quarta-feira, 25 de maio de 2011

Acidente.

      Sabe aquela zombeteira resposta à pergunta: o que fiz de errado? Nada, só nasceu! Pois é hoje não fiz nada de errado mas claramente colaborei, apenas por estar na rua, para um acidente que por muito pouco não foi sério e ao qual assisti de camarote, ou melhor, do selim da bicicleta.
      Às 6:35 da manhã saí de casa com a mountain bike para o percurso básico, ir até Ibaté por dentro dos canaviais e voltar a tempo de tomar café e chegar cedo ao trabalho. São cerca de 30 km que percorro em aproximadamente 1:30h, pois se trata de um trajeto relativamente fácil. Normalmente rodo uma quadra e meia na contra-mão da rua de casa e ao chegar na rua Riachuelo acelero um pouco, mas logo tenho que reduzir, pois no cruzamento com a Marginal tenho que virar à direita num ângulo superior a 90 graus. Apesar de a descida ser em uma rua preferencial, fico atento aos 2 cruzamentos, pois não custa muito para um desavisado cortar a frente. A Riachuelo, em 3 quadras, tem um desnível de uns 40m onde se atinge facilmente 60km/h.

      Hoje ao chegar à Riachuelo vi à minha direita um pedreiro, que poderia ser um ferreiro, ou carpinteiro, enfim um trabalhador de obra, descendo com uma bicicleta em alta velocidade, sem segurar, e com as mãos cruzadas sobre o peito. Lógico que a proteção da cabeça era um boné de propaganda. Sem nenhum risco, pois ele estava a uns 70m acima, cortei-lhe a frente posicionando-me à direita e acelerei. Imagino que ele tenha pensado: esse playboy, ou coisa que o valha, pois eu estava trajado como ciclista esportivo e pedalando em uma bicicleta de boa qualidade, não vai ficar na minha frente. Tenho que passá-lo! Duas quadras abaixo ele me alcançou já com as duas mãos apoiadas no guidão e a uns 65km/h e acelerando. Nesse momento eu já estava reduzindo para fazer a curva e pensei: o cara é louco, ele não vai parar. E ele não parou.

      Simplesmente desrespeitou a sinalização de parada obrigatória pois não vinha ninguém à esquerda e avançou. Cruzou a primeira rua e após cruzar o canteiro foi atingido por uma moto, cujo condutor também não havia obedecido à sinalização de obrigatória parada. Apareceu uma labareda de fogo no momento do impacto e várias outras menores produzidas pelas batidas da moto sobre o asfalto. Cada um para o seu lado foi arremessado ao chão e assisti à queda dos dois. Eles levantaram-se cambaleando e atordoados. Na moto quebraram-se as coisas de praxe: espelho, tanque, mata-cachoro e a bicicleta, que era uma Treck, ficou um treco: câmbio destruído e a roda traseira ficou um “oito” entre outros danos.

      Fui atendê-los e os dois mostravam-se “ralados” mas sem fraturas. Nenhum queria o auxílio da polícia e nem do resgate e iniciaram um diálogo. O condutor da moto, um rapaz de uns 25 anos que pelo traje deve trabalhar como vigilante, tentava ser educado, cordial e responsável, admitindo arcar com os prejuízos, mas em primeiro lugar preocupado com a saúde do atingido, e esse, enquanto procurava por seus óculos, analisava a bicicleta e só resmungava uma coisa: filho da p...

      Muitas pessoas que passaram de carro, moto ou bicicleta se propuseram a ajudar, mas os envolvidos recusavam, e eu por ter sido o primeiro tinha também tomado essa iniciativa, e apenas fui útil quando cedi um pedaço de papel para que eles trocassem os endereços para contato e logo fui embora, pois a polícia já tinha sido acionada.

      Por uma questão de milésimos de segundo o acidente não foi fatal. A moto que estava também, sem nenhuma dúvida, acima de 70km/h bateu imediatamente atrás do eixo traseiro da bicicleta. Fosse cerca de 60cm mais à frente teria havido o choque contra o corpo do ciclista e a estória teria sido muito diferente. Não me dando importância mais do que costumo me dar, se eu não tivesse aparecido, provavelmente o tal pedreiro não teria tentado me passar e teria chegado ao cruzamento uns 10 segundos depois da moto e nada teria ocorrido. Pois é, mas eu existo, e apareci ali naquele horário.

domingo, 22 de maio de 2011

As ciências.

      As ciências me fascinam. Todas elas. É claro que há aquelas com as quais tenho mais afinidade e outras que passo muito longe e as ciências médicas se encaixam nesse segundo perfil. Apesar de concordar que o corpo humano é a máquina mais perfeita que existe e que o seu funcionamento é algo espetacular, não me sinto bem estudando esses assuntos. Não pesquiso sobre doenças, remédios ou funcionamento de órgãos ou sistemas. Reluto até mesmo para entrar em hospital, pois o simples cheiro característico faz a minha pressão abaixar, os olhos escurecem, começo a suar e em algumas vezes, cheguei a quase desmaiar. Doar sangue então é uma tortura. Acho importante a doação e gostaria de fazê-la, mas o simples sentar naquela cadeira já me derruba e isso ocorreu em algumas tentativas. Tive várias oportunidades de ver a exposição Body, que apresenta corpos humanos dissecados, mas preferi ficar sempre longe.

