sexta-feira, 29 de julho de 2011

Comportamentos.

      Às vezes alugo alguns filmes para assistir aos fins de semana e costumo devolvê-los na própria tarde de domingo utilizando a caixa expressa de devolução. Como a locadora fica a umas 8 quadras da minha casa e na própria rua, geralmente vou de bicicleta e volto lentamente pela contra-mão. Na última vez em que fiz isso, quase no cruzamento da Marechal, minha rua, com a Episcopal, uma senhora que dirigia virou essa esquina e não me viu em seu lado esquerdo, mas decorou todos os modelos de calçados e bolsas que estavam na vitrine do mesmo lado!

      Hoje pela manhã fui levar a minha esposa à academia. Subindo a Aquidaban parei no semáforo da Carlos Botelho. Por estar em primeiro lugar, quando o sinal abriu olhei para ver se o carro que vinha pela Carlos Botelho realmente iria parar. Normalmente nessas situações presto mais atenção ao motorista que ao carro, e nesse caso era a motorista que sim, parecia que iria parar como realmente parou, mas com o carro ainda em movimento ela deixou de prestar atenção onde pararia e já estava vendo os vestidos na vitrine.

      No domingo fui almoçar fora a minha esposa. Havia umas 30 pessoas no restaurante e predominantemente adultos. Havia um televisor ligado num programa de humor que ninguém assistia e o som alto estava me irritando. Enquanto esperava pelo garçom para pedir que reduzisse o volume entrou o intervalo comercial e notei que ninguém mesmo prestava atenção ao aparelho. O terceiro comercial foi o Kinder Ovo e seus brinquedos, imediatamente duas crianças, um menino e uma menina que estavam em mesas diferentes mas tinham aproximadamente a mesma idade, por volta dos 5 anos, se voltaram para o televisor. Ao final do comercial os dois, quase que sincronizados, viraram-se para as respectivas mesas. Para mim o comercial é ruim, mas os produtores acertaram em cheio em seu público alvo.

      Para quem não conhece, Geneton Moraes Neto é um jornalista e escritor que tem uma coluna no portal G1e já foi correspondente da Globo na Inglaterra. Hoje em sua coluna há um desabafo. Ele relata que se sentiu ofendido através do Twiter, não retrucou, procurou a justiça e saiu a condenação da parte contrária. Ele não buscou ganho financeiro, mas sim a retratação e a criação de jurisprudência para que se tenha responsabilidade sobre aquilo que se escreve, deixando claro que a internet não é uma “terra de ninguém”.  Vale também pela reflexão que faz ao final do artigo sobre o que é ser jornalista. Recomendo.  http://g1.globo.com/platb/geneton/

      Hoje a NASA, de quem sou fã declarado, completa 53 anos de criação e celebra com milhares de benefícios produzidos para a nossa espécie. Devo dizer que o ano de 1958 é mesmo abençoado. A NASA foi criada (29/07), o Brasil ganhou a primeira copa do mundo (29/06), nasceram o Michael Jackson (29/08), a Madonna (16/08), a Sharon Stone (10/03) e eu. Desculpa aí!

sábado, 23 de julho de 2011

Coletânea.

      Empregados domésticos – já escrevi sobre o tema, mas agora vem uma notícia que me pareceu inteligente. O Ministério do Trabalho está criando um projeto que está sendo chamado de “O Simples das Domésticas”. Será um valor único que agregará os pagamentos do INSS e do FGTS, além de reduzira alíquota total, simplificará a forma de pagamento. Esse é um bom passo no sentido de garantir mais direitos a essa categoria e facilitar a vida dos patrões e como efeito colateral, aumentar a formalidade. Até que enfim algo para se elogiar.
      Corrupção – há semanas estamos vendo todos os dias denúncias de corrupção envolvendo funcionários do Ministério dos Transportes e do DNIT. Nesses dias o governo está fazendo uma verdadeira faxina, com cerca de 15 diretores e funcionários demitidos. A revista época dessa semana começou a circular trazendo denúncias de corrupção na Agência Nacional do Petróleo (ANP) já rotulada de Agência Nacional da Propina. E quando será a vez do Ministério da Saúde?

