sábado, 3 de dezembro de 2016

Aborto não...

      Pode ser pela influência da moral cristã, mas não sei, pois não sou religioso. Pode ser até contraditório, pois eu defenderia a pena de morte para assassinos, para estupradores, para certos corruptos e para certos ditadores, mas o aborto não me parece certo, e o motivo é simples, qual é a culpa do feto?

      É claro que não estou aqui falando daquele feto doente que não se desenvolverá e também daquelas situações em que a vida da mãe está em risco. Essas são situações particulares e como excessões devem ser tratadas, mas descartar uma vida como se fosse roupa sem utilidade, não me parece certo.

      O meu conceito pode violar a liberdade individual? Sim, acredito, mas a contracepção me parece mais adequada e defensável. Há as pessoas esclarecidas e as pouco ou quase nada esclarecidas. Quanto às primeiras, não acredito que seja difícil fazer a prevenção, e quanto às demais, é dever do estado prover informação. Sim mas isso não acontece, e o que fazer com as pessoas que não tem condição psicológica e financeira para criar filhos e os colocam em série no mundo? O governo tem que facilitar a esterilização.

      Veja bem, não estou defendendo a imposição do governo no planejamento familiar, mas se a partir de um esclarecimento, ou um empurrãozinho, que seja, se a pessoas procurasse a rede pública de saúde para fazer a vasectomia, a ligadura de trompas ou outro método definitivo, por mim já sairia de lá estéril. Nada de agendar consulta, marcar exames, esperar por vaga…uma fila interminável e tempo de ter procriado umas 4 vezes. Entrou no hospital público e perguntou como fazer, já sai pronto.

      Acho que a sociedade ganharia com isso.

sábado, 19 de novembro de 2016

Era da Intolerância

      Para melhor ser contada, a história é dividida em períodos. O Paleolítico, ou da Pedra Lascada, que durou cerca de 4,3 milhões de anos, vindo dos primórdios até cerca de 10.000 anos AC, quando a humanidade descobriu e utilizou ferramentas rudimentares, basicamente encontradas na natureza. Entre 10.000 AC e 5.000 AC há o período Neolítico, onde as ferramentas eram produzidas, o que também é conhecido como Idade da Pedra Polida. Os próximos 1.000 anos, são conhecidos como Idade dos Metais e termina em cerca de 4.000AC quando a escrita foi apresentada à humanidade pelos Sumérios. Tudo o que sabe antes disso é resultado de descoberta científica, deduzido a partir de registros físicos, como fósseis e objetos, mas a partir daí a história passou a ser contada.

      O período compreendido entre 4.000 AC até por volta de 500 DC, quando ocorreu a queda do império Romano, é tratado como Antiguidade ou Idade Antiga. Os próximos 1.000 anos são tratados como Idade Média que termina com a tomada de Constantinopla (hoje Istambul) pelos Turcos Otomanos em 1.453. De 1.453 até 1.789 tivemos a Idade Moderna com a expansão do colonialismo propiciado pelo domínio dos mares, e então conhecemos o Mercantilismo, a Reforma Protestante, o Iluminismo e chegamos à Idade Contemporânea, que se iniciou com a Revolução Francesa.

      Até aqui reproduzi o que entendi do foi dito pelos estoriadores, a partir daqui são minhas as divagações. Essa nossa era de quase 230 anos eu dividiria em pré e pós computador. Alguém pode falar da internet, mas sem computador ela não faz sentido. E o que importa nesse último período, e especificamente no Brasil, é o que estamos vendo, o que chamo de Era da Intolerância.

      A intolerância vem da desinformação, da falta de educação, do baixo nível escolar e da desintegração familiar. Hoje não se tem mais contendores, se tem inimigos. Não se debate, se enfrenta. Foi inaugurado o período do nós contra eles, “nóis é nóis e o resto é bost…” ou, é tudo nosso nada deles… Se hoje vivemos esse caos político, com um bando de ladrões e ordinários instalados nas três esferas de poder, temos que assumir que é nossa a culpa, fomos nós que permitimos, e só nós é que podemos consertar, mas como fazer isso se não há diálogo? Não há substância?

      Se no período da ditadura militar tivemos a censura à imprensa, hoje todo mundo, além de poder se expressar, encontrou o veículo: a internet com suas diversas redes sociais, que se inflamam fácil. A imprensa, ainda que existam seguimentos sérios, se rendeu à instantaneidade, sem análise, sem verificação, sem profundidade. A velocidade sobrepôs à qualidade.

      Nessa semana assisti a um pequeno vídeo que é sintomático, e é claro que o vídeo foi editado para mostrar o ridículo, mas tem lá seu fundo de verdade, ele se dizia um teste para saber se os estudantes estavam preparados para a prova do Enem, e fazia perguntas da quinta série, como: qual é o valor de π (Pi)?, quantos quais são os estados da região Sul? E ninguém acertava e ainda achavam graça, mas quando perguntado quantos caracteres podem ser digitados no Twitter? Complete a letra… e cantava um funkezinho sem vergonha, todo mundo acertava e ficavam maravilhados com a façanha.

