domingo, 27 de março de 2016

Tolerância e Humildade

      O mundo sempre foi violento e isso nos mostra os livros de história e a própria bíblia. Invadiam-se territórios, escravizavam-se pessoas, destruíam-se sociedades e se lutava por religião. Hoje pouca coisa mudou, mas os instrumentos estão mais sofisticados. Há bombas atômicas, drones, o mundo virtual e os meios de transferência de dinheiro impensáveis em épocas passadas mas que perpetuam a discórdia.

      Às vezes a violência nos parece longe, como o infeliz que se explodiu em um estádio de futebol no Iraque matando dezenas de pessoas. Às vezes parece perto, como no aeroporto e metrô da Bélgica com outras dezenas de pessoas mortas e muito mais, feridas, todos ocorridos na semana passada. Há também os que são muito próximos como o ex-presidente dizendo que ele é o único que pode incendiar esse país. Há ainda o clima de disputa nas redes sociais, beligerância mesmo.

      Atrás de um teclado as pessoas se sentem poderosas e com o direito de dizer o que quiser, da maneira que quiser, e sem pensar nas consequências excedem o racional. Sim, estamos em uma democracia, imperfeita, mas em uma democracia, e temos liberdade de expressão, podemos e devemos participar da vida política, mas para tudo deveria haver limites, mas não há para a imbecilidade.

      Não dá para negar que há uma crise econômica, uma crise política e uma crise moral. As condenações do mensalão e da lava-jato desnudaram a corrupção no governo em conluio com grandes empresários que se apoderam do dinheiro público em benefício próprio e de um projeto de poder. Isso colocou o governo no corner que, para não sair de maca (ou de camburão), tenta sair batendo e se esquece de governar, o que afunda ainda mais a economia.

      Ainda que doa, temos que separar o que incompetência do que é delinquência. A incapacidade de administrar não é tolerável, mas é compreensível, porém a ladroagem é imperdoável sob qualquer aspecto. Aos incompetentes basta o impedimento de se aventurarem novamente na política, mas os ladrões devem ressarcir à sociedade tudo o que dela foi subtraído além de receberem uma punição exemplar. No entanto tudo deve ser feito dentro da lei, da ordem e com os instrumentos corretos. Não há porque se pregar a violência, o ódio e a intolerância. Esses, não importa de que lado sejam, devem também ser alcançados pelos braços da lei.

      É necessário reconhecer que todos pagamos um preço para que a sociedade se desenvolva, que evolua e que o sistema democrático seja aprimorado, mas os que detém o poder devem também se despir da ganância para legislar e administrar com um pensamento republicano, com a lógica de estadistas e não de mercadores, e assim recuperar a tolerância e a humildade que estão em falta.