      Descrença  – Confesso que nunca fui muito fã da Lya Luft, embora reconheça a sua capacidade, a sua intelectualidade e a qualidade dos seus artigos, e de até mesmo, por algumas vezes tê-los citados em conversas, há na maioria deles um tom que não consigo descrever, mas que não me agrada. Há poucos dias, por exemplo, havia uma frase “...estou me lixando para os leitores...” embora aqui eu a tenha pinçado sem explicar o contexto, me sentiria em conflito se tivesse que dizer algo semelhante, mas o que me chamou atenção foi um artigo que não li, mas do qual vi apenas a chamada onde ela mostra de maneira elegante que ela está tão sem esperança de que possamos ter um mundo melhor que é melhor esperar pela morte.

      Também nesse sentido, li nessa semana um texto do Luis Fernando Veríssimo, sim esse é dele mesmo, não aqueles que apenas lhe são atribuídos, no qual ele começa dizendo que com tantas denúncias de corrupção e comportamento errôneo das nossas autoridades, o único consolo é que daqui a 6 bilhões de anos quando o sol explodir e formos levados de roldão, nada disso terá mais importância.

      São sintomáticos esses dois casos, pois dois ativos intelectuais brasileiros estão abrindo mão da capacidade de se indignar com os atuais desmandos e isso não é bom. Isso indica que estamos no caminho errado.

      Itaquerão – Também já escrevi sobre isso, mas nessa semana foi apresentado a dimensão inicial do descalabro. O governo colocará 50 milhões de reais na construção do Itaquerão, dará outros 420 milhões em isenção de impostos e outros 450 milhões serão emprestados pelo BNDES a juros subsidiados e cujo recebimento é duvidoso, pois os clubes brasileiros de futebol estão entre os maiores devedores para o próprio governo. Se os investimento fossem em transporte, hospitais, escolas e para suprir tantas outras necessidades da carente população, eu não teria nada a criticar, mas para fazer estádio de futebol? Nesse balaio estão o PT, através do governo federal, o PSDB, com o governo estadual e a prefeitura de São Paulo cujo prefeito está num vácuo político, pois deixou o DEM e está criando o seu próprio partido, saindo da oposição e pulando para o barco da chamada “base aliada”.

      Última hora – Veio a pouco a notícia da morte da cantora inglesa Amy Winehouse. Não conheço a sua obra, não conheço as suas músicas e nem sei dizer se ela tinha talento. Mas sei que ela criou um tipo estranho, desses para chamar a atenção da mídia e também ouvi várias notícias sobre seus escândalos e envolvimento com bebidas e drogas. Ser encontrada morta aos 27 anos me parece ser um fim natural.

sexta-feira, 15 de julho de 2011

News Of The World.

      No domingo circulou pela última vez a publicação inglesa News Of The World. A empresa foi fechada, mais de 200 funcionários foram demitidos e há a possibilidade de vários deles serem presos, inclusive seus diretores. Apesar de ser impresso o News Of The World se enquadrava na categoria dos chamados Tablóides, que diferente dos jornais de circulação diária e editorial sério e sisudo, são publicações de leitura mais leve e especializados em publicar escândalos. Em muitas das vezes eles prestam algum serviço de bom resultado, o problema consiste na maneira criminosa em que os dados são levantados. Suborno e grampo de comunicação eram práticas recorrentes das quais não escapavam políticos e muito menos celebridades, e a acirrada disputa entre eles os fazia afundar cada vez mais na ilegalidade.

      Li hoje um artigo escrito pelo advogado e ex-ministro José Dirceu que comentava sobre os escândalos dos tablóides ingleses. Ele acerta em enumerar os crimes e defende o chamado “Controle Social da Mídia” eufemismo bonito para sustentar a adoção da censura à imprensa. Logo ele que combateu a ditadura, foi exilado e viveu na clandestinidade agora aprova os métodos utilizados pelo antigo regime militar. Não existe democracia desenvolvida sem liberdade de imprensa e justiça eficiente, portanto, aos criminosos devem-se aplicar as leis, apenas isso.

      Fluente como todo político é, ele também afirma que em todos os meios há o espírito de corpo, ou seja, os pares sempre se ajudam, mostram os defeitos dos outros e escondem os próprios. Também concordo. Isso realmente ocorre, e a imprensa inglesa lamentou o fechamento do News Of The World, afinal eles perderam um empregador em potencial. E tanto é verdade que esse espírito existe que a nossa classe política produz dossiês contra adversários e quando são descobertos simplesmente os classificam como atos de um bando de inocentes aloprados que não necessitam de punição. Quando são flagrados em crimes como o do mensalão, onde por meios tortuosos o dinheiro público era utilizado para a compra de votos a favor dos projetos do governo, minimizam, pois essa é uma prática antiga e que todo mundo faz.