      É angustiante olhar ao redor e não encontrar saída, pois a melhora só é possível com educação, mas isso leva tempo, e há 200 milhões de pessoas que têm que viver hoje, de preferência, em paz.

domingo, 30 de outubro de 2016

Cinco Palavras

      Desde 1980, quando nos mudamos para Ribeirão Preto, passamos a viver longe dos nossos familiares, isso é, tudo tem que ser resolvido por nós. Há cerca de dois anos vivemos no nordeste, longe das nossas origens em São Paulo, e da nossa filha, agora com marido e neto. Vivemos em uma cidade turística com o oceano a poucos metros de casa, ou seja, às vezes recebemos amigos e familiares e isso ocorreu neste final de semana.

      Ainda que a chegada tenha sido em horários diferentes recebemos dois sobrinhos na quinta-feira e a Nega os acompanhou, já que eu estava trabalhando, e eles foram à praia. Na sexta-feira, depois da praia eles foram conhecer o centro histórico e jantamos em um shopping. No sábado também fomos à praia, almoçamos em um restaurante típico e nós três, fomos a um show de rock, para o qual eu já havia comprado ingressos.

      Meus dois sobrinhos são ligados à música, um por formação acadêmica e em conservatório erudito, e, por enquanto, também profissional, enquanto não completa outra graduação, o outro, por esforço mesmo, e eles gostam mesmo disso. O show aconteceu na recém reformulada Concha Acústica do Teatro Castro Alves (TCA), e isso tem uma vantagem, por ser aberto, tem que acabar até as 10 da noite, por isso começou cedo, às 17:30h.

      Por ser em Salvador, estranhei a pouca presença de pessoas negras, vi várias pessoas sozinhas e muitas com idade mais elevada, como a minha, mas, evidentemente, a maioria era jovem.

      O primeiro número foi de um artista local que não conheço e vou continuar sem conhecer. Depois de prepararem o palco os Titãs se apresentaram, isso é, os remanescentes, pois da formação original, que deveria ter uns 8 integrantes restam apenas 3. Como em todo show tocaram os principais sucessos e algumas músicas inéditas. Posso dizer que eu, por não ser fã, conhecia apenas metade das músicas apresentadas.

Titãs - Rock Concha - 
Concha Acústica TCA - 29/10/2016

      Para finalizar a noite se apresentaram os músicos do Sepultura. Eu nunca havia visto nada semelhante ao vivo, assim, na minha frente. Me causou estranheza o grupo aglomerado perto do palco pulando e se batendo uns aos outros, eles chamam isso de dança, e eu, de bizarrice. Na platéia muitos se contorciam dobrando a cintura e balançando a cabeça como se estivessem jogando os cabelos, o que mesmo os carecas faziam. Ainda tive que aguentar o cheiro de uma maconha desqualificada. Acho que aquilo só iria produzir dor de cabeça nos usuários. O vocalista, que não é brasileiro, provavelmente terá problemas na garganta e o baterista tem que ganhar cachê dobrado, pois trabalha muito mais do que os outros. Não consegui gravar pois a memória do meu telefone acabou durante uma das músicas dos Titãs.

      Até os 45 minutos do show eu havia entendido apenas uma palavra: Salvador, quando vieram, em sequência, outras três, o já famoso: um, dois, três… passaram-se mais uns 20 minutos e quando eu já estava de saída e ouvi outra palavra inteligível e conhecida: obrigado! Pois é, em um show de uma hora e quinze consegui identificar 5 palavras. Me dei por satisfeito. Mesmo que eu não aprecie, é estranho saber que as bandas brasileira de rock que ainda carregam o público são as mesmas de 30 anos.

      Meus sobrinhos já foram embora e estavam muito contentes, e nós ficamos felizes por eles.

quinta-feira, 29 de setembro de 2016

Reforma do Ensino

      Nunca se produziu e disponibilizou tanto conhecimento quanto agora. Segundo o IBGE, em 2013, 85,6 milhões de brasileiros com idade acima de 10 anos (49,4% da população) tinham usado a internet pelo menos uma vez nos 90 dias que antecederam a pesquisa. Quadro muito diferente da época em que frequentei o ciclo básico, quando nem computador existia.

      O computador transformou o trabalho, do computador também derivou a rede que transformou a sociedade. Na internet tem de tudo, do melhor que a humanidade pode produzir até a grande quantidade de lixo digital. As redes sociais deram voz a todos, trouxe a democratização da opinião, mas também trouxe o radicalismo, a pobreza do raciocínio e as posições extremadas. Hoje, sem-cerimônia, todo mundo pode opinar, como aprendi na Bahia, de parto de onça a atracamento de navio. A todo instante há uma nova polêmica, e sobre algumas, também exerço a minha opinião, ainda que ignorante sobre o (qualquer) tema.

