domingo, 30 de outubro de 2016

Cinco Palavras

      Desde 1980, quando nos mudamos para Ribeirão Preto, passamos a viver longe dos nossos familiares, isso é, tudo tem que ser resolvido por nós. Há cerca de dois anos vivemos no nordeste, longe das nossas origens em São Paulo, e da nossa filha, agora com marido e neto. Vivemos em uma cidade turística com o oceano a poucos metros de casa, ou seja, às vezes recebemos amigos e familiares e isso ocorreu neste final de semana.

      Ainda que a chegada tenha sido em horários diferentes recebemos dois sobrinhos na quinta-feira e a Nega os acompanhou, já que eu estava trabalhando, e eles foram à praia. Na sexta-feira, depois da praia eles foram conhecer o centro histórico e jantamos em um shopping. No sábado também fomos à praia, almoçamos em um restaurante típico e nós três, fomos a um show de rock, para o qual eu já havia comprado ingressos.

      Meus dois sobrinhos são ligados à música, um por formação acadêmica e em conservatório erudito, e, por enquanto, também profissional, enquanto não completa outra graduação, o outro, por esforço mesmo, e eles gostam mesmo disso. O show aconteceu na recém reformulada Concha Acústica do Teatro Castro Alves (TCA), e isso tem uma vantagem, por ser aberto, tem que acabar até as 10 da noite, por isso começou cedo, às 17:30h.

      Por ser em Salvador, estranhei a pouca presença de pessoas negras, vi várias pessoas sozinhas e muitas com idade mais elevada, como a minha, mas, evidentemente, a maioria era jovem.

      O primeiro número foi de um artista local que não conheço e vou continuar sem conhecer. Depois de prepararem o palco os Titãs se apresentaram, isso é, os remanescentes, pois da formação original, que deveria ter uns 8 integrantes restam apenas 3. Como em todo show tocaram os principais sucessos e algumas músicas inéditas. Posso dizer que eu, por não ser fã, conhecia apenas metade das músicas apresentadas.

Titãs - Rock Concha - 
Concha Acústica TCA - 29/10/2016

      Para finalizar a noite se apresentaram os músicos do Sepultura. Eu nunca havia visto nada semelhante ao vivo, assim, na minha frente. Me causou estranheza o grupo aglomerado perto do palco pulando e se batendo uns aos outros, eles chamam isso de dança, e eu, de bizarrice. Na platéia muitos se contorciam dobrando a cintura e balançando a cabeça como se estivessem jogando os cabelos, o que mesmo os carecas faziam. Ainda tive que aguentar o cheiro de uma maconha desqualificada. Acho que aquilo só iria produzir dor de cabeça nos usuários. O vocalista, que não é brasileiro, provavelmente terá problemas na garganta e o baterista tem que ganhar cachê dobrado, pois trabalha muito mais do que os outros. Não consegui gravar pois a memória do meu telefone acabou durante uma das músicas dos Titãs.

      Até os 45 minutos do show eu havia entendido apenas uma palavra: Salvador, quando vieram, em sequência, outras três, o já famoso: um, dois, três… passaram-se mais uns 20 minutos e quando eu já estava de saída e ouvi outra palavra inteligível e conhecida: obrigado! Pois é, em um show de uma hora e quinze consegui identificar 5 palavras. Me dei por satisfeito. Mesmo que eu não aprecie, é estranho saber que as bandas brasileira de rock que ainda carregam o público são as mesmas de 30 anos.

      Meus sobrinhos já foram embora e estavam muito contentes, e nós ficamos felizes por eles.