      Sobre as ciências sociais e políticas tenho uma leve queda que foi muito maior durante a minha adolescência, mas hoje não passa de admiração, pois me sinto velho demais para iniciar a estudar esses temas. Há aquelas que não consigo aprender de maneira nenhuma como química e biologia. As considero interessantíssimas, e especialmente em biologia vejo a possibilidade de muitas descobertas interessantes, pois o material e o campo de pesquisa é muito vasto, ainda pouco estudado e muito pouco conhecido, essa é uma ciência contemporânea.

      Tenho a graduação de Bacharel em Matemática, mas não aprendi matemática, minha limitação intelectual e capacidade de abstração não me permitem avançar nesses estudos. Eu era muito lerdo perto dos meus amigos de curso. É uma ciência limpa, linda e útil, e se constitui como ferramenta para todas as demais, pois não há ciência sem quantificação, classificação e métodos, e hoje a minha dúvida é se a matemática sempre existiu ou foi criada.

      E a física então? O terror dos engenheiros, como passar nos cursos de física 3 e de eletromagnetismo? Difícil de entender, difícil de estudar, mas fácil de ver os seus resultados. Em tudo o que se constrói, em tudo que flutua, roda ou voa, tem a física. Talvez um avião de grande porte seja exemplo mais bem acabado da física e engenharia. Nele estão contidas todas as áreas desses conhecimentos.

      Extrapolando esse plano, já comentei que, em minha opinião, o fato mais espetacular feito pelo homem foi mandar astronautas à lua e os trazerem de volta vivos, e por trás desse feito está a Agencia Espacial Americana, a NASA, cujas instalações em Houston visitei no ano passado. São inúmeras as contribuições de seus cientistas para a humanidade, são inúmeras as patentes conseguidas por suas equipes e são fascinantes as teorias e explicações que as suas pesquisas nos apresentam do nosso universo, principalmente por nos mostrar a nossa própria irrelevância perto da imensidão do cosmos e, de forma contraditória, da nossa grandeza em buscar o entendimento daquilo que nos cerca. Como se fosse um Oscar pelo conjunto da obra, a NASA merece o Nobel de Ciências.

terça-feira, 17 de maio de 2011

Então tá.

      Sempre que posso, e quase sempre eu posso, logo após acordar verifico minhas contas de e-mail, relatórios profissionais, vejo o site globo.com para saber se o mundo acabou e não me avisaram, me atenho às manchetes e em certos dias priorizo as notícias de esportes para saber se o São Paulo ganhou, o que é bom, e se o curintians perdeu, o que é ótimo. Mas há dias em que essa é uma péssima maneira de começar o dia. Vejamos:

      Não houve. Essa é uma injustiça. Falar que houve mensalāo é uma injustiça com o PT e com as pessoas envolvidas. Essa frase é atribuída ao deputado João Paulo Cunha (PT-SP), um dos 38 arrolados no processo do mensalão.   Ah tá deputado, então Papai Noel existe.

      O jornalista Merval Pereira, de O Globo, chamou de "pedagogia da ignorância" os ensinamentos do livro "Por Uma Vida Melhor" aprovado pelo Ministério da Educação e que preconiza a inutilidade da concordância, considerando como sendo corretas as construções: " nós pega o peixe" e "dois real". Então tá seu ministro, posso rasgar os meus diplomas.

      Na capa do "Estadão" estava estampada: Palácio blinda Palocci, mas petistas pedem explicações. Explicar o quê? Por acaso há algo anormal em aumentar o próprio patrimônio em 20 em apenas 4 anos?

    Mais de 50 presos por desvios na Saúde em 7 estados. Oras, para que precisamos interromper a boquinha que alguns arrumaram para desviar verba  do programa Farmácia Básica? Se o dinheiro é público é de todos, então eles estão apenas pegando o que é deles.

      Condenados pilotos do jato que se chocou com avião da gol. Os pilotos americanos que pilotavam o jato Legacy que se envolveu no acidente do vôo 1907 em 2006 matando 154 pessoas foram condenados a quatro anos e quatro meses em regime semiaberto, pena que foi convertida em prestação de serviços em repartições brasileiras nos Estados Unidos. Imaginem se eles fossem inocentados, provavelmente ganhariam um prêmio.

      Acordando com essas notícias o dia só pode acabar mal. Dito e feito!

sexta-feira, 13 de maio de 2011

Estou ao lado deles.

      Li vários artigos, colunas e partes de reportagem sobre a morte, ou, como queiram, assassinato do Osama Bin Laden. Vi opiniões a favor e contra, críticas e elogios, tanto sobre o fato em si quanto sobre a repercussão do mesmo, e cheguei a uma conclusão: estou ao lado dos americanos.

