segunda-feira, 26 de julho de 2010

Educação.

      A coluna do Roberto Pompeu de Toledo na revista Veja dessa semana trás alguns números interessantes sobre o nível de escolaridade do eleitor brasileiro. Os dados disponibilizados pelo TSE mostram que apenas 46,5% dos eleitores possuem o primeiro grau completo. Brilhante como sempre, ele discorre sobre a democracia e o nível de educação. Recomendo a leitura.

      Também são recentes os dados revelados pelo Ministério da Educação sobre o ranking do Enem, que desde 1998 procura medir a qualidade do ensino e aprendizado no nível médio. A notícia ruim é que pouco se avançou em matéria de educação formal, a boa, é que pelo menos, apesar de algumas críticas e de prováveis falhas, já existe uma sequência de dados que permite construir um panorama da educação.

      O simples fato de existirem dados oficiais já indica um bom caminho, pois todo mundo que trabalha com ciência sabe da importância da medida. Até bem pouco tempo isso era tratado como a previsão do tempo, se eles falam que vai chover é porque haverá sol ou vice e versa, mas hoje, até a própria previsão do tempo tem melhorado, muito mais em função da inteligência de alguns pesquisadores do que por causa de investimentos sérios e necessários nesse setor.

      Eu gostaria de propor um novo índice para medir o grau de educação no país: a limpeza dos banheiros e das ruas. Sim, porque não importa quão diferentes ou educadas as pessoas sejam, uma hora ou outra essas deverão utilizar o banheiro, e não é exatamente sobre o uso que pretendo me referir, mas ao estado em que o deixam depois que o utilizam, assim como há também o mau uso que fazem dos logradouros públicos.

      Quem se utiliza de banheiros de uso coletivo instalados em rodoviárias, aeroportos, escolas e empresas sabe bem do que estou falando. Por mais que o esforçado funcionário se desdobre para mantê-lo limpo, a educação dos usuários o vence. Há uma lista enorme das barbaridades que pode até mesmo começar por aquele pequeno e inocente pedaço de papel toalha que o infeliz derruba dentro da pia e não o joga no lixo. Depois de molhado ele vai para o ralo entupindo a pia e somando-se a outros detritos. Fica uma beleza!

      Deveria haver uma espécie de tanque com desinfetante para que se colocassem os sapatos ao sair do banheiro, pois eles ficam muito mais contaminados ao sair do que quando se entrou. Sobre as bacias sanitárias então, bem, é melhor nem comentar. Eu sempre pensei que nos aviões deveria haver banheiros exclusivos para as mulheres porque não gosto do que vejo, mas qual foi a minha surpresa ao saber que mesmo essas reclamam do uso que suas companheiras fazem desses recintos, ou seja, a nojeira não é uma exclusividade masculina.

       Como ando de bicicleta por ruas, pistas e trilhas, constato a grande quantidade de lixo que é jogado por todos os cantos. São garrafas plásticas, de vidro, latas, sacos, restos de construção, folhas e galhos, pneus, colchões, sofás, travesseiros, enfim, tudo quanto é porcaria depositada onde não se deve. Como a natureza não seleciona, invariavelmente isso vai para os bueiros e, em seguida, para os córregos, é uma maravilha de civilidade. O brasileiro é antes de tudo, um porco.

sábado, 17 de julho de 2010

A Última Aula

      Foi a última aula porque ocorreu ontem, não porque não haverá outras. Ontem o ex-diretor veio despedir-se de nós que trabalhamos com ele e, evidentemente, almoçamos juntos. Foram cerca de 3 horas em que mais ouvi do que falei, o que é muito difícil de ocorrer, pois às vezes me considero um bom falante e péssimo ouvinte. Ouvi atentamente o relato de várias situações e de todas as suas razões para desligar-se da empresa que ele considera excelente, e que é também aquela em que ele trabalhou por mais tempo, mas com tal clareza não posso deixar de lhe dar razão.

