sábado, 18 de fevereiro de 2017

Um Bom Começo

      É muito difícil resolver grandes problemas, mas como toda longa jornada começa com o primeiro passo, divide-se o problemão em pequenos problemas para atacar um por vez.

      O Brasil está com um problemão. Vai mal na educação, na saúde, no transporte, na economia, na segurança e muito pior, na política. Não há resposta fácil e todos estamos perdendo, com excessão dos muito ricos. Não sei quantificar quantos escapam da crise, mas se chutar alto vale, vamos dizer que são 15%, isso dá cerca de 30 milhões. Na outra ponta deve existir um número igual de miseráveis, isso significa que pelo menos 70% pagam a conta.

      Talvez o mais difícil de resolver seja a política, pois suas excelências legislam em causa própria e detêm a força do estado. Mesmo se caíssem de paraquedas um exército de marcianos e os apartassem do poder e nos convocassem para organizar a bagunça nós não conseguiríamos, pois estamos tão acostumados à irracionalidade e a puxar a brasa para a nossa própria sardinha que não haveria acordo.

      Somente um povo educado pode pode discutir ideias e adotar o melhor para o conjunto, alguém deveria ceder para acelerar o desenvolvimento, mas isso está fora de questão atualmente, pois para se ter uma população educada são necessárias algumas gerações. E sabemos que patinamos nesse quesito há muitos anos.

      É lugar comum dizer que a saúde vai de mal a pior. É outro problema que para sanar vão gerações. Um programa de saneamento básico aliado ao planejamento familiar e atenção integral à saúde das gestantes e das crianças pode ser uma solução pragmática e de longo prazo, pois trabalhar-se-ia com prevenção, o que costuma ser mais barato. Para isso funcionar, diante do estado atual da economia, há que se abrir mão da saúde dos adultos, ou seja, deve-se escolher entre quem vai viver e quem vai padecer no falido sistema.

      Foi uma burrice histórica o programa econômico do PT. Mesmo os tão falados primeiros quatro anos. O governo do PT pegou um país minimamente organizado e teve a sorte de coincidir com um boom da economia mundial. O que fizeram? Venderam a janta para comprar o almoço. Foi como entrar logo cedo em uma corrente em que os primeiros ganham, mas a partir do rompimento do elo o prejuízo aparece. Hoje estamos sem a janta e o almoço é um pão dormido. Parodiando o folclórico recém empossado presidente americano, até um aluno ruim de economia (e de escola ruim - aliás é o que não falta) sabe que o modelo que que se tentou implantar era fracassado. Deu no que deu. Retroagimos, pelo menos, 8 anos e vai levar tempo até entrar nos trilhos novamente. Somente as polianas acreditavam que aquele armengue funcionaria. O transporte e a infraestrutura entram no bolo da economia desarrumada.

      Não dá para não falar da segurança. Hoje não há respeito pela vida. Hoje não há respeito pela pessoa. O sistema de segurança, incluindo os legisladores, os executores e os aplicadores de sentença (ou da falta dela) é caótico, falido e pouco operante. A gravidade da situação exige medidas efetivas e imediatas. A população de bem vê se maltratada, ultrajada e assinada por bandidos rasteiros e sofisticados, e sabe-se o mal exemplo vem de cima. Se 70% da população tem que pagar a conta, que pelo menos tenha sua integridade física garantida para que possa produzir. Isso não vai resolver tudo em curto prazo, mas é um bom começo.