domingo, 20 de junho de 2010

Conversa no elevador, ou muito honesto.

      Sabe aquelas conversas que se ouve em elevador, você entra e começa a ouvir um assunto e quando todos o deixam, o assunto “vai embora” e você perde o final? Pois é hoje me vi mais uma vez nessa situação, mas como não sou curioso nem me importei por não saber o final da estória, mas uma frase chamou a minha atenção. Uma pessoa conversava com uma segunda contando sobre uma terceira que falava para uma quarta se referindo a uma quinta, afff.... A frase: ...mas fulano é muito honesto...Essa já não é a primeira vez que penso sobre isso, qual é a diferença entre o honesto e o muito honesto? Nenhuma, eu diria, pois ser honesto está naquela classe de estados como a fé e a gravidez. Ou se tem fé ou não, ou se está grávida ou não, não é possível estar meio grávida ou ser meio crédulo.

      Se existe alguém muito honesto é de se supor que possa existir alguém pouco honesto e, para mim, pouco honesto significa desonesto, simples assim. No entanto, por essa lógica, todo mundo é desonesto, vejam que não me excluo, pois alguém é capaz de apontar uma pessoa que nunca tenha tomado uma atitude que não tenha sido desonesta, mesmo que tenha sido para consigo mesmo? Não creio. Todos têm seus segredos e todos têm as suas falhas. Assim, suponho que a infeliz frase: muito honesto seja referente a aquele que na maioria das vezes tem o comportamento honesto e que alguns deslizes são perdoáveis. Será? Quem é honesto suficiente para dizer isso pode ou isso não pode? Que isso é perdoável ou não?

      No rol desse mesmo tipo de frase há outra que sempre chama a minha atenção, que é a semi-analfabeto ou semianalfabeto não sei qual das duas grafias está correta, me ajudem amigos professores nessa e nas próximas, pois vou escrever de uma só maneira para facilitar a minha vida. Mas voltando ao problema, ser semi-analfabeto deve ser equivalente a ser semi-alfabetizado, mas é compreensível que alguém que tenha iniciado os estudos esteja semi-alfabetizado, ou seja, está se preparando para ser alfabetizado, ou ainda, alguém que nunca tenha estudado, mas que tenha aprendido algo por conta própria, também está dando um passo na direção da alfabetização, e nunca no sentido inverso, e eu nunca vi alguém se preparar para deixar de saber algo, isso é, não se busca o analfabetismo, mas sempre a alfabetização, assim, já risquei o semi-analfabeto do meu dicionário.

quarta-feira, 16 de junho de 2010

A copa do mundo

      Embora débil, a minha primeira lembrança de uma copa do mundo é de 1966, a copa da Inglaterra, quando o grande Eusébio da seleção de Portugal desclassificou a do Brasil, e a dona da casa ganhou o título. Porém a mais forte recordação que tenho é a da copa de 70, a primeira a ser televisionada e transmitida ao vivo para o Brasil, mas com a recepção ainda em preto e branco, pois ainda não havia sido criada a jabuticaba eletrônica chamada PAL M que utilizamos nas transmissões analógicas até hoje. Lembro-me do meu pai comemorando o título com uma bandeira oficial do Brasil, o que era proibido pelos militares, me lembro de comentar um dos jogos enquanto passeava de bicicleta, e também de um trabalho que fiz após as férias escolares em cuja capa desenhei a taça Jules Rimet. A seleção saiu desacreditada após uma pífia classificação e trocando o técnico na última hora, assumiu o João Saldanha. O esquema de jogo era o 4-3-3, e sou ainda capaz de escalar o time principal ser ter que recorrer à Wikipédia: Felix, Piazza, Brito, Carlos Alberto e Everaldo, Clodoaldo, Gerson e Pelé, Jairzinho, Tostão e Rivelino. Time convincente e vencedor, que é lembrado pelos gols que fez e pelos que o Pelé deixou de fazer, como o do meio de campo contra o Uruguai, e também o drible de corpo no goleiro em que a bola caprichosamente saiu por muito pouco, e também no resultado apertado, o pior da campanha, com um magro 1x0 contra a Inglaterra, quando o goleiro Banks defendeu uma bola quase impossível sobre a linha. Eram os tempos do ufanismo criado pela ditadura, tempos dos 90 milhões em ação e do Brasil, ame-o ou deixe-o.