      Trabalhar é bom, e para muitos como eu, é também necessário, mas há várias maneiras de se trabalhar, pode-se fazer o que se pede, fazer o que precisa ser feito ou fazê-lo porque se gosta. Isso pode ser um fardo ou um prazer que depende de vários fatores. Já fiz a seguinte pergunta a várias pessoas: o que mantém uma pessoa na mesma empresa por muito tempo? Invariavelmente as respostas passam por competência e honestidade. Meio certo! E como dizia um professor que tive, um teorema meio certo é totalmente errado. Honestidade não é uma qualidade que se deseja, ser honesto é obrigação, e competência que é sim desejável, nem sempre é o fator decisivo, pois sempre que se trabalha em grupo, um supre a dificuldade do outro, e se o menos habilidoso é uma pessoa boa, daquelas que todo mundo gosta, ele vai ficando, fazendo as suas tarefas que com o tempo se aprende de tanto repetir e vai levando a vida... Para mim só permanece por muito tempo aquele que assimila a cultura da empresa, sim, pois embora haja alguns padrões de funcionamento, cada empresa tem a sua própria identidade, e decifrá-la é imperioso para quem quer se manter, digamos, estável. É claro que ao longo do tempo ocorrem desgastes, mas o adaptado se sente bem, já aqueles que não se identificaram com a empresa ou sairão logo ou serão os eternos descontentes.

      É doentio ficar brigando com tudo, com todos e com o mundo, já, fazer o que se gosta é saudável, principalmente na vida profissional que é o longo período em que a pessoa é mais produtiva, e o local de trabalho costuma ser aquele onde mais tempo se passa e também onde os maiores relacionamento se desenvolvem. Porém quando se é empregado nem sempre é possível fazer somente o que se gosta, há sempre alguns processos, ritos e formalismos a serem cumpridos. O conhecimento aumentou, a tecnologia se desenvolveu e a riqueza cresceu, mas os tais processos são perpétuos e modificaram-se apenas para dar mais trabalho. Há 20 anos os assuntos profissionais eram tratados com ofícios e memorandos datilografados, os internos eram distribuídos manualmente e os externos enviados pelo correio, eu costumava emitir cerca de uns 250 a 300 por ano, ou seja, menos de um por dia. As ferramentas imediatas eram o telefone e o fax, que já havia sido a inovação, pois antes era o telex. Após a expansão das comunicações e da internet com os seus e-mails, com o telefone celular e com as planilhas de cálculo, o imediatismo aumentou e a quantidade de informação ganhou a estratosfera. Fico constantemente conectado, recebo e manipulo pelo menos umas 40 mensagens pertinentes ao dia, fora o monte de lixo, muitos dos quais apago sem ler, e sempre tenho uma tabela para analisar. As ferramentas são boas? Sim, mas a exigência é grande e administrá-la toma mais tempo do que, no meu caso, fazer engenharia.

      Além disso somos governados por uma legislação trabalhista arcaica. Muitas vezes vemos reportagens de trabalho escravo no campo ou sem condições de segurança na cidade, onde e a lei é necessária, mas não necessariamente cumprida. Já nas corporações mais sofisticadas onde o nível mínimo de educação exigido é o chamado segundo grau e onde predominam os funcionários que possuem cursos de graduação, essa tutela é totalmente desnecessária e inaceitável. Apesar da tecnologia possibilitar, os processos não se modificam porque a lei não permite e os sindicatos não participam para o avanço, mas influenciam apenas para continuar arrecadando e gerando um punhado de políticos retrógradas, corruptos e interessados em aparelhar o estado e perpetuar-se na mamata. Dessa maneira temos que continuar engessados em bancos de horas, horas extras, documentos inúteis e produtividade baixa. Por que isso não pode ser diferente? Não seria possível ser remunerado pela função e poder escolher como, onde, quando trabalhar e produzindo o que se espera? Essa não é uma relação mais justa e digna de duas partes mais esclarecidas e comprometidas?

      Pois é, quantas pessoas têm capacidade para perceber isso e mesmo precisando trabalhar têm a coragem de dizer: para mim isso basta. Quero qualidade de vida, vou fazer ciência e viver do meu conhecimento. Essa foi a minha última aula.

sexta-feira, 16 de julho de 2010

Troca de Experiências.

      Há vários assuntos sobre os quais pretendo escrever e alguns deles até iniciei, mas por falta de inspiração estão na geladeira aguardando o meu não-sei-o-quê para continuar. Quando escrevi Conversa no Elevador me referi às frases muito honesto e semi-analfabeto, e comecei a escrever também sobre uma expressão comum à linguagem de professores e que também é moda nas administrações: a troca de experiências. Lendo a publicação Daydream believer no blog que sigo: Mundo da Val ( http://mundoval.blogspot.com/ ), fiquei com vontade de continuar a falar sobre isso, pois a descrição que a Valéria faz vem maravilhosamente bem ao encontro do que penso.


