É um comportamento comum subestimarmos a dor dos outros e supervalorizarmos a nossa. Mas às vezes a realidade bate à porta e percebemos, como diz um amigo e uma das mais inteligentes pessoas que conheço, para o pior não há limite.
Nesse fim de semana recebemos em casa a visita de uma cunhada e um sobrinho, esse fazia muito tempo que eu não o via, e a imagem que eu tinha dele era de um menino bonito, alto, forte e esperto. Hoje com cerca de 30 anos de idade e usuário de drogas está acabado. Incapaz de manter um diálogo coerente e com movimentos físicos involuntários, inquieto, irritado e irritante. Sempre dependente de alguma substância para manter-se controlado, no mínimo, álcool.
Fiquei pasmo e sem reação. Não sabia, e ainda não sei o que devo fazer. Tenho dúvida sobre o que é melhor, ajudá-lo ou ajudar à mãe que tem a árdua tarefa de tentar reverter essa situação, pois a mãe não abandona o filho, porém o pai já o abandonou faz muito tempo. Que situação constrangedora a da minha pobre cunhada, que se desdobrava para controlá-lo sentindo ao mesmo tempo e sem querer demonstrar, vergonha por aquela situação.
Também não tenho certeza que ele possa vir a se recuperar, mas caso venha, qual será o seu futuro? Sabemos que o cérebro não se regenera e também sabemos que o mundo é hostil e lugar para fortes e preparados, e que destino pode ter nesse mundo uma pessoa com mais de 30 anos, sem formação, com funções comprometidas e uma pesada estória para carregar? No meu entendimento a resposta é simples: nenhum!
Diante dessa situação adianta buscar culpados? Adianta buscar as causas ou deve-se cuidar das consequências? Essa me parece uma daquelas perguntas como quem nasceu primeiro, o ovo ou a galinha. Se ficar cuidando das causas talvez não dê tempo para cuidar do rapaz, se cuidar da consequência não haverá uma situação sólida para apoiá-lo durante a recuperação, ou seja, não há resposta fácil. O que se ouve é: é preciso buscar ajuda. Sim claro, mas qual? Onde? Para uma família com posses limitadas as alternativas são pequenas. Não adianta apelar para o poder público, porque apesar de previsto em lei, os recursos são escassos e não haverá mudança significativa a curto prazo. Restam as organizações como o Amor Exigente que podem orientar, mas cuidar ali, no dia-a-dia, só mesmo a família.
Esse quadro é um daqueles que só costumamos ver na TV, algo que só acontece com os outros, mas não é bem assim. Vendo de longe é fácil dar palpites, mas quando se aproxima também chega a impotência e os questionamentos, e há um lado ainda pior, esse caso não é o único, trata-se de uma doença que corrói o tecido social com enfermidades, crimes e que deve ser combatida. Sim, nós podemos, devemos e iremos apoiar essa família, mas e as demais, quem irá auxiliar?
ISLAND? Qual é a pronúncia adequada?
Há 4 meses