      O governo sinalizou que quer modificar a grade do ensino médio e a gritaria foi grande. Apareceu mais incendiários do que bombeiros. Não poderia faltar o espírito de corpo, aqueles que politizam para manter seus próprios privilégios. Os sindicatos, de qualquer área, ainda vivem no século 18 e representam o atraso do país. Em qualquer ranking de educação o Brasil fica perto dos piores, seja em matemática, ciências ou linguagem, e os sindicatos dos trabalhadores da educação têm uma grande parcela de culpa pela lastimável ignorância em que o país vive.

      Fui um bom aluno nos ciclos fundamentais, medíocre em matemática e competente em engenharia e em uma pós graduação, além de diversos outros cursos de curta duração. Em todos observei o trabalho dos professores e tive de tudo. Dos excelentes aos medíocres, dos péssimos aos piores: os péssimos doutores. Não é apenas a formação e a capacidade de ser admitido através de concurso que faz o bom professor, é preciso ter talento, é preciso querer trabalhar na educação. Após a segunda grande guerra a Alemanha estava destruída física e organizacionalmente, e eles adotaram uma prática, todo mundo que sabia algo passava a ensinar em casa, ou seja, cada casa era uma escola. Não se exigia diploma, especialização ou concurso, e hoje a Alemanha é uma potência no conhecimento, na economia e na qualidade de vida. Portanto, há muita mudança a ser feita no nosso sistema de ensino, e dar mérito a quem produz é fundamental.

      Também como aluno pude ver o perfil do público (alunos) em cada curso. O destaque foi para o ensino superior. Na Universidade Federal havia muitos excelentes a maioria era mediana e alguns muito ruins que buscavam, principalmente, os cursos em que a relação candidato/vaga era pequena. Já na engenharia, que estudei em escola privada, o nível era muito baixo. A grade era excelente, os professores, em sua maioria muito bons, mas os alunos…E a culpa não era exatamente deles, mas da formação que tiveram na educação básica. Estou falando do final do século passado e de lá para cá só piorou.

      Para acompanhar a oferta de informação a grade dos ciclos básicos é extensa e pouco atraente. Muitas das escolas de educação infantil se transformaram em depósito de filhos que os pais não têm onde deixar. Os levam para que alguém cuide. Os diretores pedagógicos são os próprios executivos que lutam contra a burocracia, contra a falta de recursos e com profissionais mal remunerados e desmotivados. Tal conjunto não pode dar bom resultado.

      O argumento de que a reforma não foi amplamente discutida com a população e que não é democrática, também não me convence. Essa é só mais uma maneira de manter do jeito que está, pois nunca se chegará a um consenso. Faz parte da democracia eleger alguém para tomar decisões em nosso nome, e esse é o caso, é, portanto, democrático. Se o que o governo está propondo é bom ou não eu não sei, mas há especialistas competentes para julgar e fazer um bom plano.

      Se tem que ensinar biologia, educação física, filosofia, ou como estudei: educação moral e cívica, ou ainda OSPB (organização social e política do Brasil) eu também não sei, mas a certeza de que tenho é que tem que haver mudança, do jeito que está há somente um resultado: a perpetuação da desigualdade social.

domingo, 28 de agosto de 2016

Olimpíadas 2016

      Faz uma semana que terminaram os jogos olímpicos 2016 e o resultado do Brasil foi proporcional à nossa importância no cenário mundial, grande em potencial e pífio nos resultados. Em termos de organização ocorreram problemas mas não houve uma catástrofe, incluindo aí a segurança dos atletas, turistas e da população local. Como tudo o que se faz aqui, muita coisa não foi cumprida como a despoluição da baia da Guanabara. Problemas de corrupção e superfaturamento? É possível e até provável, ainda que eticamente inaceitável.

      O quinto maior país em extensão territorial, o quinto país mais populoso, a nona maior economia do mundo em 2015 (era a sétima em 2014) é também o décimo terceiro em número de medalhas de ouro nos jogos olímpicos de 2016. A expectativa era que figurasse entre os dez melhores, mas não chegamos lá.

      A surpresa foi a Grã Bretanha que ficou em segundo lugar superando a China, a Rússia (que teve a delegação reduzida por casos de doping) e Alemanha, equipes tradicionais. A Grã Bretanha aplicou a fórmula das ditaduras em suas equipes, o governo patrocinou o desenvolvimento. Foi criada uma loteria cuja arrecadação passou a financiar o esporte e o dinheiro foi investido prioritariamente nas modalidades em que um atleta de ponta pudesse disputar várias provas, o que ocorre com o ciclismo, natação e ginástica, por exemplo. O resultado veio nos já jogos de Londres e nesse ano o superou.

      Nosso governo também patrocinou alguns atletas além de ter montado a maior equipe nacional de todos os tempos, mas o resultado ficou abaixo do esperado. A estratégia foi a mesma utilizada na economia, elegeu-se alguns setores com potencial de vencedor para receber os subsídios mas isso não se sustenta a longo prazo. É necessário ter um programa contínuo, onde, da quantidade se extrai a qualidade. Vejamos o exemplo do futebol. A equipe masculina de futebol não necessita de apoio do governo. Tem uma confederação (ainda que enlameada por escândalos) é rica o suficiente para montar sempre um bom time. Apesar da boa estrutura, o que faz a diferença é que a base está nos clubes. Há muitos clubes formadores de atletas e nessa modalidade a colheita é farta.

