sábado, 28 de dezembro de 2013

Improdutivo

      No final de 2012 me senti profissionalmente improdutivo. Não que naquele ano meu desempenho tenha sido abaixo da média, mas não foi como eu gostaria. Agora, quando 2013 está terminando, parece que tudo voltou ao normal, embora eu tenha feito o serviço de pior qualidade em toda a minha extensa carreira, e o pior, eu deveria tê-lo feito em 2012. Por conhecer a complexidade e necessitar tomar decisões rápidas preferi não delegar a sua administração à minha equipe, e assumi a responsabilidade por sua condução, ou seja, o culpado sou eu.

      Eu necessitava substituir alguns equipamentos de infraestrutura que se tornaram obsoletos, apresentavam muitas falhas, faziam parte de um projeto tecnicamente ultrapassado e eram ineficientes do ponto de vista de consumo de energia elétrica. Por questões próprias da natureza do meu trabalho apenas o iniciei em 2012, o que já me desagradou. Não consegui contratar uma empresa que somente fizesse o projeto e com esse em mãos procuraria por quem pudesse executa-lo, todas as consultadas preferiam vender o equipamento, o serviço e o projeto, isso já me cheirava a não ter projeto e executar na base do "entrega e depois a gente vê como fazer". Em 2013 já comecei atrasado pois com outras modificações realizadas o local de instalação não estava adequado. Durante a adaptação surgiram vários problemas que a cada ação gerava uma nova pendência, nada de resolver, e o tempo foi correndo.

      Em determinado momento tive que administrar o trabalho de dez diferentes atividades simultâneas, com pessoas de várias empresas e cada uma querendo resolver o seu problema e atrapalhando as outras, e acho que nenhuma queria resolver o problema do cliente. O período crítico da instalação que deveria ter sido de no máximo uma semana incluídos os dias não comerciais se estendeu por mais de quinze. É evidente que traria transtornos, mas com esse atraso passou dos limites.

      Agora, com cerca de 95% concluídos e afastado o período crítico posso voltar a me preocupar com isso apenas durante o dia como todo profissional deve fazer: sem ter que levar o problema para a cama. Porém os 5% restantes ainda consumirão todo o mês de janeiro, que graças ao feriado de ano novo só começa no dia 6, isso é, um projeto que deveria ter sido realizado em 2012 será finalizado apenas em 2014.

      Isso é o que se chama custo Brasil. Muito trabalho e pouca produtividade. Falta qualificação a quem executa, muita coisa tem que ser refeita ou adaptada e assim gasta-se tempo e dinheiro que poderiam estar sendo investidos em outros projetos. Ainda que ao final o resultado venha a ser de qualidade muito superior ao que se tinha, o processo foi ineficiente e frustrante, e o pior, atrapalhou por demais a vida de quem não tinha nada com isso.

      Do balanço que estou fazendo de 2013 posso adiantar que o ano foi muito bom, mas terá sempre essa marca: um serviço que de tão ruim não pode ser esquecido jamais.

domingo, 15 de dezembro de 2013

Animais de Estimação.

      Sabe aquela pessoa que você sabe que é chata, falsa e coisas assim? Pois é, ela já foi aquela criancinha graciosa, lindinha, cut cut, que se tivesse nascido no tempos dos orkuts e facebooks as fotos de suas gracinhas teriam recebido centenas de curtidas. Ao contrário dos animais de estimação a criança é boa, mas cresce. Os animais, ou modernosamente, os pets, são para os seus donos as crianças que não crescerão nunca.

      É fácil gostar dos animais e condenar os maus tratos. Tivemos até um presidente, o Figueiredo, que afirmou gostar mais do cheiro de cavalo do que de povo, e ele nem andava em ônibus ou trem lotado para, realmente, conhecer o cheiro de povo. Nessa semana vi um post que condenava os pássaros engaiolados e dizia, plante árvores que eles vem. Tem razão, é uma violência desnecessária, mas é uma entre tantas.

      Pense nos cavalos, burros e semelhantes. Sua natureza é selvagem, mas foram domesticados e obrigados a trabalhos forçados para produção e lazer. É inegável o salto de qualidade que a humanidade teve com esses serviços. Eles ampliaram a dimensão das civilizações desde as conquistas asiáticas, gregas, romanas, do oeste americano, e mesmo no Brasil. Pense no quadro Independência ou Morte, de Pedro Américo, que retrata a independência do Brasil, imagine-o sem os cavalos. Lembre da beleza de um concurso de equitação,  de uma prova hípica, mas isso é bom para o animal? O que falar então dos rodeios de cavalos e touros? 

      Quanto aos cães e gatos? Eles também foram domesticados e hoje muitos tem qualidade de vida que a maioria das pessoas não possuem. Mas isso é da natureza do animal? Não é uma crueldade esse excesso de cuidados humanos em um animal de característica selvagem? Muito se fala do benefício psicológico em se ter bichinhos, ou seja, eles nos são úteis, instrumentos, ferramentas, o contrariar sua natureza é um mal menor.

      E há muitos outros exemplos, dos exóticos: iguanas, serpentes e tartarugas, aos comuns: ratos ou hamsters, coelhos, bezerros e peixes. Se existe um grande problema é o comércio desses animais, é a subtração das matrizes da natureza, é o contrabando que dizima a maioria. Isso tudo sem falar daqueles que nos servem de alimento.

      Esse estado de animal domesticado é impossível de ser revertido, e voltando aos pássaros, pense naqueles que nasceram em criadouros. Esses não poderiam voltar a viver livres na natureza, pois, ou seriam presas fáceis ou não saberiam buscar alimentos. Para serem libertos necessitariam de um aprendizado que se torna mais difícil quão mais velho o animal é.. Portanto, se não há crueldade em sua manutenção, aceita-se, e quem cria cachorro não pode criticar aquele que tem pássaro.

sábado, 30 de novembro de 2013

Algumas Exceções

      Se o mundo fosse amigável não teria se iniciado com uma explosão, e diariamente somos confrontados com forças naturais que sempre deixam destruição e morte. Somos geneticamente marcados para morrer desde a concepção, e as vidas existentes em nosso planeta são simplesmente parte de uma cadeia alimentar na qual nós, os humanos, estamos no topo.

      Outro dia eu estava conversando e observei a fuga de uma mariposa de um pequeno pássaro. Voava em zig zag, para cima e para baixo, driblava e pousou em uma parede. O pássaro ao tentar pega-la bicou a parede e ela retomou a sua fuga, mas não foi longe. A uns doze metros foi finalmente capturada e quando o pássaro ia fazer sua refeição foi bicado por outro maior e a soltou. Ela foi engolida, em pleno ar, pelo novo e maior agressor. É, a vida não é fácil, não dá para ter prazer somente.

      Pode ser caso de estudo e precisão sociológica, e sem generalizar, porém observo em grande parte, as gerações anteriores a 1970, 1975 foram marcadas pela cobrança, pela obrigação. Não havia bullying, as crianças apanhavam dos professores e depois em casa por tê-los desrespeitados. As gerações posteriores foram criadas no direito, na proteção e na obrigação de ser feliz.

      Em poucos jovens vejo o compromisso com causas que não as próprias, mas falta de educação e de reconhecimento há de sobra. Vejo profissionais de desempenho medíocre reclamando da "falta de reconhecimento" e sempre culpando o outro que se empenhou mais. Vejo pessoas que reclamam de tudo. Do sol, do calor, da falta de vento, do vento em excesso, do frio e da chuva. Se nada muda, reclamam da rotina, se há mudança, não vai dar certo, é impossível! Nunca criaram nada, mas reclamam de quem faz. A vida deles de ser um inferno, nada está bom. É mais fácil escapar de um buraco negro do que ouvir dessas bocas um elogio ou agradecimento.