      É possível que com a expressão troca de experiências se queira remeter à troca de informações, porque experiências não são passíveis de troca. Troca-se aquilo que é objeto ou objetivo, mas não o subjetivo. Se duas pessoas vêem juntas o por do sol elas não estão vendo a mesma coisa, pois os ângulos são diferentes, a acuidade visual é diferente e, principalmente, a sensação é diferente, uma pode gostar do que viu e a outra não.

      Já me vi na enfadonha situação de visitar um amigo e ele querer mostrar-me todas as fotos de sua última viagem. Tudo bem que eu gosto dele, mas ele não precisava exagerar; meia dúzia já seria suficiente, mas como eu poderia interrompê-lo se ele fazia isso com enorme satisfação? Sim, o lugar é bonito, entendo que ele se divertiu e aproveitou muito, mas para mim foi o suficiente, bastava saber que ele estava bem, mas tive que contribuir para o prolongamento da felicidade dele mesmo sendo para mim, um verdadeiro tormento. Gostei de saber de algumas particularidades do lugar e de algumas situações cômicas, mas graças à tecnologia, são mais de 500 fotos. Se a viagem tivesse ocorrido a uns 20 anos seriam apenas umas 50 e eu não passaria por isso. O que aprendi dos lugares por onde ele andou foi simplesmente informação recebida, mas as sensações que ele teve eu jamais as terei, ou seja, não houve troca de experiências.

      Por mais íntimas que as pessoas sejam e por mais afinidades que tenham, nem mesmo assim essa troca é verdadeira. É possível imaginar um momento mais comum que a relação sexual? Nem mesmo nesse momento se compartilha e mesma experiência porque os sentidos e sentimentos são diferentes, e até mesmo por não ser possível quantificá-los como poderiam ser trocados? Pode ser bom ou ruim para um ou para todos, mas não dá para um ir embora com o sentimento alheio.

      Quando transportada para o meio profissional, a tal troca fica totalmente sem sentido, pois além de não significar nada, alguns sempre se acham superiores e tentam impor o seu modelo aos demais e defendem a sua experiência como produto de conhecimento e eficiência ímpares, produzindo um resultado sempre inútil. Nesses casos é melhor ser objetivo e prestar informações desprovidas de emoção, e quem tem capacidade que as avalie e aproveite, quem não tem, bem...que continue trocando experiências.

quinta-feira, 15 de julho de 2010

Ontem, ao telefone, eu chorei.

      Não sou empresário, não sou empreendedor e não sou profissional liberal, sou empregado. Desconsiderando os subempregos da adolescência e o meu primeiro registro como auxiliar de escritório, sou há 33 anos profissional de televisão, sendo 31 em 3 empresas desse mesmo grupo em 4 diferentes cidades. Considero uma excelente empresa e tenho orgulho em dizer que sempre tive as melhores condições de trabalho. Imagino até que perdi um pouco da minha criatividade, pois não preciso improvisar muito, mas ganhei em eficiência e realizações. Nós costumamos dizer que a empresa é uma mãe, mas ouvi uma garota, da qual eu não esperava nada tão inteligente, dizer que, na verdade, a empresa é uma avó, pois as mães, às vezes, dizem não!

      Também costumo dizer que tive 4 pais, o biológico que faleceu por problemas relacionados ao coração e agravados por bebida e cigarro, mas que geneticamente me transferiu algumas habilidades e foi o responsável pela minha formação e caráter. Tive ainda 3 pais profissionais, o primeiro não me ensinou muito, mas confiou em mim e deu-me todas as oportunidades, inclusive me demitindo do primeiro emprego onde era o meu chefe e me contratando em sua própria empresa e depois me indicou para uma vaga no grupo atual. Ele faleceu em decorrência de uma profunda depressão, mas eu pude demonstrar o quanto ele foi importante em minha vida. O meu segundo pai profissional foi o primeiro diretor técnico desse grupo. Bom engenheiro e, como judeu, excelente administrador. Uma pessoa que se posicionava vários níveis acima das demais, não por arrogância, mas por conduta, era, enfim, um lorde. Ele também não me ensinou muito, mas foi com ele que aprendi sobre administração e foi também o responsável por todas as oportunidades que tive e aproveitei, além de ter-me tirado de um monte de encrencas que criei durante o início da minha carreira quando eu ainda era muito ignorante e arrogante; infelizmente ele veio a falecer vitimado por um câncer de pele, contra o qual lutou bravamente.

