Nasci e cresci nos tempos da guerra fria, período em que havia duas superpotências econômicas e militares que polarizavam as demais nações do globo tentando cooptar as indecisas para que adotassem o seu regime político e econômico. A União Soviética liderando o bloco da chamada Cortina de Ferro representando o socialismo e a ditadura militar, e os Estados Unidos estendendo aos ocidentais a democracia e o capitalismo. Entre idas e vindas, tensões e distensões, o bloco Soviético foi desmantelado em 1979 a partir de marteladas no muro de Berlin, aquela monstruosidade criada na segunda grande guerra que dividiu, em duas, a Alemanha. Andando com as próprias pernas ou com as próprias bicicletas, a China, se encontrava mais alinhada, mas não totalmente aderida, ao bloco Soviético, era comunista, com governo militar ditatorial e miserável.
Muita coisa mudou nos últimos 30 anos, a tensão de uma guerra nuclear foi reduzida, a Rússia, que liderava o império Soviético tornou-se uma quase economia de mercado, já há um arremedo de democracia e não perdeu o status de potência militar e científica, já a China, com uma política centralizada e competente, começou como os japoneses a copiar os produtos estrangeiros e dirigiu a sua indústria à exportação, expondo-se à competitividade e que, suportado pela mão de obra barata e semi-escrava, passou a ser um player mundial como base de inovação tecnológica. Por ter um mercado interno enorme e lançar mão de artifícios comerciais como a manutenção da desvalorização do Yuan, a moeda local, ultrapassou o Japão e passou a ser a segunda maior economia do planeta, e em 15 ou 20 anos deverá atingir o topo, enquanto os Americanos se arrastam para debelar uma crise especulativa que já dura dois anos. Além disso, há dois países emergentes que com população e economia grandes, passam também a influenciar a economia mundial, que são a Índia e o Brasil. O espectro comunista não mais assusta e está mal e porcamente representado pelas falidas Cuba e Coréia do Norte, essa que apesar de se arvorar uma potência militar e quiçá nuclear, ladra e esbraveja se escondendo sob o manto chinês, mas em ambos há na verdade escassez de alimentos.
Por um momento pareceu que os blocos políticos seriam substituídos por blocos econômicos como a União Européia, o Nafta e, em menor escala, pelo Mercosul, mas esses blocos já demonstram desgaste e uma nova ordem mundial deverá ser imposta. O conjunto dos 8 países mais influentes deverá ser ampliado para um grupo que reúna os 19 países mais ricos mais a União Européia, cujo conjunto é responsável por mais de 90% da economia e por mais de 80% do comércio mundial, mas há pontos de fragilidade: a pobreza, o despotismo, o fanatismo e o próprio capitalismo.
A partir dos dados acima é simples de se imaginar que dos 192 países reconhecidos pela ONU a esmagadora maioria é pobre ou paupérrima e que não revreterão esse quadro se não for com ajuda direta dos países ricos, ainda mais sabendo que é justamente nessas nações que a questão demográfica é pior. Há duas semanas vimos os Tunisianos pondo fim a uma ditadura de 23 anos, colocando o mandatário para correr, e agora, em situação semelhante se encontra o Egito está se rebelando contra o governo de Mubarak iniciado em 1981. Nesse propósito estão alinhados os jovens que clamam pela democracia e os fundamentalistas muçulmanos criando assim uma mistura explosiva. A igreja católica e as suas variações cristãs, com os seus muitos erros e alguns acertos dominaram o cenário por mais de 2000 anos, mas o recente crescimento do mundo muçulmano com os seus radicais fundamentalistas e aliados a governantes irresponsáveis podem criar um ponto de ruptura entre as sociedades, talvez aqui se encontre a possibilidade de uma guerra de grandes proporções. Recentemente os franceses se rebelaram contra o aumento da idade mínima para a aposentadoria, depois foi a vez dos estudantes ingleses se manifestando violentamente contra o aumento das mensalidades escolares, aparecem os gregos, que semana sim semana não produzem um quebra-quebra contra os ajustes econômicos, e mesmo países que estão social e economicamente em pleno desenvolvimento como a Creia do Sul, constantemente é sacudido por manifestações violentas enfim, é difícil encontrar um ponto de equilíbrio.
Não há solução fácil, e o tripé economia, educação e religião devem subordinar os sistemas de governo e forças militares a fim de que o futuro possa ser construído com serenidade, segurança e distribuição de riquezas e, principalmente, reencontrando o equilíbrio da sustentabilidade da vida no planeta.
ISLAND? Qual é a pronúncia adequada?
Há 4 meses