      Não resta dúvida que as novas gerações têm mais acesso ao conhecimento e talvez até conheçam mais, porém o importante não é tê-lo, é saber o que fazer com ele, e a primeira lição é: não é possível ter prazer durante todo o tempo; alguma adversidade sempre irá atravessar o seu caminho. Supere-a, aprenda com ela, e descubra que um pouco de humildade não faz mal a ninguém. Ainda bem que existem algumas exceções.

domingo, 10 de novembro de 2013

Inspiração

      Minha opinião não vale nada, mas a publico pela necessidade de escrever. Escrever é uma arte, é para quem sabe, e é para poucos. Quem não sabe, mas precisa escrever, tem que se esforçar muito e isso é o que tento fazer.

      Desde o meu último post comecei a escrever várias vezes e não concluí nenhum texto. Foram todos abandonados por falta de conteúdo, conhecimento e ordem na escrita, mas motivos não faltaram. Foram tantos na política, economia, religião, esporte e futilidades, mas nada disso rendeu um texto minimamente aceitável.

      Exatamente por não ter talento preciso de um tempo maior para produzir algo, e tempo nessa época do ano me é um bem muito escasso, e o que me sobra uso para treinar, pois a taxa de triglicérides não me oferece melhor opção.

      Já me disseram muitas vezes que escrever bem é uma questão de prática. Eu concordo, pois tudo na vida é assim. Sempre que nos dedicamos a uma atividade melhoramos nosso rendimento, mas isso apenas não nos torna talentosos, apenas nos deixa melhor que a média.

      A excelência é resultante da combinação de talento, que é inato, e dedicação. Em qualquer atividade para a  qual não se tenha talento e não se pratica, o resultado é medíocre. E as duas combinações: talento sem prática e prática sem talento resultam em um resultado apenas razoável, talvez com um pouco de vantagem para a primeira. Porém quando se tem talento e esse é exercitado o resultado sempre é, no mínimo, bom.

      Uma das práticas da escrita é a leitura, e até isso tenho feito pouco. Muito menos do que gostaria. Não estou fazendo mas também não esqueço. Sei que estou devendo. Espero que em breve eu possa retomar minha rotina e voltar a fazer o que gosto e o que preciso.

terça-feira, 10 de setembro de 2013

A Vila

      Sempre gostei de números mas não sei utilizá-los, porém algumas pessoas o fazem muito bem. No último final de semana assisti a um vídeo curto porém interessante criado em um projeto de 1990 e lançado em 2001 com os dados atualizados até aquela época. Os autores utilizaram a estatística para mostrar alguns aspectos do mundo se esse tivesse apenas 100 habitantes, e sugerem que os dados sejam vistos apenas como tendência e não com precisão.

      É mais agradável assisti-lo através do link abaixo do que continuar lendo, mas resumindo ele diz o seguinte:

Se o mundo fosse uma vila com 100 habitantes...
·         61 seriam asiáticos
·         12 seriam europeus
·         8 seriam norte americanos
·         5 seriam sul americanos e caribenhos
·         13 seriam africanos
·         1 seria da Oceania.
·         Haveria 50 mulheres e 50 homens
·         47 morariam em área urbana
·         9 teriam alguma deficiência física ou mental
·         33 seriam cristãos - de todas as tendências
·         18 seriam muçulmanos
·         4 seriam hindus
·         16 não teriam religião
·         6 seriam budistas
·         13 seguiriam outras religiões
·         43 não teriam saneamento básico
·         18 não teriam fonte de água potável
·         6 possuiriam 59% da riqueza total da terra
·         13 passariam fome ou seriam subnutridos
·         14 não saberiam ler
·         7 possuiriam educação em nível secundário
·         12 possuiriam computador
·         3 possuiriam conexão com a internet
·         1 adulto entre 15 e 49 anos seria portador de HIV
·         Seriam gastos 1.12 trilhões de dólares em despesas militares
·         E somente 100 bilhões de dólares seriam utilizados para assistência
·         Se você armazena comida na geladeira, guarda as roupas em um guarda roupa, dorme em uma cama e tem um teto para morar, então você é mais rico que 75% da população
·         Se você tem conta em banco então você é uma das 30 pessoas mais ricas do mundo
·         18 lutariam para sobreviver com 1 dólar por dia ou menos
·         53 lutariam para sobreviver com 2 dólares por dia ou menos

      O filme termina com a mensagem: dê melhor de si para um mundo melhor.


domingo, 1 de setembro de 2013

Doença Social

Nossa sociedade está doente, o sistema de justiça está falido e a violência está cada vez mais próxima de nós. Aquilo que apenas víamos nos noticiários agora ocorre ao nosso lado ou com nossa família. Das três expressões mágicas há muito não se tem notícias do por favor e do muito obrigado, apenas o foda-se é frequentemente lembrado.

Grande parte das famílias, por desconhecimento, por despreparo ou por não ter condição abdicou da sua função de educador e entregou seus filhos às escolas que se tornaram depósito de crianças. Essas que mal cumpriam o papel de ensinar a ler e a escrever agora tem a obrigação de substituir os pais. É sintomático quando o professor ou professora passa a ser conhecido por tio ou tia, pois deixam de ser autoridade externa e de transmitir conhecimento para ser babás dos filhos daqueles pais que não têm tempo. E muitos dos pais que tem conhecimento e recursos substituem a presença pelos presentes fazendo de seus filhos além de mimados e mal educados, também obesos, sem saúde.

Não era uma prática correta de educação o castigo físico aos alunos, que além de apanhar dos professores ainda apanhavam em casa. Tampouco é correta a prática corrente onde o aluno agride os professores e são apoiados por seus pais que ainda reclamam das escolas. Nessa semana em uma cidade da região uma professora foi agredida verbalmente e tomou uma surra de vassoura, pois obrigou um aluno a desconectar-se de uma rede social durante a aula. E esse é apenas um dos exemplos.

Canso de ver jovens incapazes de dizer um bom dia sequer, de respeitar o ambiente, a cultura local e os mais velhos. A prevalência do ter sobre o ser aplainou a ética. Vale tudo para se atingir o sucesso o mais depressa possível, e não interessa o que é o sucesso, esse pode ser tão ridículo quanto tomar o seu lugar na fila ou no trânsito. Eu tive sucesso e você foi um otário. Também pode ser tão violento que causa choque. Com crueldade mata-se por miséria carbonizando as vítimas.

É imperativo que as autoridades pensem e implantem um sistema de educação que integre a família ao meio escolar, e não existe solução que não passe pela educação, porém educar a sociedade leva algumas gerações e se imediatamente não houver justiça e punição a sociedade acabará antes. No estado de direito o uso da violência compete apenas e tão somente ao governo, portando esse tem a responsabilidade de tomar as medidas necessárias. Por outro lado, os pais, sempre tão ciosos em deixar um planeta melhor para os seus filhos deveriam também se preocupar em deixar filhos melhores para o planeta.

domingo, 18 de agosto de 2013

É Um Absurdo.


      Não costumo fazer pesquisas para escrever. Escrevo para treinar, para fazer redações coerentes, claras, concisas, para expandir meu vocabulário e aprender a utilizar as palavras corretas nos lugares certos, assim emito opiniões que não têm importância e não são relevantes cientificamente, porém, preguiçosamente busquei o sentido da palavra absurdo. Encontrei que a origem é grega - Alogos que significa irracional e que foi l evada ao Latim como Surdus - que não ouve, surdo, pouco inteligente. Precedida por Ab que é intensificador, tornou-se Absurdus - desafinado, dissonante, fora do tom. Em português encontrei vários significados: contradição, sem razão, paradoxal, disparate, contra-senso, que não faz sentido, que se opões ao convencionado, irrealizável, utopia, irracional, tolice, asneira.