      O último deles despediu-se de mim ontem por volta das 7 da noite. Simplesmente decidiu deixar a empresa porque a sua meta é viver bem e praticar a engenharia em sua essência sem precisar se envolver em disputas tolas. Trabalhamos juntos por 17 anos e sempre que íamos nos encontrar eu deixava papel, lápis e borracha disponíveis, pois certamente eu iria ouvir a pergunta: você sabe como isso funciona? E lá vinham vários desenhos e contas, muitos dos quais ainda preservo pois poderão ser-me úteis. Além de excelente engenheiro ele é um visionário e responsável pelas decisões estratégicas que ao longo do tempo se mostraram produtivas, no entanto achava ser enfadonha a administração do dia-a-dia. Durante toda essa convivência eu briguei com ele umas duas ou três vezes, mas ele não brigou comigo e ainda me apoiou, e mais do que isso, me dava autonomia para decidir e fez com que eu entendesse que a administração de pessoal é antes de tudo uma questão de justiça. Assim posso dizer que além de uma autoridade brasileira para os assuntos de radiofrequência, para mim ele é uma referência moral.

      Sou uma pessoa de sorte pois nunca tive chefe ruim, mas ontem, ao falarmos ao telefone, eu chorei.

segunda-feira, 5 de julho de 2010

A copa é do mundo, a conta é nossa.

      Os esportes se assemelham quando são vistos sob a ótica dos números. A maior vitória é a que está por vir, o melhor é aquele que mais venceu, e o recorde é insuperável até que seja batido. Mas o que faz a beleza do futebol é uma particularidade, ao contrário da maioria deles, no futebol uma equipe fraca pode ganhar de uma forte. Basta ficar na defensiva, fazer um gol em um golpe de sorte e deixar o tempo passar sendo sufocado e rifando a bola (a expressão rifar a bola significa chutá-la de qualquer jeito desde que para bem longe da própria área). Sobre os demais podemos dizer que são como o carnaval e o natal, todo ano tem, já o futebol é como o dia 29 de fevereiro, pois a copa do mundo só acontece a cada quatro anos.


      A despeito dos erros técnicos que foram cometidos por essa seleção, o maior problema é estrutural. Apesar do nosso país ser um celeiro de craques, os nossos campeonatos são deficitários, um fracasso de público, de organização, e formado por clubes endividados. Temos um sistema onde as federações e a confederação não representam os clubes, mas se impõem politicamente. Sendo a indústria do esporte uma das que possuem maior dinamismo financeiro, é natural que, em uma nação de aproveitadores, muitos dos dirigentes queiram tomar o seu quinhão. Por isso vemos resultados comprados, jogos cancelados, escalação de jogadores para que sejam valorizados e posteriorment negociados, e o público, bem, o público é apenas um detalhe movido pela paixão e convenientemente acéfalo também chamado de torcedor.

      Apesar da eliminação o show continua e 2014 já está ali. Pra dizer a verdade, já estamos atrasados, pois ainda não foram iniciadas as obras necessárias para a realização dos jogos. São obras gigantescas que extrapolam os estádios, esses são meros detalhes perto da necessidade de transporte, hospedagem, segurança, hospitais, comunicações e outros tantos serviços. Estamos falando da ordem de alguns bilhões de dólares e quanto mais demorarmos, mais caros serão os custos, e mais oportunidades para desvios de recursos, porque a maioria dos projetos será custeada e gerida pelo governo, ou seja, com o nosso dinheiro, e agora que o Morumbi foi desqualificado em retaliação ao apoio do São Paulo à oposição na eleição para a presidência da CBF, a nossa conta aumentou, pois o governo terá que construir também uma arena.

