domingo, 1 de outubro de 2017

Sem Censura

     Pense em alguém que não entende de arte. Eu! Quando criança fui o primeiro selecionado para o coral da igreja, escolhido para ficar de fora! Não toco nem berimbau que tem uma só corda. Um poste dança melhor do que eu. Nunca consegui atuar, nem mesmo nas simulações de aulas de inglês. Em uma das atividades de um treinamento de criatividade me deram uma massinha, consegui fazer uma bolinha, meio oval, claro! Quando me falam de poesia a única que consigo lembrar é o verso, e somente esse, da Canção do Exílio, de Gonçalvez Dias: Minha terra tem palmeiras, Onde canta o sabiá;. Na pintura, não sou capaz de fazer um O com um copo. Sei disso, sou uma negação, mas falar... até papagaio fala...

Night Watch - Rijksmuseum

      Não entendo de arte mas gosto de museus. Visitei vários e em alguns fui várias vezes, e se tiver oportunidade, irei novamente. Eu gostava do Museu da Língua Portuguesa, estive na Pinacoteca do Estado, no MAM, no MASP (várias vezes), e no Museu Paulista (algumas vezes), que conheci quando ainda era o Museu do Ipiranga. Nesse, mesmo sem entender nada, pela primeira vez me vi atraído e emocionado com uma tela, na verdade fiquei arrepiado com Independência ou Morte, de Pedro Américo. Podem falar que é tudo mentira, e claro que é mesmo, até o próprio está no quadro que foi concluído mais de 60 anos depois do fato, podem dizer que ele é quase um plágio da Batalha de Friedland, de Ernest Meissonnier, mas, não importa, além de grandioso não só pelo tamanho, mede 4,15m X 7,60m, o quadro é realmente bonito.

T-Rex - National History Museum

      No Museu de História Natural de Nova York fui muitas vezes, em uma delas não paguei para entrar, quando percebi a falha continuei a visita e paguei na saída, ainda que ninguém me tivesse cobrado, pois ele merece. Adoro ver os dinossauros, e tem uma sequoia cortada que mostra a idade da árvore. Isso me impressiona. Ao seu lado há o Hayden Planetarium, uma maravilha. E a coleção de armaduras medievais e as  telas do Metropolitan? Gosto de ver as clássicas, aquelas pinturas que parecem fotografia. O que dizer dos museus administrados pelo Smithsonian Institute em Washington? E o Air and Space Museum? Nesse tem parte do Enola Gay, o avião que jogou a bomba atômica em Hiroshima e o módulo da Apolo 11 que retornou do espaço, nesse também estive diversas vezes, mas sempre decepcionado com a ínfima referência ao Santos Dumont. Visitei vários outros nos Estados Unidos. Mas gosto muito também do Rijksmuseum de Amsterdam onde há Night Watch de Rembrandt, impressionante, como disse um professor que tive no curso de mestrado, só ficar olhando esse quadro vale a viagem. Encontrei lá uma "Vista de Olinda em PE, de Frans Jansz Post pintada em 1662. Também estive algumas vezes no Van Gogh Museum, é legal, mas Rembrandt me toca mais. Conheci a Tretyakov Gallery, em Moscou, e também o Space Museum, que tem até foto do Marcos Pontes, o astronauta brasileiro. No primeiro havia grupos de crianças junto com seus professores, coisa rara de se ver por aqui.

Armaduras - Metropolitan Museum 

      Da mesma forma que falei de museus eu poderia falar de shows de música, de Paul Mccartney, Celine Dion, Cher, Elton John, Dire Straits, sem me esquecer da Sinfônica Brasileira e da OSESP além de vários artistas nacionais, mas falaria também de peças como CATS, Fantasma da Ópera, Chicago e Cirque du Soleil (vários) e muito mais, Evidentemente não gostei de tudo o que vi, porém paguei assim mesmo. Paguei porque eu queria ver. Criar é premissa de quem faz, valorizá-la é de quem deseja. É do seu público, é de seus fãs.


Vista de Olinda - Rijksmuseum

      A arte pode ser provocativa, intrigante, irreverente e não pode ser censurada pelo estado. A expressão deve ser livre, afinal, estamos em uma democracia. Eu posso não gostar, mas não posso proibir que seja feita e, principalmente, que alguém goste, aprecie, aprove. Porém da mesma forma que quem a faz, a produz e a executa pode e deve divulgá-la, quem não gosta pode fazer a propaganda negativa, e pode até ser que o tiro saia pela culatra. Mas os direitos são iguais e disponíveis para os dois lados. Se eu gostar eu posso falar bem, se eu não gostar eu posso falar mal. E hoje é muito fácil, pois os canais são vários e poderosos, além de gratuitos.

Estudantes - Tretyakov Gallery

      Para mim, tanto a malfalada exposição no sul que não acompanhei, mas vi pelo menos dois dos quadros, se é que se podem assim ser chamados, polêmicos, que para mim eram uma porcaria de dimensão infinita, quanto aquela caracterizada por instalação do camarada pelado em São Paulo, podem ser realizadas, vai quem quer e que paguem por isso. Agora, fazer com dinheiro captado junto a empresas que terão abatimento em impostos, isso não. Eu não concordo. Aliás, aqui a conversa é mais profunda, para que é mesmo que existe o Ministério da Cultura? O presidente Temer não iria constituí-lo, recuou sob pressão “dozartistas” e fez um bem, o ex ministro delatou o outro ex ministro que caiu em desgraça e agora está preso. Mas foi a ação da pessoa, não do ministério. O presidente Temer poderia aproveitar o alto dos seus 97% de impopularidade e acabar de vez com essa excrescência, ele não perderia nada e ainda deixaria de onerar o estado.

      Para o que hoje existe e depende puramente de dinheiro estatal deve-se fazer um período curto de transição até que seja totalmente administrado pela iniciativa da sociedade, pois ao governo cabe cuidar de casa, comida, saúde, educação e segurança, pois o resto é negócio, e como tal deve ser tratado. Com tanto subsídio e pseudo proteção, hoje nosso país gravita em torno da posição de número 80 de criatividade e inovação. Isso é muito pouco para uma nação possui a economia entre as 10 maiores do mundo.