      Sempre entendi o terno absurdo como sendo muito pesado e extremo mas hoje o vejo como banal, usado em todas as ocasiões. Basta que não se concorde com alguém ou com algo e a situação é absurda. Para mim ele perdeu tanto o glamour como o próprio significado.

      Imaginem a hipotética situação em que moradores de um determinado bairro sem saneamento básico reclamem em entrevista para a televisão. Sem dúvida será utilizado o termo absurdo por viverem há tanto tempo sem água encanada, esgoto, transporte público, iluminação e asfalto. A prefeitura pode se defender dizendo que o absurdo foi terem ocupado aquela área que é de proteção ambiental, portanto não licenciada, e que, por lei, não pode receber as benfeitorias. O proprietário da área pode clamar que o absurdo é ter ocorrida a ocupação da terra por grileiros, e alguém pode dizer que absurdo é existir dono de latifúndio improdutivo e que ainda venha reclamar a posse da terra. Todos tem sua razão, todos tem seus erros e todos veem problemas apenas nos outros. É um absurdo só.

      Quando eu era criança e não se definia o booling, não havia tantos estatutos e nem se criminalizava as discriminações chama-se pretos de pretos e pessoas com disfunções mentais de retardados, hoje isso é um absurdo, além de criminoso, mas naquele tempo não era, era normal. Estamos vendo manifestações e assistindo na internet a defesa pela manutenção das Apaes e do outro lado defensores da inclusão total desses alunos na rede pública regular de ensino. Sob o ponto de vista de cada um a atitude contrária é um absurdo e os dois lados têm certa razão, mas ao invés de dividir o fato entre nós e eles e entre certo e errado, deve existir algo que os una e possibilite a coexistência. O absurdo é brigar e não resolver.

      Na última semana a super atleta russa Yelena Isinbayeva fez uma citação polêmica sobre o relacionamento gay e se retratou posteriormente. Pela lei daquele país as manifestações gays estão banidas pelos próximos 100 anos. Para nós é uma situação absurda, para eles, normal. Isso não a torna uma inimiga, é uma opinião que podemos ou não considerar adequada. Absurdo é querer diminuí-la como desportista.

      Tenho um amigo que adora animais, cria alguns gatos e é adepto do veganismo. Para ele é absurdo que consumamos alimentos de origem animal, especialmente as carnes. Para mim é um absurdo viver sem uma carninha mal passada, já que encaro a vida como uma enorme cadeia alimentar, aliás, ainda há pouco, voltando da academia onde fui correr, vi um gato retornando para sua casa com uma pomba em sua boca. Absurdo é tomar-lhe a comida que já está morta.

      Faz um mês que retornei de uma sensacional viagem à Suíça, que é um país caro, seguro, enfeitado e organizado. Na última noite em Genbra, no caminho para o restaurante, passamos por uns 3 ou 4 quarteirões com explicitas demonstrações de prostituição. Eu já havia passado por lá durante o dia e era um espaço normal como o das outras ruas, mas à noite havia grande concentração de pessoas negras. Inclusive ouvi um comentário que aquele era o "dark side" de Genebra. Questionei o sentido de "dark" se era por ser à noite, por ser um setor de pior qualidade, ou por ter mais pessoas negras. Ouvi que era tudo isso junto. Posso considerar um absurdo relacionar a prostituição e a degradação do local às pessoas negras, também posso inferir que essa concentração se dá mais porque está ligada à imigração e à falta de oportunidade. Eu via os suíços como sendo altos, de pele e olhos claros. Realmente a maioria é clara e de olhos claros, porém não são tão altos assim, mas nas ruas vi muito mais pessoas negras do que pessoas gordas. Tantas pessoas magras juntas em um país rico não é um absurdo?

      Estamos diante de uma denúncia de formação de cartel no fornecimento de equipamentos e serviços ferroviários a diversos estados, em maior volume em São Paulo, mas dizer que os governantes, especialmente os paulistas, são corruptos ainda é temerário, não apareceram as provas, não ocorreram os julgamentos. Podem haver indícios? Podem.  Eles podem ser verdadeiros?  Podem, a corrupção existe e é absurda? Sim, mas acusar sem investigar, sem provar e sem permitir a defesa é tão absurdo quanto. Da mesma maneira é crível supor que o ex-presidente Lula tivesse conhecimento do mensalão, que ele pode ter sido o mandante e que não fez nada para dar um fim naquela atividade delituosa, mas não há provas. Ele alega não ter tido conhecimento, portanto deve ser lhe dado o direito da dúvida portanto ele não pode ser acusado por nada. Absurdo é condená-lo sem provas.

      Por qualquer motivo ou por preguiça intelectual o termo absurdo está absurdamente sendo utilizado. Não é um absurdo?

sábado, 3 de agosto de 2013

Por quê a máscara?


      A democracia brasileira não será completa enquanto o voto não for facultativo. Voto obrigatório é resquício do autoritarismo, da manutenção da vontade do estado de interferir na vida privada. Vota quem quer, vota quem quer participar e escolher, quem não quer delega os poderes aos que desejam, não precisamos da tutela do estado para tomarmos as nossas decisões. Além de ser mais simples, o voto facultativo diminui a burocracia, simplifica a vida do cidadão e reduz algumas despesas. Mas esse voto ainda precisa ser secreto, pois em pequenas localidades a população, se vista como oposição, pode ser prejudicada pelas más autoridades que ainda se imaginam donos de feudos.

      No entanto, não se pode admitir que nos poderes legislativos de todas as esferas o voto seja ainda secreto. A população tem o direito de saber como votam os seus representantes, e esses têm o dever de prestar conta daquilo que fazem. Persistir nas votações secretas é omitir responsabilidades, é iludir o eleitor.

      Nesse mesmo sentido de transparência condeno os que se manifestam mascarados. Vivemos em uma, embora incipiente, democracia e somos livres para externar nossas opiniões, se apresentar encapuzado nas manifestações mostra má intenção e desqualifica o participante. Pessoas de bem não precisam se esconder e devem manifestar o seu descontentamento.

      Entendo que a nova dinâmica de arregimentação feita através da internet é eficiente e prescinde de liderança única mas em panela de muitos cozinheiros ou a comida fica sem sal ou sai salgada, assim não se consegue ter controle sobre a ação de irresponsáveis. Particularmente fiquei chocado com a tentativa de invasão do Palácio do Itamaraty, não se tratava de manifestação, mas de vandalismo. Aquilo é patrimônio nosso, faz parte do nosso acervo artístico, é uma das mais bonitas obras do reconhecido Oscar Niemeyer e não deve ser alvo de quebra-quebra. Como está na moda dizer, aquele ato não me representa.

      A gente ainda tem muito a aprender, o nosso país ainda tem muito a se estruturar, mas o caminho do equilíbrio, o apoio àquilo que é correto é tão importante quanto a manifestação de contrariedade sobre o que está errado, e a honestidade e a transparência são fundamentais.

sexta-feira, 5 de julho de 2013

Farra Aérea Brasileira

      Contrariando o que dizem, muitos político tem que ter bons salários. Se altos executivos e empresários têm remuneração compatível com a dimensão de suas empresas, o mesmo vale para os altos cargos governamentais. Não é possível que o salário do presidente do país seja da ordem de R$ 20.000,00, isso é muito pouco pela responsabilidade que o cargo exige.

      Não é errado ter bons salários, errado é não haver transparência no trato do dinheiro público. Errado são os desmandos, o mau uso, a corrupção. Errado é o despreparo dos servidores públicos, o compadrio, o nepotismo. Errado está o nosso sistema político que permite a eleição de pessoas sem voto, que não permite saber quem foi realmente eleito com seu voto, já que é possível votar em um candidato e eleger outro da coligação. Errado é não se ver representado por uma das quase trinta legendas partidárias, e errado estamos nós que elegemos políticos de baixa qualidade e que nunca pensarão no país, mas sim neles mesmos.

