodum, Pelourinho
E lá vou eu…

Brasil liderança
Força e elite na poluição
Em destaque o terror Cubatão
E lá vou eu…

Ioioioioio
Lálalálálá
E lá vou eu

Lá e cá Nordescópia
Na Bahia existe Etiópia
Pro nordeste o País vira as costas
E lá vou eu…

Moçambique, hei
Por minuto um homem vai morrer
Sem ter pão nem água prá beber
E lá vou eu…

Mas somos capazes
O nosso Deus a verdade nos traz
Monumento da força e da paz
E lá vou eu…

Ioioioioio
Lálalálálá
E lá vou eu

Desmond Tutu
Contra o apartheid na África do Sul
Vem saudando ao Nelson Mandela
O Olodum

Ioioioioio
Lálalálálá
E lá vou eu

segunda-feira, 1 de janeiro de 2018

O Meu 2017

      No último mês de dezembro escrevi dois textos, mas, de muito ruins, não serão publicados, e esse será um mero inventário.

      Profissionalmente o ano de 2016 terminou muito mal para mim, fiquei afastado das operações de TV quando completava 40 anos de trabalho em televisão, e agora, em dezembro, posso dizer que terminou pior ainda, pois estarei desempregado a partir de março. Como vários amigos, fui abatido pela crise econômica. De muito positivo foram as inúmeras manifestações de incentivo e carinho que recebi dos amigos, isso é de inestimável valor.

      Com as equipes com as quais trabalhei em 2017 conseguimos alguns resultados expressivos, entre eles o maior índice de recepção digital de TV do país até agora, 93,3%. Em um projeto que assumi em andamento mas no qual pude contribuir e visei somente o resultado para a empresa, recebi, do Instituto Euvaldo Lodi - IEL, ligado à Federação das Indústrias da Bahia - FIEB, o prêmio de primeiro lugar como Tutor.


PRIMEIRO LUGAR COMO TUTOR - PROGRAMA INOVA TALENTOS - IEL


      Fisicamente saí da apatia, mas as seguidas lesões: joelho, cintura, esporão e panturrilhas, as duas, duas vezes cada, não me deixaram em um estado físico desejado.
Não cumpri os 300 treinos - foram apenas 216
A meta de 150h bati com facilidade, foram 208h.
Havia previsto emagrecer 2,5kg, foram cerca de 4kg.


EXERCÍCIOS E CONTROLE DE PESO EM 2017


      As leituras continuam me dando prazer e entre novidades e releituras havia algumas coisas interessantes, outras, nem tanto. Na foto falta um livro que reli nesse ano mas o emprestei. O do Pasternak comecei, parei, comecei novamente mas ainda não concluí.


LIVROS, AINDA UMA PAIXÃO...

      Assisti a um bom show de música baiana na concha acústica do TCA que se encontrava com a capacidade esgotada, 5.000 pessoas que não arredaram o pé, nem mesmo com a insistente chuva. Também assisti ao Cirque Du Soleil - One, baseado nas músicas do Michael jackson, no Mandalay Bay, o mesmo hotel casino onde no final do ano um atirador se alojou e fez dezenas de vítimas, também, da mesma companhia, assisti pela terceira vez o espetáculo O, no Bellagio. Em Salvador, na arena Fonte Nova assisti ao Dire Straits.

      Por uns dias, durante a viagem a Las Vegas em abril, tive a companhia de um casal de sobrinhos que está residindo nos Estados Unidos. Agradável e engrandecedor.

      Por não estar mais na operação de televisão, consegui me desligar das obrigações e viajei, em férias, para a Península de Maraú, bonito e interessante, mas o mar está invadindo as praias, tomando o que a ele pertence. Também não gostei do lixão a céu aberto na entrada da península. Mostra um descaso com a natureza, com o local e para com as pessoas.


FÉRIAS EM MARAÚ - OUTUBRO 2017

      Até poderia ser uma ano a ser celebrado, mas … sem o seu trabalho um homem não tem honra…não dá prá ser feliz, não dá prá ser feliz …