Em alguns momentos o carnaval fez parte da minha vida. Na infância, adolescência e mesmo adulto, frequentei alguns clubes em épocas de carnaval e agora me vejo em Salvador, reconhecidamente um dos centros brasileiros do carnaval, porém agora não mais como participante, mas como trabalhador. Não estive nos circuitos e nem nos camarotes no período das festas, mas estive antes, na preparação, o resto assisti pela TV ou senti no trânsito.
Tais estruturas começam a ser montadas em janeiro e terminam de ser desmontadas 15 dias após a quarta-feira de cinzas. São centenas de operários, máquinas, caminhões e guindastes trabalhando, fechando ruas, impedindo acessos e bloqueando calçadas. Nos dias da folia apenas moradores conseguem acesso, desde que apresentem comprovante de residência, mesmo assim se não houver bloco passando, pois nesse horário nem ambulância passa. Mãos de direção são mudadas e as ruas são invadidas por milhares de ambulantes, que montam seus minúsculos quiosques e por lá permanecem por uma semana, se alimentando e dormindo nas próprias ruas, calçadas, marquises e onde mais for possível. Não dá para falar disso sem esquecer dos mais de 2.300 sanitários químicos instalados. De repente pode ter uns 10 colocados em frente ao seu prédio, e como eles são poucos frente a quantidade de cerveja que é vendida, e todos conhecem as propriedades diuréticas do álcool, imaginem o que ocorre e o cheiro que fica.
Os músicos e as bandas tocam de tudo. Todas as misturas são permitidas, de sertanejo, passando por funk a axe misturados no mesmo trio elétrico, e sem esquecer a MPB e clássicos do roque nacional e internacional. As apresentações também são ecléticas, desde algumas até talentosas a aquelas que fazem um esforço danado para aparecer, vestidos ou nem tanto. Algumas apresentações não não muito honestas, pois o público quer música para festejar, cantar e dançar e o músico balbucia 2 ou 3 palavras e fica “na mãozinha para cima” ou “tira o pé do chão”, pouco para quem pagou caro pelo Abadá.
Não tenho conhecimento de outra cidade brasileira que conviva tão bem com o carnaval e não o digo pela participação popular, mas pela mudança na vida das pessoas, principalmente na dos moradores. Há 3 circuitos oficiais, o do Pelourinho, onde tem festa o ano todo e não recebe muita intervenção física, mas o fluxo de pessoas se expande enormemente nessa época. O do Campo Grande que é uma praça em frente a qual se localiza o famoso Teatro Castro Alves (TCA) e cujas laterais são tomadas pelas estruturas metálicas. Em uma das laterais fica uma arquibancada com 30.000 lugares e na outra alguns camarotes, pequenos para os padrões locais, e a estrutura para a cobertura das rádios e TVs. Os trios e os blocos passam por essas duas ruas e seguem em direção à Praça Castro Alves, e, por fim, o circuito Barra - Ondina de aproximadamente 3km que os trios levam cerca de 4 horas para percorrer. Nesse circuito ficam localizados os principais camarotes, alguns muito grandes, cuja lotação é de aproximadamente 2.000 pagantes e 300 funcionários.
Tais estruturas começam a ser montadas em janeiro e terminam de ser desmontadas 15 dias após a quarta-feira de cinzas. São centenas de operários, máquinas, caminhões e guindastes trabalhando, fechando ruas, impedindo acessos e bloqueando calçadas. Nos dias da folia apenas moradores conseguem acesso, desde que apresentem comprovante de residência, mesmo assim se não houver bloco passando, pois nesse horário nem ambulância passa. Mãos de direção são mudadas e as ruas são invadidas por milhares de ambulantes, que montam seus minúsculos quiosques e por lá permanecem por uma semana, se alimentando e dormindo nas próprias ruas, calçadas, marquises e onde mais for possível. Não dá para falar disso sem esquecer dos mais de 2.300 sanitários químicos instalados. De repente pode ter uns 10 colocados em frente ao seu prédio, e como eles são poucos frente a quantidade de cerveja que é vendida, e todos conhecem as propriedades diuréticas do álcool, imaginem o que ocorre e o cheiro que fica.
Os músicos e as bandas tocam de tudo. Todas as misturas são permitidas, de sertanejo, passando por funk a axe misturados no mesmo trio elétrico, e sem esquecer a MPB e clássicos do roque nacional e internacional. As apresentações também são ecléticas, desde algumas até talentosas a aquelas que fazem um esforço danado para aparecer, vestidos ou nem tanto. Algumas apresentações não não muito honestas, pois o público quer música para festejar, cantar e dançar e o músico balbucia 2 ou 3 palavras e fica “na mãozinha para cima” ou “tira o pé do chão”, pouco para quem pagou caro pelo Abadá.
Nesse ano o Axé Music completou 30 anos e o carnaval começou um movimento de volta ao popular, aumentando o número dos trios sem cordas e as festas que ocorreram também em 6 bairros com mais de 200 shows. Há também os blocos com pequenas bandas que desfilam sem trios fora dos circuitos oficiais. Já se estuda, para o próximo ano, aumentar o carnaval em um dia e extender as festividades para 10 bairros. Segundo divulgado pelos veículos de comunicação, mais de 700.000 turistas vieram a Salvador nesse carnaval, e em algumas reportagens no aeroporto vários prometendo voltar no próximo ano e alguns chorando porque o desse ano acabou.
Não sei dizer se a cidade ganha ou perde com o carnaval, mas muitos ganham mais nessa época, como os motoristas de taxi, ambulantes, hotéis e restaurantes. Muitos ganham dias livres, de sexta-feira de uma semana à quarta-feira da semana seguinte, outros como eu, recebem trabalho extra, e para a cidade fica a gripe do ano que recebe o nome da música escolhida como a mais popular do carnaval, nesse caso, o bi-campeão Márcio Víctor, que durante o carnaval foi operado do apêndice e 14 horas depois estava sobre o trio elétrico. Ele emplacou a música (e a gripe) do ano passado como Lepo-Lepo e a desse como Xenhenhém. É provável que em pouco tempo ninguém vá se lembrar dessas músicas, mas por hora, cumpriram o seu papel. 2016 promete!