      Depois houve o nosso fiasco em 74 quando a holandesa Laranja Mecânica, com o inovador esquema do carrossel, perdeu a final para a burocrática mas eficiente Alemanha. Já quase no período da distensão, a copa da Argentina de 78, quando eu já trabalhava na retransmissão da Globo, e assistindo a uma comemoração na rua, um rojão atingiu uma marquise e estourou muito perto dos meus pés e me deixou com um zumbido no ouvido por muito tempo. Foi quando a ditadura militar inventou a estória do campeão moral, pois a seleção ficou em terceiro lugar sem ter perdido um jogo sequer, e houve a suspeita da compra do resultado do jogo contra o Peru pelo governo argentino. O técnico era o Cláudio Coutinho que veio a falecer por afogamento em um mergulho. Vieram os belíssimos times de 82 e 84 que não ganharam nada, mas que são lembrados até hoje pela qualidade, e que foram dirigidos pelo Mestre Telê Santana, que veio a ser bi-campeão mundial dirigindo o São Paulo.

      Houve ainda o fracasso da seleção de 90, aquela do Lazaroni e do Dunga, que apresentou um futebol ridículo. Depois tivemos os fracos resultados de 1994 mas que, por mais incrível que pareça, o time foi campeão, tendo como destaque o marrento Romário. Veio então a derrota para a França em 98, e a vitória dos erres, Ronaldo, Ronaldinho e Rivaldo em 2002. Posteriormente a eliminação em 2006 para a mesma França do Zidane. Agora estamos sofrendo novamente com um time de bons jogadores, mas engessados por um esquema onde ganhar por 1x0 é goleada, esse time pode até ser campeão, pois é isso que a história valoriza, mas não enche os olhos.

      Há outra lembrança marcante dos craques de 70, é o comercial que o Gerson fez para uma marca de cigarros, onde o bordão, com o carregado sotaque carioca dizia: o importante é levar vantagem em tudo, cerrrrto? Essa fala ficou conhecida como Lei de Gerson, e tenho a impressão de tê-lo visto dizendo que se arrependeu de tê-la dito. Mas arrependimentos à parte, isso demonstra muito bem o nosso caráter. Podemos vê-lo na naquela “carteirada” da suposta autoridade dizendo “você sabe com quem está falando?”, do policial ou promotor que mata e fica impune, pois o espírito de corpo é maior que a própria justiça, e até por pequenos gestos como o ultrapassar pelo acostamento, o fura a fila do cinema, ao encontrar o seu lugar marcado já ocupado e você se sentindo constrangido por ter que pedir para que o folgado se mude, pelo motoqueiro que passa na sua frente e pára sobre a faixa para pedestres e avança antes que o sinal abra. A lista é longa e há alguns que são ilegais, mas não sei dizer se são crimes ou contravenções, me ajudem amigos advogados, mas sabe aquele seu vizinho, legal, amigável e que fala com autoridade moral digna de governo petista, mas cujo carro é emplacado em Curitiba para pagar menos IPVA? Pois é, ele está “levando vantagem” sobre você e te roubando, pois se ele não paga imposto, é você quem irá pagar. Em um país sério isso daria cadeia.

terça-feira, 8 de junho de 2010

Não sei fazer festa

      Não acredito em previsões astrológicas, mas conheço pessoas que nasceram em datas próximas do meu aniversário que possuem características semelhantes às minhas. Somos virginianos e sofremos muito com isso, pois, por mais que nos importemos com os detalhes, os outros simplesmente não se importam.

      Apesar de ter aprendido com o passar do tempo a ser mais tolerante, ainda acredito que só há uma maneira de se fazer as coisas: fazer certo. E essa maneira certa é, às vezes, arbitrária, cada um tem a sua ideia do que é ou não é certo. Para mim não basta estar correto, funcionando, seguro, deve também ter algo a mais que nem sempre consigo explicar antes de ver e de sentir, após isso fica fácil dizer, vamos fazer assim, pois essa é a maneira correta. E essa característica é motivo de conflitos.

      Também sou muito crítico e sempre vejo o outro lado. Se você me diz A, eu digo B, mas se você tivesse dito B, com certeza eu teria dito A. Nem sei por qual processo isso ocorre, mas é assim que se passa. Lá vamos nós, aqui também tem conflito.

      Tenho também a péssima mania de, em público, elogiar os que me são próximos, mas de maneira privada, costumo criticar aqueles a quem elogiei e sempre exigindo mais. Nem preciso dizer que isso é nitroglicerina pura.