      A virtude das manifestações dos últimos dias está em mostrar o descontentamento com o sistema atual e a resposta dada pelas autoridades é pífia e desconexa. Das propostas feitas pelo executivo ninguém se lembra e nem serão implementadas e a mais bizarra foi a da Assembléia Constituinte Exclusiva para a reforma política. Tal proposta já nasceu morta e não será executada.

      Ninguém foi à rua pedindo plebiscito ou referendum. Ninguém saiu de casa para discutir se o financiamento de campanhas deve ser público ou privado e tampouco alguém se manifestou querendo voto em lista, voto distrital puro ou misto. O que o todo mundo quer é uma vida melhor. Com rendimento digno, segurança, saúde, educação e que ninguém roube o sacrificado dinheiro dos impostos.

      Ou nossas autoridades se fazem de surdas ou são tolas ou nos consideram idiotas, pois inventam situações estapafúrdias para desviar a atenção e, mesmo tendo o país em chamas, em alguns casos, literalmente, cometem certos absurdos, como o profissional que penteia e maquia a presidente e que em nove faturas cobrou R$ 400,00 e na décima passou para R$ 3.125,00. E tem também a turma da FAB (Farra Aérea Brasileira), que graças à imprensa livre ficamos sabendo que o Presidente da Câmara dos Deputados voou  com jato da Força Aérea de Natal ao Rio com parentes e amigos e no fim de semana todos foram assistir à final da Copa das Confederações. Achou normal, pois já que iria almoçar com políticos, não tem nada demais dar carona com o dinheiro alheio. Após a gritaria devolveu R$ 9.700,00 liquidando a fatura. O Ministro da Previdência Social também requisitou avião da FAB para assistir ao mesmo jogo, porém foi de Brasília à Natal para, segundo ele, compromisso oficial, e ao invés de voltar à Brasília, foi ao Rio de Janeiro. Já o Presidente do Senado, que não deve gostar desse tipo de bola, utilizou do mesmo serviço para ir de Maceió a Porto Seguro assistir ao casamento da filha de um deputado. O primeiro pagou pouco, pois não está considerado o custo de aluguel do avião a jato, mas deve ter feito alguma conta com o custo de voo comercial, os outros dois não pagaram nada, pois se consideram no direito de usar tais recursos.


      Será que eles não nos entendem ou não estamos desenhando direito?

terça-feira, 18 de junho de 2013

O Povo Na Rua

      No Brasil muitos lutaram para substituir a ditadura de direita por outra de esquerda, outros tantos lutaram pela democracia e esses venceram. Não houve na história da humanidade nenhum sistema econômico que produzisse melhores resultados que o capitalismo, mas o conjunto democracia e capitalismo podem não ser a melhor solução e talvez haja ainda muito a ser descoberto, mas isso é o que temos e que permite um ordenamento social.

      Há em muro perto de casa uma pichação antiga que reivindica o passe livre nos ônibus, que em São Carlos é sinônimo de transporte público. Oras, todos os que têm um carro sabem que a despesa de manutenção está associada ao desgaste, logo, não existe transporte gratuito, alguém deve pagar a conta, e se o serviço é provido pelo governo, é com o dinheiro dos impostos, e excluindo-se a má administração e a roubalheira, ou corta-se outros serviços ou aumenta-se os impostos. Mas isso também ninguém deseja, aliás, as demandas são por melhorias de todos os serviços.

      O Movimento Passe Livre teve a ousadia de iniciar um movimento que deu certo, pois houve a aderência de diversos segmentos incluindo grupos políticos, apolíticos e baderneiros que engrossaram o coro e deixou as autoridades em pânico. Não há partido político em condição de atacar o outro e chamar para si a responsabilidade da manifestação. Nos tempos do “Fora Collor” esse papel coube ao PT que aproveitou o movimento estudantil que tomou as ruas após as denúncias feitas pela revista Veja e pelo jornal A Folha de São Paulo.

      Não será a redução de alguns centavos no preço da passagem de ônibus o maior legado dessa manifestação, mas sim o alerta às autoridades que eles devem se por em seu devido lugar. Em última instância devem servir ao povo e não se servir desse, e ainda mais, botar na cara um sorriso de escárnio.

Aos manifestantes cuja maioria tem viés pacifista devemos o nosso respeito, e que eles utilizem a autoridade que conquistaram para banir aqueles que apenas querem ver o circo pegar fogo, o que trará seriedade às reivindicações e evitará o confronto com as forças de segurança, permitindo assim que as perdas se reduzam apenas a cargos políticos inúteis e ineficientes.

domingo, 9 de junho de 2013

É a Empresa!

      O mundo é selvagem. A vida na terra é naturalmente uma luta pela sobrevivência tanto na flora quanto na fauna, incluindo a raça humana. Há alguns lampejos de racionalidade mas isso não garante vida fácil para ninguém. É necessário lutar, e muito, para conquistar espaços e se desenvolver no conjunto formado pela democracia e capitalismo, mas parece que muitos não entendem isso.

      Na semana passada conversei com um colega cuja carreira pude influenciar por duas vezes mas acabamos nos afastando, e fiquei triste. Ele está no mesmo estágio de desenvolvimento profissional há anos e buscando um culpado pela situação. E o mais apropriado é a "empresa". É a empresa daqui, é a empresa dali, a empresa fez isso, a empresa faz aquilo, e ele? Fez o quê para mudar a situação?

      Depois de ter flertado com o fanatismo evangélico se mostrou meio cético, descrente e revoltado. Não sei exatamente qual é a sua situação financeira, mas não é um pobre miserável, seus rendimentos passam ao largo da turma do salário mínimo e média salarial brasileira. Mas não faltam queixas e certezas, e, principalmente, está se armando para "procurar pelos meus direitos". 

      Pelo que sei ele trabalha 8h por dia começando às 6 da manhã e só. Durante esse período em que nos conhecemos já passei por dois cursos superiores (estou pensando no terceiro), duas pós graduações, continuo praticando inglês às vezes espanhol, e ele? Sim, ele frequenta academia (coisa que também faço) e está "marombado". Deixou de ser raquítico para ser "bombado". Ele entende que tempo de trabalho é razão suficiente para ficar rico e que se ele não chegou lá é porque a empresa é ruim.

      Ele lidera um grupo de descontes. Destila o mau humor desde cedo e durante o dia todo e fica bravo quando não consegue aprovação para as suas teses. A ideia é fixa e conversa sobre assunto diferente não flui. Não sei se foi por falta de intimidade, mas não consegui dizer à ele o que estou dizendo aqui. Acho que enviarei o link como leitura recomendada.

terça-feira, 28 de maio de 2013

Comissão da Verdade

      O Brasil já foi colônia e reino unido, e após a independência, monarquia. Vivemos hoje o mais longevo período de democracia desde que em 1.889 o Marechal Deodoro da Fonseca proclamou a república. Foram muitos governos, golpes e regimes de exceção, e por mais que com razão reclamemos dos nossos políticos, pior do que um congresso ruim é a falta dele.

      É anormal a nossa normalidade. Não se compara a outras nações. Os regimes militares da década de 60 do século passado na Argentina e Chile foram muito mais sanguinários e a transição para a democracia no Brasil não foi feita com ruptura abrupta, mas com lenta distensão, muito mais branda.

      Os militares, com o apoio dos americanos sequestraram, torturaram e mataram. Cerca de mil pessoas foram mortas para que se mantivesse o regime capitalista e diversas dessas vítimas continuam desaparecidas. Houve também ações de guerrilha urbana e rural, com assalto a bancos e enfrentamentos armados, esparsos e isolados. Alguns enfrentaram o militarismo para restaurar a democracia, mas a maioria das organizações desejava mesmo tomar o poder para a implantação do comunismo, que, como sabemos é, por natureza, autoritário, e o número de vítimas causadas pelas esquerdas brasileiras foi infinitamente menor que as produzidas pelo estado.

