domingo, 13 de agosto de 2017

Abrigo Dom Pedro II

      Não tenho nenhuma habilidade para cuidar de criança e de idosos. Me saio relativamente bem com adolescentes e adultos. Também não sei celebrar e nem como me comportar em eventos sociais. Eu travo. Me incomoda. Acho que a minha vocação é mesmo para ser escravo. Nasci para trabalhar, e trabalhar para os outros porque também não sou empreendedor.

      Por força das circunstâncias e razões profissionais nessa semana fui ao Abrigo Dom Pedro II em Salvador. Instituição de 130 anos e que outrora chegou a atender a mais de 400 idosos, hoje são cerca de apenas 60, pois os belíssimos edifícios não estão bem conservados, destacadamente o principal que é o maior. Os dois laterais, menores, sofreram alguma intervenção, são habitáveis mas são, por demais, simples.


Fachada do edifício principal. Prédio sem uso por falta de condições de ser habitável

      Alguém disse que os prédios são tombados por pertencerem aos patrimônios históricos, ficam ao lado da praia em uma área suburbana, mas que pela sua localização e dimensão são, do ponto de vista comercial, muito valorizados. A revitalização custaria algo em torno de 21 milhões de reais e como esse dinheiro não aparece, vão se reduzindo o número de leitos.

Detalhe do vaso de decoração.
      
      Não vi nenhum dos internos reclamando do tratamento que a eles é dado e nem da falta de material ou comida, pelo contrário, só ouvi elogios à equipe e ao local. A instituição é mantida pela prefeitura e por doações. Ouvi que há pessoas lá há mais de 30 anos e isso é de cortar o coração. Também há pessoas que, mesmo tendo como ir morar com a família, prefere ficar lá, mas há também os que não têm nada ou alguém, o abrigo é a única opção. Ainda que estejam em grupo, para muitos a companhia é a televisão. Eles gostam de vários programas, tanto de entretenimento quanto de notícias.

      Participei, ainda que timidamente de uma pequena cerimônia, e por causa disso mal dormi na noite anterior, aliás cheguei a sonhar com o meu comportamento desorientado. Fico feliz em saber que ao contrário de mim, há pessoas que sentem bem ajudando àquelas pessoas. Para mim eles são heróis.