      Outro bom exemplo é o vôlei, ainda que com um número muito menor de praticantes, e mesmo com poucos clubes de expressão, possui uma liga bem montada e jogadores de sucesso, o que o torna muito mais vencedor do que o próprio futebol.

      Porém o maior exemplo vem dos Estados Unidos, o país mais competitivo em qualquer setor que se imagine. A grandeza e a diversidade esportiva vem das escolas de base e das universidades. Daí saem os atletas para as grandes ligas e os resultados brotam.

      Apesar de termos conseguido apenas o décimo terceiro lugar, não critico os atletas, pois no esporte a regra é perder. Todos competem e apenas um ganha. Ficar na vigésima quinta posição em alguma modalidade não é uma derrota, mas significa ser o vigésimo quinto melhor entre uma população de sete bilhões, e isso não é pouca coisa.

      Risquei do meu dicionário a palavra ódio. Posso ficar com raiva, brigar, arrumar confusão, mas isso passa. Não odeio nada nem ninguém. Não desejo o mal a ninguém. Tentei fazer o mesmo com a palavra inveja mas não consegui totalmente. Não invejo posses, não invejo posições sociais, mas invejo os atletas. Junto com as duas maiores frustrações que tenho: não saber tocar nenhum instrumento e nunca ter “enterrado” uma bola de basquete, eu queria ter sido atleta mas não tive talento para tanto. Nos meus arroubos de condicionamento e treinos para uma finalidade específica pude me aproximar de atletas e compreender o que eles passam e o que eles sofrem. É claro que estamos falando de pessoas e não dá para responder pelo caráter de todos, mas do ponto de vista esportivo, ele têm o meu respeito e admiração. 

sábado, 23 de julho de 2016

Sobre Faróis e Tomadas

      O brasileiro é um prodígio na produção de leis. São tantas que não acredito que alguém saiba quantas estão em vigor. Com elas há o extremo, das necessárias às ridículas. Nas primeiras está a constituição (ruim), mas necessária, nas segundas posso citar o kit veicular de primeiros socorros, alguém se lembra daquela anomalia? Recentemente tivemos tivemos também a estória dos extintores de incêndio que eram obrigatórios, fomos obrigados a mudar a categoria dos mesmos e hoje não são mais necessários.

      Agora vem a estória da obrigatoriedade de se manter o farol do carro acesso mesmo durante o dia quando se trafega em rodovias. Como medida de segurança pode até fazer sentido, mas o que diferencia uma rodovia de uma grande avenida, de tráfego intenso, onde é permitido desenvolver uma velocidade elevada e compatível com as praticadas nas rodovias? Por que nessas avenidas tal medida não se aplica? Trafego diariamente 50km em uma avenida que possui tráfego intenso, velocidade permitida de 80km/h, que em alguns trechos tem 4 pistas e em outros 6 pistas. Ela é dividida por um canteiro central que agora está se transformando em linha férrea para o metrô. A avenida é altamente perigosa e nela não é necessário manter os faróis acesos.

      Se há comprovação de que manter os faróis acessos diminui o risco, que isso seja efetivado, mas não multando os incautos, mas exigindo que a partir de agora os carros que forem fabricados já saiam das fábricas com esse dispositivo de automação, aliás, como muitos deles já o tem como opcional e também como já existem em diversos países. Como a frota se renova, logo todos estariam adequados e sem polêmicas.

      Há uma grita generalizada quando o assunto é o padrão brasileiro das tomadas. Nunca vi uma crítica positiva, aliás, uma recorrente é que esse padrão é uma jabuticaba, pois só existe aqui, e isso não é verdade. Em 2013 atravessei a Suíça pedalando. Saí do sul, quase divisa com a Itália e fui até o até o norte, na divisa com a Alemanha e Áustria. Uma das providências que tomei foi perguntar ao promotor da excursão qual era o padrão das tomadas e não obtive resposta. Levei quatro dispositivos que precisavam ser conectados à tomadas: celular, computador, câmera fotográfica e um pequeno roteador para transformar internet via cabo em wireless, todos possuíam o padrão americano, aquele com dois pinos chatos. Na dúvida levei diversos adaptadores, inclusive para o padrão europeu, e apenas um do padrão americano para o padrão brasileiro. Bingo! De sul a norte, em todos os hotéis, o padrão era o mesmo do brasileiro com 3 pinos redondos. Durante as noites eu acordava para revezar os aparelhos na tomada.