      No último governo militar foi proposta a Lei da Anistia que acabou sendo promulgada em 1.979 e beneficiou os agentes dos dois lados, como se dizia naquela época, foi ampla, geral e irrestrita. Recentemente houve o questionamento ao STF se torturadores poderiam perder o benefício, e em 2.010, por sete votos a dois a anistia foi mantida a todos.

      Com a finalidade de “ apurar graves violações de direitos humanos ocorridas entre 18 de setembro de 1.946 e 5 de outubro de 1.988” foi criada em 2.010 a Comissão Nacional da Verdade (CNV) que foi empossada somente em 2.012. A Comissão da Verdade, como ficou conhecida, tem reunido documentos e entrevistados os atores daquele período mas não tem caráter punitivo, apenas elucidativo. Há os que torcem para que tudo fique como está e o resultado seja apenas um livro, porém há muito mais gente interessada em rever a Lei da Anistia e punir os culpados, principalmente os agentes do estado.


      Muitas das famílias das vítimas da ditadura recebem uma indenização pecuniária, que eu diria simbólica, pelas perdas, mas o que se quer mesmo é justiça. As pessoas têm o direito de saber o que houve com seus familiares e espera-se que o estado, que não pode ser punido, se desculpe pelos crimes. O que não deve se esperar é revanche ou vingança, pois isso nada de positivo acrescentaria ao país e à sua população.

terça-feira, 14 de maio de 2013

Robin Hood


      Robin Hood é só lenda, e inglesa, de longe daqui. Nossos bandidos não têm nada de românticos justiceiros. Não roubam dos ricos para distribuir aos pobres. Roubam porque podem, roubam porque querem, e roubam, e matam, porque gostam.

      É verdade que a nossa economia não anda lá essas coisas e deve piorar, mas é equivocada a ideia de que a delinquência só existe porque há a má distribuição de renda. O Brasil saiu do estado de colônia agrícola e escravocrata e em menos de 200 anos se transformou na sétima maior economia do mundo, e desde os últimos anos do século passado passa por um período de prosperidade, e a criminalidade não diminuiu na mesma proporção. Ao contrário, aumentou.

      Há bandidos em todos os níveis sociais e culturais e é provável que a corrupção de alto nível faça mais vítimas do que as produzidas por assaltantes, sequestradores e estupradores. Porém quando o crime é praticado com violência explicita e próximo da gente, choca muito mais. Ser delinquente é uma opção que está ligada à distorção de valores morais e familiares, e não dá para imputar a culpa ao coletivo quando essa é praticada por indivíduos.

      O combate à criminalidade não se dá apenas com investimento em repressão ou inteligência reativa. Os autores de Freakonomics mostraram que o aumento do aparato policial e das despesas em segurança não impediu que o crime também se expandisse em Nova Iorque no final do século XX, e que o decréscimo só começou a ocorrer 17 anos após a aprovação da lei que permite o aborto voluntário na rede pública de saúde.  O aborto pode ser questionável, mas o planejamento familiar e o controle da natalidade podem produzir o mesmo efeito.

      Considerando a relação custo / benefício, o crime compensa. Todos sabem que a investigação policial é falha, que a justiça é lenta, que a protelação existe e que a possibilidade de absolvição por falta de provas ou por decurso de prazo é muito grande. Se o criminoso for menor de 18 anos a impunidade é quase certa, e se não for, é mínima. As penas não são condizentes com a gravidade das ações.

      Hoje, além de ocorrer em maior número, os crimes também chocam pela ousadia e brutalidade. Os bandidos são melhores armados que os policiais e mais abastados do que muitas de suas vítimas. Já se matou porque a vítima tinha somente trinta reais na conta corrente, e mulheres, inclusive uma turista estrangeira, foram estupradas por uma gang que sistematicamente repetia a ação utilizando uma van preparada para a abordagem e sequestro das vítimas.

      Uma das características das sociedades civilizadas é o monopólio da violência pelo governo, esse, e apenas esse, pode punir ou decretar guerras, portanto, é do governo que deve partir a solução, mas essa não virá sem a pressão popular, que em última instância é quem delega os poderes, até porque nos governos estão instalados corruptos e corruptores, nadando a favor da correnteza, em ambiente mais do que propício. No Brasil, sabendo fazer, tudo é permitido, inclusive o que é proibido.

domingo, 28 de abril de 2013

Vai Sobrar Pouca Gente


      Em um planeta com 7 bilhões de habitantes tem gente de todo jeito. Dos que prestam e se prestam a tudo aos que não prestam e não se prestam à nada. Há divisões de todas as maneiras: geográficas, políticas, culturais, econômicas, religiosas e assim vai...mas de qualquer forma, há que se ter regras. Bem ou mal, certas ou erradas elas traduzem o momento de cada sociedade e a sua dinâmica é natural, se a sociedade muda, as regras mudam, se um pouco de ousadia faz bem, o total desrespeito faz mal, isso considerando sociedades relativamente educadas e civilizadas, pois as autoritárias nem merecem comentários.

      Logo após a primeira eleição vencida pelo Lula, em uma entrevista o FHC disse que a agenda do governo do PT não deveria ser a econômica e sim a violência. Ele estava certo. A economia não saiu de pauta e está indo para o buraco e a segurança pública, que foi abandonada afundou mais rapidamente. Se a política econômica foi inclusiva e a criminalidade está aumentando algo está muito errado, e não é o cidadão comum que irá resolver, mas sim os governantes das três esferas.

      Não sou especialista, mas a visão comum é que o sistema prisional está falido, a justiça é lenta tardia e falha, parte da polícia é corrupta, se a polícia prende a justiça solta, e rico não vai preso. Nossa constituição determina que o legislativo faça as leis, que o judiciário julgue e que o executivo puna. Se isso não funciona ou a constituição está errada ou os poderes são incompetentes ou tudo isso ao mesmo tempo. Em arroubos de patriotismo e marketing nossos governantes se vangloriam das nossas leis, temos as melhores e mais avançadas do mundo, como o estatuto do idoso e o das crianças e adolescente. Tudo bem, elas são ótimas, mas funcionam? Nossas cadeias educam? Se as escolas nem ao menos alfabetizam e nem ensinam fundamentos de matemática, como se pode dar o nome de educação, e o que dizer então das cadeias e sistemas de correção para jovens infratores?

      É claro que é melhor investir em escola do que em cadeia, mas na situação atual, onde uma vida não vale nada, se mata por banalidade, não dá para compactuar com o criminoso. Não há pai de família que se sinta seguro ou que possa deixar sua família em segurança. Não se pode deixar a criança brincar na rua ou o jovem sair à noite durante o fim de semana sem que o coração fique apertado de medo. Portanto é necessária uma intervenção séria e imediata. Para crimes violentos há que ter punições severas e rápidas, não importa a idade do criminoso, se tem 10, 20 ou 80 anos. Não dá mais para admitir que um condenado a 100 anos deixe a prisão após 5 anos, e na cadeia tenha facilidades e até “visitas íntimas”. E se o criminoso tinha até 17 anos quando cometeu a atrocidade passe apenas 3 anos “internado”.

      Tais facilidades ocorrem porque nosso sistema político é vagabundo e os governantes só fazem enriquecer e pensar na próxima eleição para continuar enriquecendo ainda mais. O exemplo vem de cima e se quisermos uma sociedade melhor não podemos compactuar com que está dando errado, isso é, precisamos expurgar do congresso todos os vagabundos e mal intencionados. Vai sobrar pouca gente...

sábado, 20 de abril de 2013

Boston - Os Pais.


