Senhora Dilma, nunca votei na senhora e não será dessa vez, e nem é pelo fato de conhecer apenas superficialmente sua carreira política que começou em um estado que não me faz gosto, e pelo que me lembro a senhora abandonou a Secretaria de Fazenda de Porto Alegre no governo do Alceu Collares num momento caótico, sem relatórios gerenciais, sem um tostão em caixa, e lixo espalhado pelas ruas. Mas reconheço que tenho que admirá-la por ter apoiado a Carta aos Brasileiros, que determinava mudança de rumos do seu atual partido e pelo respeito aos contratos, mas para mim, isso ainda é pouco.
Senhora Dilma, não tenho o preconceito de não aceitar uma mulher como presidente da nação, até mesmo porque considero as mulheres mais sábias que os homens e espero vê-las em maior número no congresso e no governo, e nem duvido da sua capacidade administrativa, mas apesar da sua fama de truculenta não acredito que a senhora possa conter alguns setores radicais de seu partido e de agremiações ilegais como o MST que fizeram a festa no governo atual e deverão se deleitar caso a sua vitória se concretize. A senhora não possui o carisma do atual presidente que traz à mão o partido, e nem me surpreenderia, caso a senhora seja eleita, que daqui a quatro anos ele venha a ser, de novo, o candidato.
Senhora Dilma, a minha maior implicância não é pelo tom de sua campanha, pois entendo que uma coisa é governar e a outra é ganhar a eleição, mas não posso compactuar com algumas atitudes, dentre elas o de descaracterizar a verdade como foi uma marca desse governo em todos os escândalos, desde o dos cartões corporativos onde pegos com a boca na botija, vazaram informações pessoais do FHC apenas para justificar: nós fazemos apenas o que eles supostamente fizeram. Não justifica! Veja também o caso do mensalão, onde sistematicamente se pagava pelos votos aliados e foi reduzido ao nível de prática continuada cujo início se deu no governo Tucano em Minas. Oras, erros são erros e não importa de quem seja, devem ser combatidos naquele e nesse governo também. Ou a senhora defende a tese: aos amigos tudo, aos inimigos a lei?
Senhora Dilma, não é aceitável que uma postulante ao maior cargo executivo da nação não siga a própria lei, e não podemos admitir que a sua campanha tenha recebido sete multas por ter desrespeitado a lei eleitoral. Se a lei não é adequada, que seja mudada de acordo com as regras, mas não cumpri-la e ainda fazer pouco caso da mesma é papel infantil, indigno de uma autoridade. Além disso, como acobertar os escandalosos casos dos dossiês? Seriam essas práticas justificáveis para se chegar ao governo? Se as mesmas apenas beiram a ilegalidade estão profundamente mergulhadas na imoralidade, e prefiro ter um governo pífio mas íntegro e que cuide apenas da educação, do que um antiético tocador de obras. E falando em obras, porque ainda não foram divulgados os balanços do PAC 2 que sabemos que já estão fechados? Seria porque o andamento não foi o esperado e não se quer dar munição ao adversário? Todos sabemos que os tais programas de aceleração são apenas rótulos para obras já previstas e iniciadas, e que nem por isso tiveram o desempenho esperado como seria normal em uma companhia privada.
Senhora Dilma, a sua jóia da coroa é a Petrobras, da qual a senhora foi a presidente do conselho, mas como explicar para a população situações como o exemplo a seguir: durante o governo FHC os trabalhadores puderam investir parte do FGTS em ações da Petrobras e da Vale e eu fiz isso. Embora em tempos diferentes investi 15 mil na Petrobras e cheguei a ter cerca de 250 mil na conta, hoje tenho apenas 106 mil, ou seja, perdi mais de 50% do capital, nesse mês a perda é de 10% e o acumulado nos últimos 12 meses de 24%. Já com a Vale, onde só pude investir 3 mil, tenho 29,9 mil, o ganho nesse mês é de 5% e o acumulado no ano é de 28%. Eu sei que a aplicação em ações é um investimento de risco, eu arrisquei, ganhei, perdi e aceito, mas qual é a avaliação que a senhora, como ex-presidente do conselho de uma empresa que podemos considerar estatal, pois o governo tem a maioria das ações e comanda a empresa, faz da sua administração? Como o governo que a senhora defende e quer suceder pode condenar a privatização, se a estatal perde metade do seu valor e a privada valoriza 1000%? Eu tenho uma resposta para essa administração: um desastre! Se fosse uma companhia privada vocês todos estariam na rua.
Senhora Dilma, a despeito da questão saúde, onde a senhora portou-se com galhardia frente aos problemas como convém a quem é responsável por sua história, não podemos dizer o mesmo sobre as mudanças de posturas. Ouvimos diversas vezes e foi incontavelmente repetida pelos meios de comunicação, a sua defesa ao direito de aborto e à união homossexual, o que a fez mudar de ideia? Ou elas não foram mudadas e apenas não podem ser admitidas? A senhora tem certeza de que não foi obrigada a fazer ouvidos de mercador para tentar se eleger? Se não, o que foi que houve? Se sim, onde está a sua autoridade?
Senhora Dilma, eu acredito na tendência das pesquisas e a senhora provavelmente será a nossa próxima presidente, e espero estar errado quanto as minhas avaliações, pois não me importo de não acertar, prefiro ficar melhor, no entanto, o quadro que se adivisa não é animador, pois faça-me então mudar a minha opinião e no futuro poderá merecer o meu voto.