      Tecnicamente falando o padrão brasileiro não é ruim, pelo contrário, é bom. Não concordo apenas com o fato de ter dois modelos com correntes diferentes, poderia haver um só, mesmo que fosse o maior. Porém o transtorno que isso causou é impagável. Porque não se utilizou uma adaptação do padrão americano onde se podia utilizar pinos chatos e redondos, com a adoção do pino terra e com o recuo da tomadas? Nenhum equipamento precisaria ter o plugue substituído, nenhuma tomada precisaria ser substituída, mas as novas já seriam do novo modelo e depois de um tempo a maioria já estaria adaptada sem nenhum trauma.

      Existe solução para tudo, mas não para os sujeitos que querem ser mais realistas do que o rei e infernizam as nossas vidas.

domingo, 26 de junho de 2016

Governabilidade Em Cheque

 No livro Diários da Presidência, 1995 / 1996 - O ex presidente FHC relata, na página 507, o dia 22/03/1996, no qual ele recebe alguns deputados do Rio de Janeiro. Segue o texto: …"Na verdade o que eles querem é nomear o Eduardo Cunha diretor comercial da Petrobras! Imagina! O Eduardo Cunha foi presidente da Telerj, nós o tiramos de lá no tempo de Itamar porque ele tinha trapalhadas, ele veio da época do Collor… e que há, sim, problemas com esse nome. Enfim, não cedemos à nomeação".

      Não creio que o deputado e presidente afastado da câmara, Eduardo Cunha, vá manter o mandato. Ele será cassado. Para o processo pode ser relevante saber se ele mentiu ou não ao dizer que as contas em bancos Suíços não são deles mas de um trust. O que posso afirmar é que o mar dele não está para peixe. Já são cinco as investigações contra ele autorizadas pelo Supremo Tribuna Federal, que embora corram sob segredo de justiça, o que se comenta é que se tratam de crimes como corrupção ativa e passiva e lavagem de dinheiro. Em março passado ele se tornou réu na operação Lava Jato por supostamente ter recebido cinco milhões de dólares por operações que envolveram a Petrobras, e há também algum imbróglio com o Porto Maravilha. A situação fica pior ainda quando se sabe que na atual conjuntura, o vice-presidente da república é justamente o presidente da Câmara.

      Apesar da relevância da situação, da necessidade de esclarecimentos e do respectivo julgamento, a importância do caso Cunha é ínfima se comparada ao desgoverno e falcatruas geradas durante as administrações do PT. Quando o ex-presidente Lula ainda fazia parte da “esquerda raivosa” e perdeu a eleição para o ex-presidente Collor, o que se dizia era que se o PT tivesse ganhado as eleições economizaríamos 4 anos. Hoje isso faz sentido, pois eles teriam feito em 4 anos o estrago que agora levaram 13 anos para fazer. Quando a liderança do partido deixou de ser de militantes sindicalistas e passou a ser de pragmáticos funcionários públicos o partido se popularizou, ganhou eleições e montou um plano de permanência no poder e deu no que deu. Cada escândalo que é descoberto supera o anterior em valores desviados, em número de envolvidos e sofisticação. Esquema que funcionou até que alguns presos começaram a abrir o bico e as entranhas da corrupção vão ficando expostas.

      Dói, como brasileiro, chegar à conclusão que fomos ludibriados, e o pior é ver que para muitos o crime compensa. Para que a delação ocorra estão sendo concedidos muitos benefícios e ladrões confessos devolvem parte do que roubaram, pegam penas simbólicas e vão continuar levando uma vida luxuosa, tendo apenas poucas restrições e por pouco tempo. Espero que pelo menos diante desse quadro, outros presos que até aqui estão calados como o Marcos Valério, o José Dirceu e o João Vaccari, se não pela própria consciência, mas pelo benefício que pode ser atingido, escancarem de vez as portas e denunciem todos os envolvidos, não importando a qual partido pertençam e muito menos a qual cargo ocupem.

      A governabilidade está em cheque, em todos os poderes há gente envolvida em falcatruas, mas que a justiça seja feita e um redesenho político seja encontrado, pois a democracia precisa ser mantida.

domingo, 29 de maio de 2016

Em Causa Própria

      Não acredito em estado provedor, pois alguém tem que pagar a conta, mas acredito no mérito, na recompensa para quem produz. Aceito que se reparta o que se produz para acelerar aqueles que não tiveram a condição inicial, mas não acredito que se conserte as desigualdades históricas em uma geração. Acredito em planejamento e pragmatismo, e quem governa tem que tomar decisões que serão impopulares, pois sempre se estará contrariando interesses, e quem perde, esperneia.

      Discordo do deputado Tiririca, pois pior do que está, fica, ficou, e pode piorar. Afastar o PT do governo foi a parte mais fácil, o difícil será implantar as reformas de que o país tanto necessita.

      O novo governo tem poucas virtudes, pois, além do fantasma da interinidade conta com muito dos mesmos que eram associados ao PT, ou seja, uma corja que assolou o país. Apesar disso, é um, se não o único caminho. Não acredito em soluções mágicas e nem em salvadores da pátria. Por isso a vigilância deve ser constante e ativa. Não dá para aceitar o novo governo, ou qualquer governo, que seja esteja permeado por marginais, mesmo que democraticamente eleitos, pois eleição não é atestado de boa conduta ou competência.

