sexta-feira, 5 de julho de 2013

Farra Aérea Brasileira

      Contrariando o que dizem, muitos político tem que ter bons salários. Se altos executivos e empresários têm remuneração compatível com a dimensão de suas empresas, o mesmo vale para os altos cargos governamentais. Não é possível que o salário do presidente do país seja da ordem de R$ 20.000,00, isso é muito pouco pela responsabilidade que o cargo exige.

      Não é errado ter bons salários, errado é não haver transparência no trato do dinheiro público. Errado são os desmandos, o mau uso, a corrupção. Errado é o despreparo dos servidores públicos, o compadrio, o nepotismo. Errado está o nosso sistema político que permite a eleição de pessoas sem voto, que não permite saber quem foi realmente eleito com seu voto, já que é possível votar em um candidato e eleger outro da coligação. Errado é não se ver representado por uma das quase trinta legendas partidárias, e errado estamos nós que elegemos políticos de baixa qualidade e que nunca pensarão no país, mas sim neles mesmos.

      A virtude das manifestações dos últimos dias está em mostrar o descontentamento com o sistema atual e a resposta dada pelas autoridades é pífia e desconexa. Das propostas feitas pelo executivo ninguém se lembra e nem serão implementadas e a mais bizarra foi a da Assembléia Constituinte Exclusiva para a reforma política. Tal proposta já nasceu morta e não será executada.

      Ninguém foi à rua pedindo plebiscito ou referendum. Ninguém saiu de casa para discutir se o financiamento de campanhas deve ser público ou privado e tampouco alguém se manifestou querendo voto em lista, voto distrital puro ou misto. O que o todo mundo quer é uma vida melhor. Com rendimento digno, segurança, saúde, educação e que ninguém roube o sacrificado dinheiro dos impostos.

      Ou nossas autoridades se fazem de surdas ou são tolas ou nos consideram idiotas, pois inventam situações estapafúrdias para desviar a atenção e, mesmo tendo o país em chamas, em alguns casos, literalmente, cometem certos absurdos, como o profissional que penteia e maquia a presidente e que em nove faturas cobrou R$ 400,00 e na décima passou para R$ 3.125,00. E tem também a turma da FAB (Farra Aérea Brasileira), que graças à imprensa livre ficamos sabendo que o Presidente da Câmara dos Deputados voou  com jato da Força Aérea de Natal ao Rio com parentes e amigos e no fim de semana todos foram assistir à final da Copa das Confederações. Achou normal, pois já que iria almoçar com políticos, não tem nada demais dar carona com o dinheiro alheio. Após a gritaria devolveu R$ 9.700,00 liquidando a fatura. O Ministro da Previdência Social também requisitou avião da FAB para assistir ao mesmo jogo, porém foi de Brasília à Natal para, segundo ele, compromisso oficial, e ao invés de voltar à Brasília, foi ao Rio de Janeiro. Já o Presidente do Senado, que não deve gostar desse tipo de bola, utilizou do mesmo serviço para ir de Maceió a Porto Seguro assistir ao casamento da filha de um deputado. O primeiro pagou pouco, pois não está considerado o custo de aluguel do avião a jato, mas deve ter feito alguma conta com o custo de voo comercial, os outros dois não pagaram nada, pois se consideram no direito de usar tais recursos.


      Será que eles não nos entendem ou não estamos desenhando direito?