A maioria dos meus amigos não tem atuação política, mas alguns gostam, fazem campanhas e até participam da vida pública. Eles torcem pelos 3 candidatos que aparecem em melhor colocação nas pesquisas: Aécio, Dilma e Marina - citei-os aqui em ordem alfabética, nada relacionado com a minha preferência. De alguns vejo até mesmo o fervor de militante que torce e sofre; eles exercem plenamente o seu direito e estão certos na tática, mas, a meu ver, muito longe da estratégia.
Esse sistema de presidencialismo de coalizão está causando muito mal ao país. O poder legislativo que deveria ser o mais importante, pois é ele que determina a direção do país, se apequenou, se tornando apenas um chancelador do poder executivo, que com tantas medidas provisórias que trancam a pauta do congresso, legisla quase que por decreto. O poder judiciário, com o sistema deturpado de nomeação, passou a ser também uma extensão do executivo, basta ver que as duas últimas nomeações de ministros do supremo absolveu os acusados, e condenados por alguns crimes do mensalão, por formação de quadrilha. Havia quem comandava, quem negociava, quem pagava e uma instituição financeira que fazia a transação bancária, se isso não caracteriza uma quadrilha não sei mais como definir, pois que era ilegal ficou provado.
Mas a origem do problema está no poder legislativo. Deputado não tem que se vangloriar de “conseguir verba” para quadra de esporte ou viaduto, deputado tem que fazer lei. Lei de boa qualidade e que garanta o avanço social. O mesmo vale para os senadores, mas pensando bem, para que senadores? Eles deveriam exercer um poder moderador, já que representam em quantidade igual todos os estados mais o distrito federal. O distrito federal tem o mesmo poder de um estado pequeno como o Piauí e de enorme população e economia como São Paulo. Há Algo muito errado aqui, e que se estende à câmara federal, já que a proporcionalidade também é deturpada. Que tal reduzir o número de congressistas? proponho um a cada 500 mil habitantes, assim ao invés de 513 deputados teríamos cerca de 400. Na pior das hipóteses, já que eles são inúteis, teria menos gente para roubar.
Em nome da pluralidade foram criados mais de 30 partidos políticos que só servem para fazer barganha: recebem dinheiro para se alinhar com alguma coligação e que produz outra excrescência: a divisão de tempo no horário eleitoral. Como pode a coligação do PT ter o dobro de tempo do PSDB e esse o dobro de tempo do PSB? Bastariam 5 partidos: um de extrema esquerda, um de esquerda, um de centro, um de centro direita e um de extrema direita, todos com o mesmo tempo de propaganda, já que não dá para viver sem ela. Quem quiser participar da vida pública que se encaixe em um desses partidos.
O que dizer então da proporcionalidade do voto? Vota-se em um candidato folclórico e se elege nessa esteira outros ilustres desconhecidos e sem votos. Esses nos representam? E os suplentes a senador? Normalmente é um parente do candidato ou o financiador da sua campanha. Ou seja, outro sem voto que assume um mandato para o qual não recebeu voto nenhum. Sobre o senado é bom nem comentar mais nada, o melhor é acabar com ele.
Quando um deputado ou senador deixa a função para exercer um cargo no executivo o suplente assume. Já houve casos em que foi feita a exoneração do servidor apenas para que ele pudesse retornar ao congresso dar o seu voto em um determinado projeto ou comissão, pois o suplente não “era confiável”. Seria razoável que se um membro do poder legislativo trocasse de poder, ficasse aquele cargo vago até a próxima eleição.
Vejam o absurdo que é a eleição ocorrer a cada dois anos. Esse sistema acabou com a política de estado, pois o país passou a ser governado pela próxima eleição. Se fica difícil fazer uma só eleição para todos os cargos a cada 4 anos ou outro período que o valha como 5 ou 6, que seja feita uma parte em outubro e outra em dezembro do mesmo ano. Seria muito mais produtivo e mais barato.
Enfim, há muito mais a dizer, porém o principal é que esse sistema se auto-alimenta. Quem está no poder não quer mudá-lo pois se beneficia dele. Ou se provoca a mudança por uma forte pressão popular, ou se espera por um político messiânico que tenha força para produzi-la. Esses dois fatores estão em falta.