      De formação e cultura católica, obviamente sou contra o aborto, a pena de morte e quaisquer formas de atentado à vida, incluindo os crimes e as guerras, mas nós vivemos no mundo real e muito pouco ideal. Para conviver precisa-se de regras que são tão mais sofisticadas quanto maior é o grupo, mas cada um tem as suas próprias aspirações e personalidade e pode não acatar algumas dessas, esteja esse correto ou não, mas o caso é que para o bem da maioria, contrariar as regras exige algum tipo de restrição ao infrator, seja moral, física ou pecuniária, e não sendo a sociedade capaz de imputá-la, desaparece o princípio, algo como a impunidade que ocorre hoje em nosso país.

      Os países são como as pessoas, cada um com sua estória, cada um com sua cultura, cada um com a sua importância e influência; e quem determina a convivência entre países? Há vários mecanismos com graus diferentes de poder e influência, mas aqui também vale a máxima: quem pode mais chora menos, e hoje, ainda quem mais pode são os Estados Unidos que é militarmente a única superpotência, e como fazem todas as pessoas, esses defendem os seus interesses utilizando todos os recursos que possuem, sejam culturais, financeiros, tecnológicos, ou, em última instância, o braço.

      Os americanos, de maneira imperialista, difundem a sua cultura, se arvoram ser a polícia do globo e pagam por isso. Após a segunda grande guerra meteram os Judeus no meio do barril de pólvora que é o oriente médio e os apóiam até hoje. Apoiaram o Afeganistão contra a extinta União Soviética e hoje são amigos dos Russos e inimigos dos afegãos. Armaram o Saddam Hussein até os dentes depois o caçaram dentro de um buraco. Em janeiro de 2010 quando ocorreu o terremoto no Haiti, onde o exército brasileiro lidera a força internacional que procura dar alguma estabilidade àquele paupérrimo país da América Central, todos ficaram paralisados, mas os filhos do Tio Sam rapidamente se mobilizaram e montaram hospitais, enviaram equipes especializadas em resgate, médicos, remédios, comida, enfim, simplesmente assumiram a responsabilidade para minorar os efeitos da tragédia. Nos atuais desastres ocorridos no Japão, que é um país rico, eles lá estavam dando suporte. Ou seja, em todos os cantos do globo eles colocam a sua mão grande, e só podem fazer isso porque são ricos, líderes e poderosos. Para uma nação que em 500 anos saiu do nada para a liderança, isso é sucesso, e sucesso, como sabemos, incomoda muita gente.

      Se de um lado os americanos criaram a maior economia do planeta, muitos outros povos são praticamente miseráveis, sendo que alguns não o são por falta de fonte de lucro, mas por não poderem se apropriar dele e, evidentemente, esses povos não estão satisfeitos. Há pobreza em países ricos em todos os continentes e se há alguém que sempre leva a culpa por isso são os Estados Unidos. E o grande exemplo está no médio oriente onde a pobreza aliada ao fanatismo religioso cria um ambiente extremamente hostil. A história nos mostra que a religião provocou muitas tragédias quando tomava para si o papel de estado, assim foram as cruzadas e a inquisição e hoje o que mudou foram apenas os métodos. Ao invés das lutas com “capa e espada” utiliza-se a auto-imolação com explosivos, carros bomba, ou com aviões batendo em prédios como os utilizados em 2001. Hoje com menos frequência, mas que ainda ocorre, em Israel explode-se ônibus lotados. No Iraque, Paquistão e Afeganistão carros bombas são acionados em locais públicos, quando não, alguém se explode dentro de uma mesquita ou mercado. Em todos esses casos ficamos indignados mas não acusamos nem quem produziu a barbárie nem quem a organizou, e também não cobramos dos próprios a responsabilidade e nem coerência, mas porque fazemos isso com os americanos? Talvez seja porque consideramos que eles dispõem de outros métodos, principalmente a civilidade.

      Concordo, no mundo ideal não há espaço para mortes, guerras e vinganças, mas também concordo que no mundo real, não dá para defender os próprios interesses sem, em muitas das vezes, ferir alguém. Nesse episódio especificamente, matar o Bin Laden havia sido promessa de campanha do atual presidente americano, logo ele que ganhou por antecipação o premio Nobel da Paz. O erro foi de quem deu o premio, e não dele que cumpriu o que prometeu. Pode ser que ele dispusesse de outros meios, como capturar, julgar e punir, mas como sugeriu Maquiavel, o mal deve ser feito de uma só vez, e isso vale também para o sumiço do corpo e a não divulgação das fotos e vídeos. Quanto mais se expusesse, mais revolta criaria, e transformaria um maluco em mártir.

      E pensando bem, algum dia você já pensou em vingança ou se vingou de alguém por alguma coisa? Nem mesmo por menor que seja? E para isso não vale o mesmo princípio? Não concordo com as atrocidades, mas já fiz muita coisa das quais me arrependi depois, e não tenho certeza se fosse eu líder daquela nação, no calor dos acontecimentos daquele 11 de setembro, se eu não teria detonado algumas bombas, poderosas, de preferência, nos países que dão guarida a esse grupo que já demonstrou capacidade de levar o terror e o pânico a vários locais. Dessa maneira não posso criticá-los, estou ao lado deles.