sexta-feira, 13 de março de 2015

Miserável Sexta-feira 13

      Salvador não é exatamente uma cidade pacífica, ao contrário dos 15 homicídios que ocorrem anualmente em São Carlos, aqui são mais de 2000, assim como também é grande o número de furtos e roubos, o que exige prudência. Com trânsito complicado existem em certos cruzamentos pessoas que vendem de tudo, comida, água, escova de dentes, suporte para GPS, protetores para painel de carros, o “must desse verão: o pau de selfie” e há também os lavadores de parabrisas. Mal o semáforo se fecha e lá vem uma turma com garrafas plásticas cheias de água misturada com sabão, e, sem pedir, jogam esse visgo no vidro do seu carro, vão passando um rodinho e pedindo dinheiro. Dentro do carro parado, abrir os vidros e segurar uma carteira ou outro objeto de valor pode ser perigoso, assim não costumo aceitar nenhum desses serviços, não que eu não pudesse ajudar, mas não quero me expor.

      Da minha casa ao trabalho são cerca de 34km que, com o trânsito livre e trafegando no limite da velocidade permitida, gasto mais ou menos 45 minutos, mas o retorno às sextas-feiras é mais complicado, pois esse também é o caminho para o litoral norte, e hoje é sexta-feira 13.

      No final da tarde das duas últimas sextas-feiras houve problemas sérios em meu trabalho, logo, deixei a empresa mais tarde do que o normal, porém hoje, como eu estava cansado, resolvi sair mais cedo e consegui: 40 minutos antes. 

      Ainda lá perto há uma passagem estreita na qual é possível passar dois carros simultaneamente, mas não pode ser de qualquer jeito. Quando eu estava passando veio um carro no sentido oposto e pelo aspecto do motorista logo imaginei: vai dar m…, e deu. Eu já estava parado, ele saiu acelerando e raspando no meu carro. Nem pude parar para ver o que ocorreu, pois estava interrompendo o trânsito.

      Pouco depois na região do Iguatemi, ao parar no semáforo fui abordado por um dos lavadores de parabrisa, e como não me dignei a dar-lhe algumas moedas fui chamado insistentemente de miserável e de coisas piores.

      Eu já tinha percorrido cerca de 20km e estava na centro das 5 faixas da pista quando o fluxo foi reduzindo lentamente até que parei. Um motorista não parou no tempo certo e abalroou a traseira do meu carro. Desci em um local perigoso para analisar, mas como o estrago não era visível resolvi vir embora, não sem antes notar que o motorista do outro carro estava embriagado, não completamente, mas visivelmente.

      A partir desse momento eu só queria chegar em casa, o que ocorreu 1:10h após ter deixado a empresa. Em casa pude ver, apesar da pouca luz, que se houve estragos, esses são pequenos. Por não ter ocorrido nada sério nem posso dizer - miserável sexta-feira 13. Mas, pensando bem, ainda restam algumas horas...