      Na última segunda-feira, 15/04, cheguei ao aeroporto JFK em nova Iorque às 4 da tarde e tomei um taxi rumo a Manhatam. O rádio estava ligado e comecei a ouvir os comentários sobre 2 explosões consecutivas, número de vítimas e movimentação policial, mas não consegui identificar o local nem as circunstâncias. Chegando ao hotel liguei a TV e fiquei sabendo sobre o atentado na Maratona de Boston e que havia 3 mortos e centenas de feridos. Ao sair caminhando notei intenso patrulhamento e policiais em todos os cantos.

      Minha atenção se voltou a dois fatos: a morte de um menino de 9 anos e o que leva uma pessoa a ter essa atitude. Sentia a dor dos pais daquele menino e imaginava que o saldo poderia ter sido muito pior se as explosões tivessem ocorrido na largada e não na chegada, pois no início a aglomeração é muito maior. Vendo o noticiário me vi envolvido na busca, desejando que o culpado fosse detido, afinal, aquilo não foi acidente, foi deliberado. Algumas pessoas foram detidas e liberadas e dois suspeitos foram identificados e a caçada começou, mas havia a dúvida se deveriam ou não divulgar os nomes. Na quinta feira embarquei para o Brasil ainda sem saber do assalto à loja de conveniência, do roubo de um carro e sequestro de seu motorista, da morte de um policial e de um dos suspeitos. Ao chegar na sexta-feira ainda se fazia o cerco ao segundo suspeito que acabou sendo preso depois de ter sido ferido.

      No Jornal Nacional vi depoimentos de colegas dos dois rapazes, de seus pais e de alguns de seus parentes e fiquei muito mais triste, imaginando que um já está morto e o segundo provavelmente o será depois de julgado. São muitas vidas jovens desperdiçadas. Não sei se eles são mesmo os culpados pelo atentado, mas parece que não há dúvidas sobre os assaltos e troca de tiros, além do que foram encontradas armas e explosivos em suas residências. O mais velho era casado e tinha uma filha pequena e assim como seu irmão mais novo era inteligente e culto. Ambos são de origem russa e foram criados e estudaram nos Estados Unidos. Portanto, qual seria a razão para atacar o país que os acolheu? 

      No Central Park, na quinta feira, passei por uma manifestação de indianos, não sei identificar a que grupos pertencem, mas eram todos homens, alguns meninos, e os adultos vestiam ternos, uma espécie de turbante e tinham barbas longas. Gritavam por justiça e por liberdade na Índia. Eram acompanhados por policiais americanos e crianças distribuiam panfletos. Peguei um deles e perguntei do que se tratava e o menino me disse que estavam apoiando um professor. Ainda andando me deparei com grupos de diversos lugares, muitos turistas e vários residentes. Os dois taxis que tomei eram conduzidos por pessoas de origem árabe. No sul da ilha vi muitos orientais e seus comércios, e no centro, muitos hispânicos. Os Estados Unidos podem ter errado muito em sua política externa, mas certamente é um dos países mais tolerantes quando se trata de imigração e agora tem que conviver com um drama, quanto mais se protege, mais está exposto.

      Como esportista me sinto infeliz com um atentado em uma prova tão democrática, pois a corrida é o único esporte onde a pessoa comum participa junto com o ídolo, e como pai fico pensando no sentimento dos pais dos garotos. Daquele inocente que apenas se divertia e daqueles que podem ter praticado esse ato. Os primeiros serão sempre vítimas e os segundos serão culpados para sempre sem ter tido nenhuma participação no episódio. Terão aquele sentimento "de onde foi que errei?". Se forem mesmo culpados, e ainda que não o sejam, como será a vida da filha daquele mais velho? É muita dor por nada, era perfeitamente possível ficar sem isso.

quinta-feira, 7 de março de 2013

Haja Petição.


      Venho do tempo antigo, ainda da “era do rádio” quando as comunicações pessoais eram feitas através de cartas, as urgentes por meio de telegramas e as músicas eram gravadas em discos espessos e pesados. Vieram a TV que se reinventou, mas o Fax e o Telex nem esquentaram a cadeira, e o DVD também teve vida curta. Comecei minha carreira trabalhando com máquina de escrever e em pouco tempo já estava utilizando computador que era um mostro em tamanho, porém com processamento infinitamente menor que o de um simples telefone celular utilizado hoje em dia. Naquela época havia protestos nas ruas, manifestações na imprensa e o instrumento do povo era o abaixo-assinado. Redigia-se um documento e quem concordava com a ideia “assinava em baixo” e quando muito contava-se em milhares os adeptos. O equivalente de hoje é a petição que elevou os assinantes a milhões.

      Adaptei-me muito bem com as novas tecnologias, perdi o sossego com a conectividade e até “assinei” algumas petições, mas no meu entendimento elas foram banalizadas. Há muitas organizações profissionais que estão se especializando em criar petições. Elas arrumam uma “causa” e através de mecanismos de spam espalham as mensagens. Após assinar a primeira o seu endereço é cadastrado e você não tem mais o menor trabalho para assinar a próxima e tampouco precisa ler o texto. Se você permitiu que o seu computador tivesse gravado o preenchimento automático, basta digitar uma letra, apertar o enter e, em seguida, o send. Acabou. Você é um manifestante. Mas a modernidade não para por aí. Você pode avisar os seus amigos que você é “engajado” pois há links para todas as redes sociais. Você pode também tornar-se um militante. Com um clique você pode se comprometer a arrumar um número de “assinaturas” ou enviar um convite a todos os seus amigos virtuais que já aparecem marcados para receber a mensagem. Basta outro clique e pronto: você já é um ativista.

      Há petições para tudo. Para salvar o urso panda, os golfinhos, os botos, os tigres, os elefantes, as mulheres, as crianças, e as minorias, sejam elas quais forem. Ainda hoje recebi uma mensagem que dizia: se você é um estudante endividado ou se importa com as abelhas, assine a petição. Em tese, ninguém consegue ser contra argumentos tão convincentes, mas duvido que todos tenham lido até o final os textos que te convidam a assinar. São pregações intermináveis dispostas em páginas carregadas e apelativas e para se livrar delas é melhor assinar logo, pois na maioria das vezes isso evita recebê-la novamente. Porém quem pode atestar a veracidade das mesmas?

      Há pouco tempo houve uma campanha de vídeo que em termos modernos tornou-se “viral”, espalhando-se rapidamente, e que por ter sido feita em português e disseminada em inglês teve interpretação completamente diferente da realidade. Chamada de “Cala a Boca Galvão” era uma brincadeira com um narrador esportivo e que foi interpretada como sendo uma campanha para salvar um papagaio da extinção. Teve outra campanha de vídeo estrelada por jovens atores e atrizes engajados em impedir a construção da usina hidrelétrica de Belo Monte. Ela apresentava diversos dados e situações que foram desmentidos ponto a ponto por pesquisadores e estudantes, pois continha erros grosseiros. Independentemente do assunto ou do lado que se defenda é necessário ter seriedade,e não dá para acreditar em qualquer coisa. Como sempre foi, as afirmações devem ter sustentação e os dados precisam ser verificados.

      Apesar da aparente boa ideia e da boa vontade, o sem número de petições emitidas decretará a derrocada do instrumento, pois esse ficará desacreditado. Alguns podem surtir efeito, porém a maioria será simplesmente esquecida. Recentemente houve uma de sucesso que em poucos dias arregimentou mais de 1.600.000 assinaturas solicitando a renúncia do presidente do senado. E o que aconteceu? Nada! Recebeu a cobertura da imprensa durante a sua a entrega, foi recepcionada por senadores bem intencionados, foi comentada em blogs e pela imprensa em geral e morreu por aí, pois nem sempre da quantidade se extrai qualidade.

sexta-feira, 1 de março de 2013

Doze Vezes Não.