      É comum que os escândalos possuam uma ou duas componentes: sexo e dinheiro. A ordem não importa, se é sexo para conseguir dinheiro ou dinheiro para conseguir sexo, tanto faz, de uma ou outra maneira gera interesse, vende jornal e aumenta a visibilidade de sites, e as empresas repercutem essas notícias pois querem sobreviver, ter lucro, e se o fazem é porque têm público, têm audiência e não será a censura que porá fim a essa atividade, pois o problema não está em se revelar o escândalo, e sim, em produzi-lo.

quinta-feira, 7 de julho de 2011

Esgotos E Estádios.

      Com uma renda per capita de cerca de 10 mil dólares o Brasil é um país pobre. Com uma escola pública que privilegia o corporativismo ao invés do livre debate de idéias e da excelência acadêmica, a nação ganha analfabetos funcionais e um sem número de ignorantes, o que é bom para a manutenção da classe política, mas não enriquecerá a nação e nem diminuirá a desigualdade social. Cabe àqueles que podem utilizar-se dos meios acessíveis, sendo a imprensa e a internet seus exemplos, além, é claro, do voto consciente para pressionar os governantes a tomarem as medidas adequadas para por fim a esse descalabro.

      Incentivar a indústria turística e investir em infraestrutura são ações positivas e desse ponto de vista tanto a copa de 2014 como as olimpíadas de 2016 podem render dividendos, se não pelos milhares de empregos ainda que temporários, mas  principalmente pelo legado que deixará, pois os serviços, a segurança, as comunicações e os transportes deverão ser incrementados e a população poderá desfrutar deles após o término desses eventos, mas como aqui nada é perfeito, o governo apoiar é uma coisa, já, fazer, são outros quinhentos, e bota quinhentos nisso.

       Tanto a Fifa quanto o COI são entidades privadas e não estão em posição de impor leis ao país, até porque com tantas denúncias de corrupção envolvendo seus dirigentes essas entidades ainda podem ter força política, mas não moral, algo como ocorre com muitos dos nossos representantes nas três esferas de poder. A tentativa de impor as suas regras faz parte do jogo, aceitá-las faz parte das nossas fraquezas, e nosso governo capitulou.

      Desde o primeiro momento mesmo com a descrença geral falava-se que não haveria a utilização de recursos públicos em tais eventos, mas ocorreu o óbvio. O início das necessárias obras foi adiado até o limite do impossível para que fosse aprovada uma lei que abrandasse as regras de transparência e boa gestão, que ruim com elas, muito pior sem elas, permitindo que aqueles que superfaturam as obras venham a nadar de braçadas. O tal regime de contratação aprovado pelo congresso mereceu o seguinte comentário feito pelo senador Álvaro Dias, do Paraná: “ A Medida Provisória abre portas e janelas para a corrupção desenfreada” e se ele que está lá dentro diz isso é porque sabe o que está falando.

      O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), que se utiliza de recursos do tesouro e os repassa subsidiados aos empresários é o braço do governo encarregado de viabilizar as obras. Por si só já é um disparate tomar dinheiro a 12,25%aa e emprestá-lo a menos de 6%aa a grandes e ricas empreiteiras, mas utilizando-os em serviços básicos, vá se lá, em portos, aeroportos, estradas, saneamento, habitação, ainda é compreensível, mas senhores e senhoras, o absurdo dos absurdos é financiar a construção de estádios de futebol.

      Por que temos que pagar para que clubes tenham seus estádios? Porque pagar para construir arenas para mais de 45 mil pessoas em locais cuja média de público em campeonatos regulares é de cerca de 2.000 pessoas, ou seja, os estádios serão utilizados umas 3 ou 4 vezes e ficarão ao limbo e sem dinheiro para a sua cara manutenção. Até aqui se falou de estádios administrados pelos estados, e o que dizer então daqueles que são de clubes privados?

      Tem coerência investir em campo de futebol quando metade da população do país não tem esgoto tratado? Esse governo e o anterior se fizeram bradando contra as privatizações, pela "não dilapidação do patrimônio público em benefício de empresas privadas". Esse mesmo governo agora diz que irá privatizar os aeroportos e financiará a construção de estádios. Tem cabimento? Tem coerência?

      Como já disse, não tenho outra saída a não ser reclamar e lamentar, mas esse governo não me representa.