No final de 2012 me senti profissionalmente improdutivo. Não que naquele ano meu desempenho tenha sido abaixo da média, mas não foi como eu gostaria. Agora, quando 2013 está terminando, parece que tudo voltou ao normal, embora eu tenha feito o serviço de pior qualidade em toda a minha extensa carreira, e o pior, eu deveria tê-lo feito em 2012. Por conhecer a complexidade e necessitar tomar decisões rápidas preferi não delegar a sua administração à minha equipe, e assumi a responsabilidade por sua condução, ou seja, o culpado sou eu.
Eu necessitava substituir alguns equipamentos de infraestrutura que se tornaram obsoletos, apresentavam muitas falhas, faziam parte de um projeto tecnicamente ultrapassado e eram ineficientes do ponto de vista de consumo de energia elétrica. Por questões próprias da natureza do meu trabalho apenas o iniciei em 2012, o que já me desagradou. Não consegui contratar uma empresa que somente fizesse o projeto e com esse em mãos procuraria por quem pudesse executa-lo, todas as consultadas preferiam vender o equipamento, o serviço e o projeto, isso já me cheirava a não ter projeto e executar na base do "entrega e depois a gente vê como fazer". Em 2013 já comecei atrasado pois com outras modificações realizadas o local de instalação não estava adequado. Durante a adaptação surgiram vários problemas que a cada ação gerava uma nova pendência, nada de resolver, e o tempo foi correndo.
Em determinado momento tive que administrar o trabalho de dez diferentes atividades simultâneas, com pessoas de várias empresas e cada uma querendo resolver o seu problema e atrapalhando as outras, e acho que nenhuma queria resolver o problema do cliente. O período crítico da instalação que deveria ter sido de no máximo uma semana incluídos os dias não comerciais se estendeu por mais de quinze. É evidente que traria transtornos, mas com esse atraso passou dos limites.
Agora, com cerca de 95% concluídos e afastado o período crítico posso voltar a me preocupar com isso apenas durante o dia como todo profissional deve fazer: sem ter que levar o problema para a cama. Porém os 5% restantes ainda consumirão todo o mês de janeiro, que graças ao feriado de ano novo só começa no dia 6, isso é, um projeto que deveria ter sido realizado em 2012 será finalizado apenas em 2014.
Isso é o que se chama custo Brasil. Muito trabalho e pouca produtividade. Falta qualificação a quem executa, muita coisa tem que ser refeita ou adaptada e assim gasta-se tempo e dinheiro que poderiam estar sendo investidos em outros projetos. Ainda que ao final o resultado venha a ser de qualidade muito superior ao que se tinha, o processo foi ineficiente e frustrante, e o pior, atrapalhou por demais a vida de quem não tinha nada com isso.
Do balanço que estou fazendo de 2013 posso adiantar que o ano foi muito bom, mas terá sempre essa marca: um serviço que de tão ruim não pode ser esquecido jamais.