      Não dá para aceitar que num país onde falta tudo, tenhamos mais de 21.000 cargos de confiança e mais 6.000 não concursados. Não dá para aceitar tantos subsídios que mascaram os preços reais. Não dá para aceitar o imposto sindical e nem as doações para organizações não governamentais que dependem exclusivamente do dinheiro público, e que são, na realidade, organizações criminosas. Não dá para aceitar que num país onde falta emprego, educação, saúde e segurança se discuta a importância do ministério da cultura. Seria muito mais útil um ministério do saneamento que fazendo esgotos e distribuindo água iria gerar economia no tratamento da saúde pública. Em um país que tem tanto por fazer como é o Brasil não dá para centralizar tudo, pois isso só gera corrupção, tem que tirar das mãos do executivo tudo aquilo que a iniciativa privada faz melhor.

      Mais do que reformar o executivo é preciso reformar o legislativo. Tem que limitar o número de partidos, reduzir o número de congressistas e fazer uma distribuição proporcional à população. Deputados e senadores tem que fazer leis, não correr atrás de dinheiro. Tem que acabar com os suplentes, se o titular sair por algum motivo, perde a vaga e pronto. Os partidos tem que ser responsabilizados pela ficha criminal de seus partidários, se escolher bandidos tem que pagar por isso.

      Existem muitas ideias, mas como implementá-las se quem legisla o faz em causa própria?

sábado, 30 de abril de 2016

Resumindo: já Vai Tarde

      Não sou historiador, apenas leitor, e pelo que entendi, se houve um estadista brasileiro esse foi José Bonifácio de Andrada e Silva. São poucos os brasileiros que sabem quem ele foi e o que ele fez, e vejam que os feitos foram muitos. Na sexta avenida em Nova Iorque, no jardim, atrás do biblioteca pública, há uma estátua em homenagem à ele, eu nuca vi uma aqui no Brasil.

      Mesmo o caudilho Getulio Vargas, de erros tremendos, nos deixou um legado jurídico, sim, imperfeito, mas consciente, como o código de processo civil e a CLT, criou também a Petrobras, o que na época foi estratégico. 

      O Juscelino Kubitschek mudou a capital do país e nos deixou endividados. Tirou do Rio de Janeiro o centro do poder, mas não levou tudo para o centro-oeste, há muita coisa que ainda com sede no sudeste e ninguém, até agora, conseguiu mudar.

      Os militares impediram a chegada do socialismo, promoveram algum progresso em infraestrutura mas aumentaram o endividamento. Governaram com uma mão dura, mas não de ferro quando compara com as demais ditaduras sul americanas, como a chilena e a argentina. Da soviética, chinesa e africanas…nem se fala.

      O governo Sarney foi um desastre econômico. Perdido no tempo e no espaço. Não consigo me lembrar de nada de bom que tenha sido feito naquele tempo, a não ser ter deixado o tempo passar. Nem mesmo os militares quiseram pegar novamente o abacaxi.

      E o Color, o breve, bem, todos sabem o que ocorreu, mas o que não se fala, ou pouco se fala, é referente a duas coisas boas que ele deixou, abriu o mercado e fechou o poço de testes nucleares que estava sendo feito na Serra do Cachimbo. Ele não permitiu que o Brasil ingressasse em uma corrida armamentista para a qual faltaria dinheiro e passaríamos vergonha.

      Graças à inépcia do Itamar, o seu governo foi o melhor da história, foi pequeno e acertivo, estabilizou a moeda e acabou com a inflação. Ele não fez nada nem para acontecer e nem para atrapalhar, por isso deu certo.

      O Governo Fernando Henrique teve erros e acertos, e acertos principalmente se considerarmos que ele foi o pai do Real, ainda no governo Itamar. Além de arranjar a economia, organizou o estado, deu visibilidade e credibilidade internacional, inserindo o país novamente no comércio mundial e, principalmente, criou a Lei de Responsabilidade Fiscal, essa mesmo que vai derrubar o desgoverno do PT.

      O Lula acertou naquilo que não mexeu e errou quando quiz inventar. Ponto para ele quando manteve a política econômica. Ponto para ele quando unificou os programas sociais, mas é balela dizer que tirou 50 milhões da linha da pobreza. Na verdade ele só mudou a escala dizendo, você que era pobre, a partir de hoje é da classe média. Criou universidades que não se sustentam e deixou o ensino básico na miséria. Foi um desastre nas relações externas. Se aliou a corruptos e ditadores e estraçalhou as relações com quem realmente importa na ordem mundial. Sim, ele teve sorte, navegou a onda boa da prosperidade mundial e quando a bolha estourou ele estava saindo. Mas em sua administração o governo foi aparelhado e a corrupção sistematizada. O bolo começou a desandar porque ele vendeu a janta para comprar o almoço, por isso o balanço não é positivo para ele.

