O decreto que instituiu o sistema brasileiro de TV digital determina que a transmissão analógica continue sendo feita até 2016. Assim, quem não quiser ou não puder trocar o receptor ou comprar o conversor, e também se contentar em assistir a TV com baixa definição, fantasmas ou ruídos, tem, no mínimo, mais seis anos. Esse “no mínimo” se deu porque conheço a economia brasileira e, principalmente, os nossos políticos. Não acredito que o sinal analógico seja desligado antes de 2020, e também não ficaria surpreso se, a partir de 2020 o desligamento fosse escalonado, primeiro a região sudeste, depois a sul, e assim sucessivamente num processo tão longo quanto o populismo permitir.
A TV digital é aberta e gratuita, caros são os novos receptores e conversores que poderiam ser mais baratos se não fosse a extorsiva carga tributária e também a já famosa sonegação fiscal. Para receber esses sinais basta que se tenha uma boa antena, de preferência externa, de UHF, uma instalação adequada, e o receptor que pode ter o sintonizador incorporado ou um conversor externo. Cuidado, pois os espertalhões vendem antenas próprias para TV digital, e isso é um embuste! Não existe uma antena específica para essa recepção, o que existe é antena boa ou antena mal feita, mas a mesma boa antena para a recepção do sinal analógico é uma boa antena para receber o sinal digital. Instalação adequada significa utilizar cabos, conectores e divisores de boa qualidade e bem instalados, os cabos não podem ser tratados como fios para a condução de eletricidade, uma dobra em um cabo pode atenuar em muito o sinal. Também não se podem fazer muitas divisões, pois a cada divisão de 1 x 2 se reduz à metade a intensidade do sinal.
Quem tem um televisor cuja tela seja de tubo poderá utilizar o conversor externo para receber o sinal digital e fazer a conexão através do sinal composto de vídeo e a ligação convencional de áudio. A recepção será melhor do que o da recepção analógica, embora não se tenha a exibição em alta definição. Quem já possui um receptor de plasma ou LCD, mas sem sintonizador integrado, usando um conversor externo e fazendo a conexão com o cabo chamado HDMI terá o sinal de alta definição, o inconveniente é ter que manusear dois controles remotos.
Existem conversores mais populares sem as saídas digitais e sem conexão para a interatividade, e há também os mais sofisticados com todos esses recursos, é claro que os preços variam de acordo com as funcionalidades. O problema está em encontrar conversores para comprar, a indústria não está em sintonia com a demanda, assim, ou não se encontra o conversor ou o preço está elevado.
Para quem vai comprar um televisor novo há três opções, plasma, LCD ou o LED. Os modelos de plasma geralmente são grandes, não se encontram os de 26” ou 32”, mas eles possuem boa relação de contraste, um bom ângulo de visão, mas tem menor vida útil, consomem mais energia e o display pode ficar marcado caso um sinal fique fixo por muito tempo como é o caso do símbolo transparente que a Globo coloca no lado direito inferior da tela. Os de LCD não têm os mesmos defeitos do plasma, mas o ângulo de visão é menor e o preto não é tão preto assim, é meio cinza, logo, o contraste não é muito bom. Isso ocorre porque para o seu funcionamento é necessário o uso de uma retro-iluminação que normalmente é feita com lâmpadas fluorescentes, sobre a qual não se tem controle. Os chamados LED não são de LED, são LCDs iluminados por milhões de LEDs posicionados atrás dos pontos, isso dá a eles uma qualidade superior em todos os aspectos, menos, é lógico, no preço.
Quando comprar um HD ready ou full HD já que os preços são tão diferentes? Depende da distância em que o telespectador ficará do receptor, quanto menor for a distância, maior deve ser a resolução, assim, para distâncias inferiores a 4 vezes a altura da tela é melhor utilizar o full HD, mas para distâncias maiores, a maior resolução não será perceptível, logo, um HD ready é suficiente.
Em função da maior robustez na transmissão é possível receber o sinal de alta definição estando em um veículo em movimento, é claro, desde que haja uma ou mais antenas posicionadas fora do veículo, pois não se faz milagres, pois se para receber uma estação de rádio FM que utiliza potência descomunal e tem uma largura de banda irrisória é utilizada antena externa, imagine para receber um sinal com características opostas, essa é a chamada mobilidade. Existe também a portabilidade cujo dispositivo de recepção é portado pelo telespectador utilizando-se receptores especiais ou também de alguns modelos de telefones celulares. Aqui também o aspecto antena é importante, utilizando esse dispositivo dentro de um automóvel em movimento, o sinal será interrompido muitas vezes em certas condições, por exemplo, em locais baixos ou atrás de prédios, mas em muitos locais a recepção será possível. No entanto, para esses dispositivos portáteis o sinal não é o de alta definição, mas como ele é produzido para displays pequenos, geralmente até 9”, nesses a qualidade é muito boa.
Existem dispositivos com conexão USB para serem conectados a computadores, eles podem ser encontrados em dois modelos, os chamados ONE SEG ou 1-SEG que só tem qualidade para imagens pequenas como a dos dispositivos portáteis, ou os full HD que preenchem a tela toda. Esses custam cerca de R$ 250,00, e os primeiros por volta de R$ 120,00. Alguns modelos possuem também a opção de utilizar uma antena distante do computador.
Há também uma melhoria na qualidade do som que será mais limpo como são os dos CDs, e também é possível a transmissão com áudio surround 5.1, o difícil é encontrar programas que tenham sido produzidos com essa tecnologia.
Estão previstos dois tipos de interatividade, um nível básico onde as informações já estão disponíveis no sinal e basta a atuação no controle remoto para obtê-las. Serão informações unidirecionais que vêm da emissora para o telespectador, ao qual a única interação é ligá-las, escolhê-las e desligá-las. Um nível mais avançado será possível com a utilização de um canal de retorno que pode ser via celular, linha telefônica fixa discada, cabo ou internet. Nesse caso o telespectador irá enviar informações para a emissora e receberá as resposta através do próprio sinal de TV. A interatividade ainda está sendo tecnicamente desenvolvida, artisticamente testada e o modelo de negócios está sendo criado, não vejo esse processo maduro antes de uns 3 ou 4 anos.
As empresas de TV a cabo são obrigadas a distribuir no pacote básico os sinais retransmitidos abertamente na cidade de operação, mas isso vale apenas para o sinal analógico, para distribuir o sinal digital é necessário que a rede de distribuição esteja preparada para isso e que o assinante tenha um plano que permita a recepção em alta definição, nesse caso um decodificador especial será fornecido pela operadora e que, mediante um contrato com a emissora, poderá oferecer esse sinal ao cliente, logicamente...por módicos reais a mais...
Situação semelhante ocorre com as operadoras de TV via satélite, para essas não há a obrigatoriedade de distribuir qualquer sinal e, inclusive, nenhuma delas, na área de cobertura de São Carlos pode oferecer o sinal da Globo porque ainda não há contrato para isso, mas se o cliente é assinante do pacote HD, pelo menos uma das operadoras disponibiliza um segundo decodificador que é interligado ao sistema de recepção e passa a ter também os sinais abertos disponíveis na cidade com um único controle remoto.
Se eu fosse bom de marketing eu não seria engenheiro e teria iniciado esse post assim: atendendo a várias solicitações...mesmo que eu tivesse recebido apenas uma, não é Solange?