domingo, 28 de maio de 2017

Ainda Resta Esperança?

     Tempos difíceis esses. Tenho insistido que hoje impera a falta de tolerância, o partidarismo do nós contra eles, da predominância da política rasteira e despreparada e da falta de segurança, e isso está nos levando a uma situação difícil.

      Eu gostaria muito de poder dizer que existe um bom sistema de governo que levará todos ao progresso e à igualdade, mas não é possível viver na utopia. É poético, é bonito, é defensável, mas é impraticável. Como engenheiro sou pragmático: o passado nos mostra como chegamos aqui, mas o que importa é como sairemos dessa e como poderemos fazer melhor.

      Não dá mais para prosseguir com ações paliativas tentando agradar a todos. Todo mundo vai ter que ceder. Todo mundo vai ter que abrir mão de alguma coisa ou não haverá saída. Vivemos um momento de exceção que exige medidas de exceção. Nosso sistema legislativo é imperfeito e, com boas intenções, criado para uma sociedade civilizada, mas conhecemos nossa cultura e sabemos como somos primários e que temos percepção até infantil, o que importa sou eu, ou o tal “levar vantagem em tudo, certo?”, ou ainda, “Farinha pouca, meu pirão primeiro”. Esse é um modelo que não se sustenta.

      Também não vejo saída sem políticos e sem instituições, isso significa que precisamos de uma base e essa é a lei. Não dá para seguir em frente ouvindo somente a voz dos estridentes, as redes sociais e a mídia. Há que se ter equilíbrio. É sabido que todas as esferas de governo estão contaminadas com vícios e por corrupção, mas vamos ter que aprender a moldá-la e utilizá-la em nosso favor, e não faremos isso quebrando tudo, tocando fogo ou sendo intolerante, mas negociando. Não devemos “passar a mão” na cabeça de malfeitores, esses devem ser punidos, todos eles, sem exceção, mas há que se entender que denúncia não é condenação e enquanto essa não ocorre há de existir a possibilidade de defesa, e nem mesmo os agentes do estado estão acima das leis.

      Precisamos ser tolerantes para negociar, ceder para conciliar, pensar no coletivo ao invés do individual, mas ser intransigentes com os criminosos, sejam simples delinquentes e baderneiros, passando pelos traficantes e assassinos e, principalmente, com os de colarinho branco.

      Não é mais o caso de eleição direta ou indireta, de fora esse ou fora aquele, o que importa nesse momento é negociar para que alguém, fiscalizado sempre, nos conduza por um caminho reto, honesto e seguro. Quem é, e como fazer eu não sei, mas sei que existe.


      Prefiro acreditar que ainda resta um pouco de esperança.