      Também não sou bom comerciante, não sei lidar com dinheiro e não sei ficar impassível quando alguém precisa de ajuda, desde que não seja para ser fiador ou para prestar os primeiros socorros. Aliás, nem em hospital eu entro porque sei que vou desmaiar, isso já ocorreu várias vezes...

      Mas tem algo que sei fazer muito bem: trabalhar. Sou um perfeito burro de carga! Não importa o tamanho da empreitada, se estiver sob minha responsabilidade vai se realizar. Já fui testado em muitas ocasiões e jamais deixei de cumprir. É claro que já errei, alguma coisa já deixou de ficar da minha maneira certa, mas, por pior que tenha sido, ficou melhor do que o aceitável, e agora que finalizamos uma grande tarefa descobri outra falha minha, não sei fazer festa.

      Fiquei contente com o resultado do trabalho e com o desempenho da equipe por isso sugeri tirarmos um dia para celebrar e descontrair, ou seja, fazer uma festa. Agora estou completamente perdido, não sei como se faz uma festa, estou totalmente dependente, e devo reconhecer isso por mais dolorido que isso me seja, pois, como posso admitir a minha incompetência? Ou seja, tenho agora muitos problemas, não sei fazer algo, estou dependente, coisa que odeio ser, e ainda tenho que admitir isso tudo.

      Não, não posso compreender isso, só pode ser complô dos deuses contra mim! Dêm-me um novo trabalho urgentemente, por favor!

quinta-feira, 3 de junho de 2010

TV Digital

      O decreto que instituiu o sistema brasileiro de TV digital determina que a transmissão analógica continue sendo feita até 2016. Assim, quem não quiser ou não puder trocar o receptor ou comprar o conversor, e também se contentar em assistir a TV com baixa definição, fantasmas ou ruídos, tem, no mínimo, mais seis anos. Esse “no mínimo” se deu porque conheço a economia brasileira e, principalmente, os nossos políticos. Não acredito que o sinal analógico seja desligado antes de 2020, e também não ficaria surpreso se, a partir de 2020 o desligamento fosse escalonado, primeiro a região sudeste, depois a sul, e assim sucessivamente num processo tão longo quanto o populismo permitir.


      A TV digital é aberta e gratuita, caros são os novos receptores e conversores que poderiam ser mais baratos se não fosse a extorsiva carga tributária e também a já famosa sonegação fiscal. Para receber esses sinais basta que se tenha uma boa antena, de preferência externa, de UHF, uma instalação adequada, e o receptor que pode ter o sintonizador incorporado ou um conversor externo. Cuidado, pois os espertalhões vendem antenas próprias para TV digital, e isso é um embuste! Não existe uma antena específica para essa recepção, o que existe é antena boa ou antena mal feita, mas a mesma boa antena para a recepção do sinal analógico é uma boa antena para receber o sinal digital. Instalação adequada significa utilizar cabos, conectores e divisores de boa qualidade e bem instalados, os cabos não podem ser tratados como fios para a condução de eletricidade, uma dobra em um cabo pode atenuar em muito o sinal. Também não se podem fazer muitas divisões, pois a cada divisão de 1 x 2 se reduz à metade a intensidade do sinal.

      Quem tem um televisor cuja tela seja de tubo poderá utilizar o conversor externo para receber o sinal digital e fazer a conexão através do sinal composto de vídeo e a ligação convencional de áudio. A recepção será melhor do que o da recepção analógica, embora não se tenha a exibição em alta definição. Quem já possui um receptor de plasma ou LCD, mas sem sintonizador integrado, usando um conversor externo e fazendo a conexão com o cabo chamado HDMI terá o sinal de alta definição, o inconveniente é ter que manusear dois controles remotos.

      Existem conversores mais populares sem as saídas digitais e sem conexão para a interatividade, e há também os mais sofisticados com todos esses recursos, é claro que os preços variam de acordo com as funcionalidades. O problema está em encontrar conversores para comprar, a indústria não está em sintonia com a demanda, assim, ou não se encontra o conversor ou o preço está elevado.