     Não li todos os livros que eu gostaria, porém, dos que li, gostei de vários, muitos me foram indiferentes e alguns muito ruins.

      Não assisti a todos os filmes que imagino serem bons, mas assisti a vários que foram terríveis e nenhum foi excelente, pois sempre encontro defeitos.

      Não ouvi todas as músicas que me agradariam, pois creio que as melhores ainda não foram compostas, no entanto já me vi obrigado a escutar muita porcaria.

      Não assisti a muitos concertos, mas àqueles a que pude ir, em sua maioria, gostei, pois nesse quesito sempre fui seletivo.

      Não estive tanto quanto eu gostaria em teatros, peças e espetáculos, mas naqueles em que estive, apenas de poucos não gostei.

      Não estive em todos os lugares que eu gostaria de ter estado, e nem com todo o dinheiro do mundo e tempo disponível eu conseguiria, pois a vontade é maior do que uma vida. Entretanto já permaneci tempo demais em lugares que jamais quis estar.

      Não saboreei as melhores refeições, mas isso não me faz falta. Sinto falta da refeição, mas não dos sabores.

      Não disputei todas as partidas que me alegrariam, também, eu não jogo nada tão bem.

      Não voei de asa delta e nem pulei de paraquedas porque tenho medo, e não subi o Everest porque não tenho condição física adequada e muito menos quarenta mil dólares para isso, porém coragem não me falta.

      Não estudei tudo o que acho que eu precisaria, porque eu gosto de saber, não de estudar.

      Não conheci todas as pessoas que considero serem valiosas, e nem seria possível, pois a maioria é de outra época.

      Não confiei em cardiologista que fuma, preparador físico barrigudo e nutricionista gordo. Porque então acreditaria em político que mente e rouba?

domingo, 17 de fevereiro de 2013

Praticando O Desapego


      Em uma única noite de natal vejo crianças ganhando mais presentes do que ganhei em toda a minha infância. Dos poucos que tive a maior parte era roupa e alguns eram para ser divididos com meu irmão. Salvo alguns vindos de tios e tias, os demais foram comprados pela minha mãe ainda que o dinheiro tenha vindo do meu pai. Talvez por isso me lembro bem do único presente que o meu pai me deu.

      Logo que completei 18 anos deixei a casa de meus pais em minha cidade natal para começar a minha carreira profissional e tinha pouca coisa para levar. Tudo o que eu tinha e valia a pena ser carregada cabia em uma pequena mala e lá estava o tal presente: um aparelho metálico de barbear, daqueles que utilizavam a velha lâmina que era conhecida pela marca Gillete, algumas com o nome Blue Blade.

      Não tenhobarba cerrada mas acostumei a cortá-la todos os dias, e ao contrário de muitos dos meus amigos, gosto desse momento. É o meu tempo de verdade em frente ao espelho. Utilizei o tal aparelho desde 1977 e por mais ou menos uns 20 anos quando ele se estragou e tive que me render à modernidade. Passei a utilizar o GII, de lâminas paralelas. Acostumei-me com ele e utilizo a tal lâmina até que a barba não esteja sendo cortada, mas quase arrancada.


      Como o capitalismo é pródigo em criar necessidade, há tempos li uma reportagem travestida de matéria em que o fabricante havia gastado alguns milhões de dólares para desenvolver o aparelho com três lâminas paralelas. Oras, se já havia duas, para colocar uma terceira deveria custar baratinho, o contrário me parece apenas enrolação. Mas esse não é o meu dilema.

      Sou muito apegado às coisas, costumes e pessoas. Vou ao mesmo posto de combustível, vario pouco de restaurante, só tenho conta em um banco, estou na mesma empresa há praticamente 34 anos, cultivo amizades do tempo da minha adolescência. E agora não estou mais encontrando a tal lâmina GII para comprar. Dizem que pararam de fabricar e revirando as gavetas consegui juntar apenas cinco, ou seja, utilizando cada uma por 2 meses, quando entrarmos em 2014 precisarei dar uma solução.

      Há algumas opções: as de três lâminas, as de cabeça móvel, as de outros fabricantes, os descartáveis, os aparelhos elétricos, mas por enquanto nenhuma me atraiu. Isso é como comprar tênis, no pé dos outros parece bonito, no próprio pé fica meio estranho.

      Além de me preocupar com isso há um fato que sempre me intrigou: na embalagem comercial havia espaço para seis lâminas mas só vinha quatro no pacote. Assim vocês podem me ajudar ou desvendando o mistério ou me enviando as que encontrarem adiando assim o meu momento de desapego. 

sábado, 9 de fevereiro de 2013

Sons Urbanos


      Moramos no centro da cidade para facilitar o deslocamento e temos outras vantagens: não falta saneamento básico, a coleta de lixo se dá todos os dias, não falta água, são poucos os cortes de energia e esses, quando ocorrem, são curtos, as ruas são razoavelmente pavimentadas, há acesso a TV a cabo e telefone, e o transporte público é fácil. Mas isso tem custo: os preços são sempre mais altos e há barulho, muito barulho.

      O mais constante é o do trânsito, e são carros, motos e veículos grandes como caminhões e ônibus. Sempre tem a insuportável música do caminhão de gás, a da pamonha de Piracicaba e carros de som com todos os tipos de promoção, mas nenhuma que te dê alguma coisa, mas sempre querendo te tomar algo, seja, no mínimo, tempo ou dinheiro, ou os dois.

      Também tem as construções. São várias simultaneamente, e quando uma termina sempre há outra começando. São bate-estacas, marteletes, serras circulares, furadeiras, maquitas, marretas e os pedreiros. Nunca vi! Ô povo que gosta de gritar! Tem ainda os pedreiros cantores, que trabalham duro mas disfarçam o sofrimento.

      Do outro lado da rua tem uma loja de instalação de som em carros que tem um razoável movimento, enquanto eles trabalham o barulho não é alto, mas quando eles acabam o serviço e vão testar os equipamentos...é um Deus Nos Acuda! Além de alto, o que mais irrita são as batidas graves de som eletrônico e música vagabunda. Parece teorema: quem ouve som muito alto gosta de música ruim.

      Na rua ao lado tem um senhor que comprou uma bomba de água sob pressão, e aos finais de semana ele lava a calçada. É aquela batida contínua e irritante, e não sei como demora tanto tempo para lavar uma calçada tão pequena. Também não sei se ele se diverte mais por lavar a calçada ou por irritar os vizinhos.

      Na outra esquina tem o teatro de arena que é pouco utilizado, mas na maioria das vezes, aos domingos, há bandas tocando entre 5 da tarde e 8 ou 9 da noite. Parece que eles tocam na janela da minha sala. E na esquina de cima tem o Flor de Maio. Nesse há duas atividades, o baile da terceira idade e um grupo de batuque. Esse grupo se reúne em alguns finais de semana aos sábados ou domingos (ontem foi sexta-feira mas eles tocaram, acho que é porque é carnaval) sempre no início da noite. Tocam um pouco e às vezes percorrem os quarteirões da região. Mas como tocam mal! Faz tempo que eles ensaiam e eu acho que não está adiantando, pois eles não evoluíram nada! E o bailão ocorre aos sábados das 10 às 4 da madrugada, e aos domingos da 6 às 10:30 da noite. O salão não é refrigerado, não possui tratamento acústico e fica a uns 70m em linha reta da janela do meu quarto. Daqui posso ver algumas partes do interior do salão e o som chega alto. Quando fecho a janela do quarto o som chega refletido no prédio de trás. Quando a banda começa tocar músicas da Xuxa ou a marchinha Globeleza é porque está apelando, não tem repertório para a noite toda e começa a improvisar. Há umas bandas muito ruins, com cantores péssimos e repertório limitado, mas quando vejo estacionado ao lado do salão o ônibus velho da Banda Chapadão fico mais contente, pois a tortura será mais suave.