      Como tudo o que é ruim pode piorar, o Lula elegeu e reelegeu sua sucessora, a Dilma. Ela se superou. Conseguiu ser pior do que o Sarney. Que governo, ou melhor, desgoverno, mais vagabundo. Inepto, arrogante, corrupto que mesmo nas boas ideias consegue ser ruim. Veja o caso do programa mais médicos. Trazer de fora médicos que atuem em regiões pobres onde os brasileiros não querem ir, foi de fato uma boa ideia, mas escravizar os vindos de Cuba pagando uma miséria aos profissionais e levando uma fortuna para um regime totalitário, arcaico e sanguinário? Cometeu um estelionato eleitoral, prometeu muito e só podia distribuir miséria. Dilma, apesar de que eu gosto de pedalar e por isso eu poderia ser solidário à sua causa, o melhor que posso dizer é: Dilma, já vais tarde, ou no popular: demorô! Foi apenas coincidência, não tem nenhuma relação com o juiz Moro… ou tem.

      Na linha sucessória estão o Temer, Cunha e Renan, os 3 sob suspeita, sim é verdade, eu acho que o Cunha sai logo, mas o principal é que o PMDB é o único partido no Brasil que pode fazer frente ao PT. O PT é apoiado por bandidos que se dizem líderes de movimentos sociais (leia-se: bandos) que infernizam a nossa vida sendo pagos com o nosso próprio dinheiro. Por ter o maior número de deputado e de senadores, por ter o maior número de governadores, de deputados estaduais, de prefeitos, de vereadores, por estar organizado na maioria dos municípios brasileiros, só o PMDB consegue produzir alguma mudança. Sei que O PMDB não é, de fato um partido, mas uma agremiação com muitas faces, sendo a mais visível, a fisiológica, mas é o único garrancho preso ao barranco que a nossa mão de afogando consegue alcançar. Quando atingirmos a margem a gente decide o que fazer.

domingo, 27 de março de 2016

Tolerância e Humildade

      O mundo sempre foi violento e isso nos mostra os livros de história e a própria bíblia. Invadiam-se territórios, escravizavam-se pessoas, destruíam-se sociedades e se lutava por religião. Hoje pouca coisa mudou, mas os instrumentos estão mais sofisticados. Há bombas atômicas, drones, o mundo virtual e os meios de transferência de dinheiro impensáveis em épocas passadas mas que perpetuam a discórdia.

      Às vezes a violência nos parece longe, como o infeliz que se explodiu em um estádio de futebol no Iraque matando dezenas de pessoas. Às vezes parece perto, como no aeroporto e metrô da Bélgica com outras dezenas de pessoas mortas e muito mais, feridas, todos ocorridos na semana passada. Há também os que são muito próximos como o ex-presidente dizendo que ele é o único que pode incendiar esse país. Há ainda o clima de disputa nas redes sociais, beligerância mesmo.

      Atrás de um teclado as pessoas se sentem poderosas e com o direito de dizer o que quiser, da maneira que quiser, e sem pensar nas consequências excedem o racional. Sim, estamos em uma democracia, imperfeita, mas em uma democracia, e temos liberdade de expressão, podemos e devemos participar da vida política, mas para tudo deveria haver limites, mas não há para a imbecilidade.

      Não dá para negar que há uma crise econômica, uma crise política e uma crise moral. As condenações do mensalão e da lava-jato desnudaram a corrupção no governo em conluio com grandes empresários que se apoderam do dinheiro público em benefício próprio e de um projeto de poder. Isso colocou o governo no corner que, para não sair de maca (ou de camburão), tenta sair batendo e se esquece de governar, o que afunda ainda mais a economia.

      Ainda que doa, temos que separar o que incompetência do que é delinquência. A incapacidade de administrar não é tolerável, mas é compreensível, porém a ladroagem é imperdoável sob qualquer aspecto. Aos incompetentes basta o impedimento de se aventurarem novamente na política, mas os ladrões devem ressarcir à sociedade tudo o que dela foi subtraído além de receberem uma punição exemplar. No entanto tudo deve ser feito dentro da lei, da ordem e com os instrumentos corretos. Não há porque se pregar a violência, o ódio e a intolerância. Esses, não importa de que lado sejam, devem também ser alcançados pelos braços da lei.

      É necessário reconhecer que todos pagamos um preço para que a sociedade se desenvolva, que evolua e que o sistema democrático seja aprimorado, mas os que detém o poder devem também se despir da ganância para legislar e administrar com um pensamento republicano, com a lógica de estadistas e não de mercadores, e assim recuperar a tolerância e a humildade que estão em falta. 

domingo, 28 de fevereiro de 2016

Por que é mais forte quem sabe mentir?

      O projeto de governo do PT está ruindo. O governo do PT já ruiu. Sucumbiram ao enriquecimento fácil às custas de quem paga impostos. Deixaram de governar para explicar o inexplicável. Como dizem, nem carcereiro tem tantos amigos presos como o ex-presidente Lula. Aliás, o Lula está preso e não sabe.