      Porém se alguém está pensando que por ser aqui iremos ver os jogos nos estádios, esqueçam, isso é para estrangeiros, pois os ingressos custam uma pequena fortuna e são vendidos em um sistema de reserva e sorteio, você pode querer assistir a um jogo da Alemanha x Holanda e ter o ingresso para Gana x Grécia. Mas não importa, o compromisso está assumido, daqui a quatro anos estaremos, por um mês, em todas as manchetes. Se seremos bem vistos eu não sei, mas sei muito bem quem irá pagar a conta.

sexta-feira, 2 de julho de 2010

Miringite Bolhosa

      Foi de repente. Passei um ótimo fim de semana e uma segunda-feira tranquila até surgir aquela sensação de estar com areia na garganta. Logo me veio à lembrança que nesse ano não tomei vacina contra gripe como sempre faço. Antes de viajar procurei o convênio saúde, aquele que alguns chamam de convênio doença, pois quem tem saúde não precisa dele, mas a vacina não estava disponível. Procurei em clínicas particulares mas também não encontrei. A campanha nacional de vacinação não iria me atingir, pois a idade em que me encontro não foi considerada prioritária pelo governo. Talvez porque ainda estejamos na idade produtiva, os maduros que pagam a maior parte dos impostos não precisam de proteção, virem-se se forem capazes. Tem mais, me sugeriram utilizar do expediente da mentira. Vá a um posto de saúde e diga que você tem uma doença crônica que eles te vacinam sem precisar de comprovação. Vá lá bobo, todo mundo está fazendo isso. Mas eu não fui, o idiota aqui não gosta de mentir. Enfim, após muitos anos senti a sensação de estar resfriado.


      À noite em casa tomei um desses comprimidos que combatem os sintomas aliado com um famoso chá de alho que minha avó já usava, que pode até servir como anti-inflamatório (ou antinflamatório – não sei mais como se escreve), mas que deixa um cheiro que espanta até pernilongo, e posso dizer que dormi bem. Na terça-feira pela manhã ao tomar banho senti uma sensação de alívio e descongestão nasal, tomei outro comprimido e fui trabalhar. Passei outro dia muito bem, parecia que não seria ainda dessa vez que o resfriado me pegaria. Parecia! Durou até 6:30h quando repentinamente escutei um “ploc” no ouvido esquerdo e esse ficou completamente obstruído. Fui para casa com uma sensação horrível, pois justo agora que parecia que a garganta estava sarando vou ficar ruim do ouvido? Que que é isso? Faz muito mais de 30 anos que não sinto dor de ouvido, nem me lembro quando foi a última vez. Pois é. Doeu. E muito.

      Vocês já conhecem a fama que os homens têm quando estão doentes. São moles, e não nego, sou mesmo. Lá estou eu em casa tomando o mesmo tipo de comprimido, o mesmo chá, com bolsa de água quente que se não resolvia pelo menos era gostoso, pois compensava o frio noturno.

      Mais remédio na quarta-feira pela manhã e consulta marcada para as 14:45h. Me portei bem no trabalho até o horário marcado e fui atendido exatamente no horário. Aliás, qualquer dia escreverei sobre essa questão do respeito ao tempo, ela já está na minha lista, e se vocês quiserem saber qual é o médico que atende no horário é só me perguntar. O diagnóstico foi simples e rápido, se fosse pela gripe você não iria tomar nenhum remédio, pois ela está fraca, mas você tem Meringite Bolhosa (podem procurar no Google). O quê? Isso mesmo, uma otite média aguda. Que é uma bolha, provavelmente causada por vírus, que se desenvolve próxima ao tímpano e que irá estourar sozinha, mas até lá vai doer. O tratamento? Antibiótico duas vezes ao dia durante sete dias, e para tirar a dor é simples, vamos furar a bolha. Como? Isso mesmo, aplica-se um anestésico local, que acho que foi um placebo, e com uma agulha esterilizada, faz-se uma punção rápida e o alívio é imediato.

      Confesso, sou medroso. Não dôo sangue porque desmaio. Não entro em hospital porque minha pressão abaixa e eu, de visitante me transformo em paciente. Pronto, comecei a suar frio e me agarrei nos braços da cadeira e... ploc... , e lá se foi a bolha junto com um barulho enorme e uma dor lancinante mas rápida, e nem sangrou! Realmente o desconforto foi reduzido em muito, e à noite comecei a tomar o antibiótico. Hoje, que vou tomar o quinto comprimido já estou me sentindo melhor, mas dormi pouco e mal nas duas últimas noites, acho que faltou tomar o analgésico que me foi receitado e que eu nem comprei. Não suporto essa sensação de incapacidade, pois tenho um monte de coisas para fazer nesse final de semana, inclusive testar a bicicleta speed que comprei e ainda não andei. Quero de volta a minha saúde e preciso me livrar de uns 2 kilos.