terça-feira, 1 de janeiro de 2019

O Meu 2018

      Você sabe o que têm em comum, além de talento, sucesso, dinheiro e fama, Prince, Michael Jackson, Madonna e Sharon Stone? Nasceram em 1958. Em 2018 completariam ou completaram 60 anos assim como eu, que não tenho nenhuma dessas características, e terminei o ano ainda pobre e desempregado. Aliás, no final de 2017 eu já sabia que a minha carreira como engenheiro de televisão, após 41 anos de trabalho, estava sendo encerrada, e eu sonhava em produzir por mais 5 anos. Portanto, 2018 não seria nada fácil, e não foi!

      Foi muito difícil acordar e não ter para onde ir. Fiquei e continuo ainda preocupado com as despesas mensais sem ter receita compatível. Foi o ano em que mais tive tempo e que menos o aproveitei. Não li o suficiente, reli algumas coisas, boas e ruins, li alguns autores novos para mim, mas nem de longe com a mesma vontade e aplicação. Também não me exercitei o suficiente, ainda estou fraco e gordo. Deixei de aproveitar por simples falta de vontade. Deixei-me abater e a procrastinar tarefas que antes eu resolvia de imediato.


Mapa do meu peso em 2018

      Passei também a ter vários problemas de saúde, a começar por insônia, dores na coluna, nos joelhos, resfriado várias vezes, infecção no olho 4 vezes, problemas na pele, estômago, e até tontura. No final de setembro, passei dois dias meio atordoado. Para não fugir à regra, nas poucas consultas com médicos a que me submeti, e respondendo sempre às mesmas e típicas perguntas, quando não era diagnosticada virose, nos casos dos resfriados, a causa poderia ser tcham tcham tcham tcham: estresse! Enfim, tanto nos problemas quanto na causa estou passando pela deteriorização da minha qualidade de vida.

      Quando durmo e sonho, em muitas das vezes me vejo trabalhando. Fico imerso em situações semelhantes às que já vivi e com pessoas com quem trabalhei em todas as emissoras pelas quais passei. Às vezes misturo as situações e as pessoas. É claro que as mais recentes predominam. 

      Não me serve de consolo imaginar que ainda tenho capacidade física e intelectual para trabalhar em alto nível e que fui “abatido” por fatores econômicos. Por outro lado também não culpo os executivos e a empresa que luta para sobreviver em meio à crise. Sou apenas mais um entre tantos outros amigos, colegas e desconhecidos do mesmo setor e também de outros. O desastre econômico produzido por sucessivos governos ruins até que foi abrandado nos últimos dois anos, mas não o suficiente para o mercado reagir, os investimentos aparecerem e a economia voltar a crescer.

      Voltei a morar em São Carlos - SP, onde minhas despesas são menores e aqui estou mais próximo da minha mãe e perto da filha, genro e neto, o que me trouxe vários momentos de felicidade. Deixei para trás, em Salvador, amigos e o mar. Lá eu corria na beira da praia, aqui também tenho amigos, mas quando me animo, corro na margem do córrego do Gregório. O que por si só, já faz uma enorme diferença.

      É grande a dor de estar desempregado. É maior a dor de ter tido a carreira encerrada pela circunstância, não por opção. E ainda doeu muito mais o fato de não ter deixado um legado no último emprego. Tenho consciência de que não produzi um desastre, mas ser apenas normal nunca me foi suficiente. Até reconheço que para algumas pessoas com as quais trabalhei diretamente fiz a diferença, mas para mim foi pouco. Ainda vai demorar muito para que eu assimile essa queda.

      Em nossas vidas há elementos que marcam determinadas passagens. Pode ser uma pessoa, uma imagem, uma fragrância, um gosto, uma música, enfim, são coisas particulares, e eu associaria esse ano à frase: “…e sem o seu trabalho, o homem não tem honra…" 

https://www.youtube.com/watch?v=2t7XXneQgtk


      A vida tem que continuar. Não é do meu feitio aceitar passivamente, sem reagir. Uma característica da engenharia é resolver problema e estou diante de um enorme! Não consegui meu diploma de engenheiro no lixo, e, além do mais, tenho responsabilidade para com várias pessoas. Não vai ser rápido, não vai ser fácil, não será indolor, mas estou me estruturando para voltar a ser produtivo e a gerar receita.

      Principalmente no segundo semestre houve uma politização imensa na sociedade brasileira, houve uma renovação marcante no poder executivo e legislativo federal e há um clima de muito otimismo para 2019. Todos sabemos que os problemas estruturais não serão resolvidos de imediato, que a crise ainda se arrastará por algum tempo, mas o que importa é a direção. Se o novo governo traçar um caminho coerente pode ser que o otimismo se concretize e dessa forma todos possamos colher bons frutos. Que venha 2019.