      Na casa ao lado tem um senhor que briga com Deus e Todo Mundo e em alto volume. É um tal de vai tomar no c... pra lá, filho da p... pra cá e o estoque de palavrões é enorme. Às vezes alguns copos e jarras voam, mas ficam restritos ao quintal dele. Entre cinco para as seis e seis e cinco da manhã são abertas as portas da padaria que fica na rua de cima. Uma depois a outra, diariamente. Como a padaria já trocou de dono algumas vezes, eu posso garantir, já teve alguns mais pontuais.

      Se não bastassem todos esses há também os alarmes. Há os de carros que sempre disparam e demora para serem desligados e às vezes são vários ao mesmo tempo, mas os piores, ainda que em menor número de ocorrência, são os de residência que tem a campainha mais alta. Algumas vezes um desses alarmes é disparado e o usuário do imóvel não é encontrado para desligá-lo e haja paciência para suportar aquela buzina insuportável.

      Quando me mudei para esse prédio havia um galinheiro em um dos quintais, mas eles se foram. Também cortaram as duas mangueiras e algumas bananeiras dos quintais vizinhos, mas ainda há algumas árvores frutíferas que trazem pássaros, e antes do dia amanhecer só ouço os piados, mas quando clareia é uma farra, principalmente das Maritacas e Bem-Te-Vis. Esse ainda é um som maravilhoso e que, independente dos ruídos noturnos, sempre me alegra.

segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

Os Números


      Aconteceu novamente. Ao acordar durante a madrugada e ao olhar o relógio não vi as horas, mas sim a sequência 2 34’. Já não sei se é coincidência quando durante o dia olho no relógio e são 12:34’ ou se nessa hora costumo olhar para o relógio para vê-la, pois essa é uma constante. Tenho um quê com as sequências crescentes, decrescentes, monótonas ou não, mas não ao ponto de achar que o mundo acabaria em 12 / 12 / 12, 12 de dezembro de 2012 na configuração mês / dia / ano.

      Quando subo uma escadaria costumo contar os degraus, e ao descer também, seja ela conhecida ou não, e se for, como os 65 degraus do andar de onde moro até a garagem, ou os 185 da garagem até o topo da escada, confiro para saber se não está faltando algum. No trânsito, faço associações para descobrir qual é o próximo número da sequência da placa do carro à frente. Às vezes elas são óbvias e em outras faço uma ginástica mental para inventá-la. Mas ainda não me encontrei com a sequência de 6 números da mega-sena.

       A maioria da população não é tão maluca, mas muitos o são, basta ver o sucesso do passatempo de origem japonesa Sudoku, que consiste em ordenar em linhas, colunas e grupos os números de 1 a 9, e que pode ser encontrado em jornais, revistas próprias, versões para download e online, e que possui milhões de adeptos em todo o mundo. Ele é um passatempo inócuo, semelhante às palavras cruzadas, mas essas tem a vantagem de aumentar o vocabulário e a cultura inútil, como: rio genuinamente paulista que corta o estado de leste a oeste com 5 letras. Aqui alguém pode descobrir o significado do “genuinamente paulista” e entender que o rio nasce na borda da serra do mar e ao invés de simplesmente despencar pelo caminho mais curto até o destino de todos eles que é o oceano, corta o estado no sentido oposto em um percurso de mais de 600km. Já no Sudoku basta ordenar os números e fazê-lo de novo, de novo, de novo...

      Quando fui de bicicleta a Brotas e já chegando a São Carlos, de tão cansado, pedi para que fossem me buscar eu havia pedalado por exatamente 07:07:07”. Quando à pé fiz o Caminho da Fé percorri exatos 323km, e quando fui pedalando a São Paulo foram 232, e somando os dois são 555.

      Hoje, às 2:34’ recordei-me que ainda menino li pela primeira vez “O Homem Que Calculava” de Malba Tahan e passei a me interessar pelos números, e esse é um dos motivos pelo qual me graduei em Matemática. Essa foi uma rica experiência que demonstrou que é muito melhor que eu continue me interessando pelos números, mas sem estudá-los, pois minha capacidade está aquém daqueles amigos maravilhosos que tem na Matemática a sua vida.

      Para completar, eu estava em San Francisco em 10/10/10 e inauguramos a EPTV Sul de Minas em 8/8/88, e o rio genuinamente paulista que corta o estado de leste a oeste com 5 letras é o Tietê.

quarta-feira, 2 de janeiro de 2013

O Meu 2012.


      Novamente não posso reclamar do ano passado, 2012. Contrariedades existiram, mas nada tão ruim que não tivesse sido, claro que com algum esforço, superado. Nenhuma novidade na vida familiar, continuamos caminhando, suponho, em boa direção e fazendo planos, e isso é o principal.

      Profissionalmente cumprimos tudo o que foi planejado, porém pela primeira vez em 35 anos de profissão senti que deixei a desejar, pois fazer apenas o planejado é pouco para mim. Se atingimos a meta isso ocorreu por mérito da equipe não pelo meu trabalho, pois em muitas das atividades eles se superaram. Passamos a fazer todas as produções locais em HD, juntando esforços criamos uma equipe de desenvolvimento que já mostrou resultado, concluímos mais algumas estações de retransmissão digital e adiantamos outras, e entramos tarde em um projeto, mas tivemos atuação decisiva e destacada, que foi a montagem da carreta Aquamundo que leva informação de maneira lúdica e interativa sobre a conservação da água a estudantes da área de cobertura das empresas do grupo. Em aproximadamente 3 semanas, e em especial na última, a sensação foi de faca na boca e sangue nos olhos. Que vontade de vencer, e conseguimos, a entregamos no prazo.

      Foi também um ano que posso chamar de amistoso, pois fiz amigos e conheci pessoas que eu já reconhecia. Algumas das amizades foram criadas pela internet e em países como China e Irã, e estou gostando de conhecer essas pessoas e culturas. Em Moscou me encontrei com amigos até então virtuais e para isso até aprendi um pouco de Russo! Sim, nesse ano estive novamente na Holanda e visitei a belíssima Moscou que ainda estava no outono, portanto não conheci as temperaturas mais baixas, ou seja, o inverno branco, pois como dizem, na Rússia só há uma estação, o inverno, que é verde ou branco.

      Nesse ano li menos que o normal, acredito ter lido apenas uns 6 ou 7 livros e continuo enroscado com um que além de ser em Inglês é de difícil compreensão. Já comecei a lê-lo duas vezes, mas ainda desejo concluí-lo. Em março, graças ao meu sobrinho que é músico, reservei para outubro um ingresso para o show do BB King e resei para que ele não morresse antes. Foi um bom show mas não muito honesto. Ele fala muito, ri muito, e toca e canta pouco, mas não dá, em função da idade, esperar muito mais dele, acredito ter sido um valor justo pela oportunidade de ver ao vivo, e próximo, uma lenda do Blues.

      Errei no meu plano de treinamento. Comecei o ano em um sentido, mudei duas vezes e tive que me contentar com menos, pois tenho limitação de tempo e física – joelho! Mesmo assim continuo me sentindo mais flexível, equilibrado, forte e bem condicionado. Utilizei cerca de 4,6% do meu tempo no ano fazendo atividades e pedalei por 5.481 km, além de bater a esteira no exame ergométrico em protocolo para pessoas ativas. E para fechar bem o ano, no dia 30 de dezembro fui pedalando de casa até a Ponte do Piqueri em São Paulo. Foram 232 km em 9:15h. Não foi uma excelente média, 25,1 km/h, mas foi o melhor que consegui, o que não é tão ruim para os meus 54 anos.

      Continuo sem saber o que é depressão, mas as ideias e os planos são muitos, e não sei se caberão em 2013. Feliz ano novo a todos.