      Para quem vai comprar um televisor novo há três opções, plasma, LCD ou o LED. Os modelos de plasma geralmente são grandes, não se encontram os de 26” ou 32”, mas eles possuem boa relação de contraste, um bom ângulo de visão, mas tem menor vida útil, consomem mais energia e o display pode ficar marcado caso um sinal fique fixo por muito tempo como é o caso do símbolo transparente que a Globo coloca no lado direito inferior da tela. Os de LCD não têm os mesmos defeitos do plasma, mas o ângulo de visão é menor e o preto não é tão preto assim, é meio cinza, logo, o contraste não é muito bom. Isso ocorre porque para o seu funcionamento é necessário o uso de uma retro-iluminação que normalmente é feita com lâmpadas fluorescentes, sobre a qual não se tem controle. Os chamados LED não são de LED, são LCDs iluminados por milhões de LEDs posicionados atrás dos pontos, isso dá a eles uma qualidade superior em todos os aspectos, menos, é lógico, no preço.

      Quando comprar um HD ready ou full HD já que os preços são tão diferentes? Depende da distância em que o telespectador ficará do receptor, quanto menor for a distância, maior deve ser a resolução, assim, para distâncias inferiores a 4 vezes a altura da tela é melhor utilizar o full HD, mas para distâncias maiores, a maior resolução não será perceptível, logo, um HD ready é suficiente.

      Em função da maior robustez na transmissão é possível receber o sinal de alta definição estando em um veículo em movimento, é claro, desde que haja uma ou mais antenas posicionadas fora do veículo, pois não se faz milagres, pois se para receber uma estação de rádio FM que utiliza potência descomunal e tem uma largura de banda irrisória é utilizada antena externa, imagine para receber um sinal com características opostas, essa é a chamada mobilidade. Existe também a portabilidade cujo dispositivo de recepção é portado pelo telespectador utilizando-se receptores especiais ou também de alguns modelos de telefones celulares. Aqui também o aspecto antena é importante, utilizando esse dispositivo dentro de um automóvel em movimento, o sinal será interrompido muitas vezes em certas condições, por exemplo, em locais baixos ou atrás de prédios, mas em muitos locais a recepção será possível. No entanto, para esses dispositivos portáteis o sinal não é o de alta definição, mas como ele é produzido para displays pequenos, geralmente até 9”, nesses a qualidade é muito boa.

      Existem dispositivos com conexão USB para serem conectados a computadores, eles podem ser encontrados em dois modelos, os chamados ONE SEG ou 1-SEG que só tem qualidade para imagens pequenas como a dos dispositivos portáteis, ou os full HD que preenchem a tela toda. Esses custam cerca de R$ 250,00, e os primeiros por volta de R$ 120,00. Alguns modelos possuem também a opção de utilizar uma antena distante do computador.

      Há também uma melhoria na qualidade do som que será mais limpo como são os dos CDs, e também é possível a transmissão com áudio surround 5.1, o difícil é encontrar programas que tenham sido produzidos com essa tecnologia.

      Estão previstos dois tipos de interatividade, um nível básico onde as informações já estão disponíveis no sinal e basta a atuação no controle remoto para obtê-las. Serão informações unidirecionais que vêm da emissora para o telespectador, ao qual a única interação é ligá-las, escolhê-las e desligá-las. Um nível mais avançado será possível com a utilização de um canal de retorno que pode ser via celular, linha telefônica fixa discada, cabo ou internet. Nesse caso o telespectador irá enviar informações para a emissora e receberá as resposta através do próprio sinal de TV. A interatividade ainda está sendo tecnicamente desenvolvida, artisticamente testada e o modelo de negócios está sendo criado, não vejo esse processo maduro antes de uns 3 ou 4 anos.

      As empresas de TV a cabo são obrigadas a distribuir no pacote básico os sinais retransmitidos abertamente na cidade de operação, mas isso vale apenas para o sinal analógico, para distribuir o sinal digital é necessário que a rede de distribuição esteja preparada para isso e que o assinante tenha um plano que permita a recepção em alta definição, nesse caso um decodificador especial será fornecido pela operadora e que, mediante um contrato com a emissora, poderá oferecer esse sinal ao cliente, logicamente...por módicos reais a mais...

      Situação semelhante ocorre com as operadoras de TV via satélite, para essas não há a obrigatoriedade de distribuir qualquer sinal e, inclusive, nenhuma delas, na área de cobertura de São Carlos pode oferecer o sinal da Globo porque ainda não há contrato para isso, mas se o cliente é assinante do pacote HD, pelo menos uma das operadoras disponibiliza um segundo decodificador que é interligado ao sistema de recepção e passa a ter também os sinais abertos disponíveis na cidade com um único controle remoto.

      Se eu fosse bom de marketing eu não seria engenheiro e teria iniciado esse post assim: atendendo a várias solicitações...mesmo que eu tivesse recebido apenas uma, não é Solange?