domingo, 9 de agosto de 2015

De Que Lado Você Está?

      A humanidade se desenvolveu mas não foi sem dor, e isso fica evidente quando um grande e barulhento grupo começa a perder. Há situações em que se é fácil tomar partido, outras, nem tanto. Ser contra a escravidão? É fácil. Ser contra o racismo? É fácil. Defender a escola pública, gratuita e de qualidade? Nem se diga. Mas defender o auxílio reclusão? E defender a pena de morte? E quando somos nós ou alguém próximo que está perdendo? Dá para ser imparcial? Por exemplo, todo mundo sabe que o frete é um dos grandes componentes do chamado custo Brasil. Em sendo reduzido, muitos preços poderiam ser menores, seríamos mais competitivos na exportação e isso geraria riqueza, para isso o transporte ferroviário e o hidroviário deveriam ser incentivados. Isso traria um efeito colateral, muitas empresas de transporte rodoviário fechariam, muitos motoristas perderiam os seus empregos e o mesmo ocorreria com a industria de caminhões. Em qual lado devemos ficar?

      A revolução industrial foi dolorosa para os artesãos, a tecnologia mudou radicalmente a agricultura e a sociedade da informação está acabando até mesmo com as ligações telefônicas. Hoje as empresas de telecomunicações ganham mais com dados do que com voz. Muita coisa desaparece, muita coisa se transforma e independente do lado que queiramos defender, nem sempre seremos atendidos. A televisão não acabou com o rádio, mas esse se reinventou, deixou de ser mundial e passou a ser local. A internet ainda não acabou com o jornal, com a televisão nem com o rádio e nem sei se acabará, mas a televisão está voltando a ser como no início, tempo em que não havia gravadores de vídeo, cada vez mais a programação está sendo transmitida “ao vivo”. Hoje a própria Globo entra no ar “ao vivo” às 5 da manhã e segue assim até o final do Video Show, próximo das 15 horas.

      O CD praticamente matou o vinil, e hoje o download de musicas praticamente matou o próprio CD. As fotos eletrônicas acabaram com os filmes e reduziram em muito as impressões, e em todas essas mudanças alguém sempre ganhou e alguém sempre perdeu. Há cerca de um ano escrevi sobre os taxis de Salvador e elogiei o serviço das cooperativas, ele modificou o processo porém manteve os mesmos atores, mas agora a estória já não é a mesma. O aplicativo Uber, o mais conhecido, e seus similares vieram para modificar a estrutura e vai conseguir. Citei no mesmo post que o alto custo das licenças para se dirigir um taxi era produto do numero limitado de licenças, o que não existe na lógica do Uber. Para se trabalhar são poucas as exigências, mas o bom atendimento é o que o diferencia do taxi comum ou até mesmo do chamado especial, que de especial só tem o nome e o preço.

      Nessa luta eu não tomo partido e nem me afeta muito, porém sei que o barulho que a categoria faz, e que não é pouco, não vai dar em nada, pois essa é uma briga perdida. Pode ganhar o primeiro round e até nem ser nocauteada, mas, no final perderá. Não dá para brigar com a tecnologia, ela continuará se desenvolvendo independente da nossa vontade.