      O instituto Lula afirmou (mas é mais fácil acreditar em papai noel) que o ex-presidente não tem celular. Se ele não sabe vou avisando, os presos arrumam isso com uma facilidade tremenda. O Lula não assistiu a nenhum jogo da copa do mundo realizada no Brasil pois seria vaiado. Ele não pode ir a restaurantes, viajar em voos comerciais, sair às ruas sem um séquito de seguranças. Como todos os petistas conhecidos, provavelmente, será hostilizado. Ele não pode mais frequentar o sítio no qual ele foi mais de cem vezes. Não pode mais por os pés no triplex do Guarujá, no qual, em algum momento, cogitou morar. Isso é vida? Isso é liberdade? Hoje ele é um homem rico, teria ganhado milhões de reais por palestras bancadas por empreiteiras que têm negócios com o governo que ele havia acabado de deixar. Se isso não é ilegal, pelo menos é de moral duvidosa, mas vá lá, ficou rico, mas não pode sair de casa.

      Só resta a ele eventos fechados e com público selecionado onde ele chega e sai como um fantasma. A maior evidência de que o fim está próximo foi o confronto provocado por “militantes” no depoimento que não houve. Quem parte para a violência é porque perdeu a razão.

      Isso tudo poderia se resolver de uma forma tão simples, como diz um amigo meu, a verdade é que salva. Basta falar a verdade. Não dá mais para ficar nos clichês: estamos colaborando com a justiça. Todas as contas foram aprovadas pela justiça. Existe escritura do tal sítio. O meu filho é o Ronaldinho dos negócios. É tudo invenção da elite que não se conforma com um governo popular… Me poupem.

      No Brasil, política é profissão, e tais profissionais fizeram as leis para se proteger da população quando deveriam proteger a população do governo, e como diz a música do Renato Russo, por que é mais forte quem sabe mentir? 

sábado, 30 de janeiro de 2016

Apoio a CPMF

      Provisória sobre Movimentações Financeiras) e eu sou a favor e explico: é um imposto de fácil arrecadação, baixo custo de arrecadação, baixo impacto no índice de inflação, amplia a base de arrecadação e, principalmente, é provisória. Sim, sou a favor, mas deve haver alguma contrapartida, em seguida sugiro uma e no final a do texto segunda. Deve-se diminuir em medida igual outro imposto, por exemplo, o imposto de renda, assim o aumento de arrecadação se dará apenas pela ampliação da base.

       Esse governo incompetente despresou os alertas de que a situação estava saindo do controle e deu no que deu: recessão. O pior é que a solução apresentada é mais-do-mesmo só que em menor volume. Até ignorantes como eu sabem que nosso problema não é falta de crédito, mas de quem quer crédito ou de quem pode pagar por ele. Mas com ideologia retrógrada, arrogância master e base de sustentação corrupta não haverá solução sem dor e muito menos a curto prazo.

      Nos últimos anos a corrupção nos meios públicos se tornou sistêmica e disseminada para ser um projeto de poder, transformando assim juízes em paladinos. Mas isso é pouco. É pouco porque, as condenações do chamado Mensalão foram brandas e as da Lava Jato, apesar da maior amplitude, também serão tímidas. As punições não estão alcançando os mentores, os chefes e nem está sendo caracterizada como quadrilhas e tudo isso é por falta de prova apesar das delações.

      Gosto de filmes de ação, de tribunal e principalmente baseado em fatos reais. Em um deles, o clássico Todos os Homens do Presidente, atribui-se à personagem Deep Throat (Garganta Profunda) a frase “follow the Money” (Siga o Dinheiro) e é o que tem se tentado fazer e isso é necessário mas não suficiente. Como todo filme de gangsters ensina o ideal é pegar a família, não o próprio elemento, pois com essa pressão ele se entrega. Mesmo seguindo o dinheiro os investigadores devem ir atrás das esposas, maridos, filhos, pais e outros agregados próximos, é aí que a verdade irá aparecer.

      Me sinto humilhado em ter que viver essa realidade. Vejo pessoas de bem literalmente se matando em trabalhos voluntários tentando salvar uma infância perdida para o tráfico de drogas e agora até mesmo para um mosquito enquanto poderosos inescrupulosos vilipendiam os cofres públicos em proveito próprio. Somente terei esperanças se o dinheiro roubado for devolvido e essa quadrilha for exemplarmente punida. Se for para isso, até aceito pagar mais imposto.

sábado, 16 de janeiro de 2016

Negócio da China

       Sempre gostei de esportes e desde que me conheço torço para o SPFC. Meu pai se dizia corintiano, mas nunca o vi assistindo a uma partida de futebol profissional ou amador adulto em um estádio. Tenho registro somente de duas partidas da copa de 74 que assistimos juntos na casa de amigos dele pois em casa não tinha TV. Também me lembro que ele ajudou a organizar um time “dente de leite” no bairro do qual eu não participei pois eu ainda era muito pequeno e também não jogava lá essas coisas. Ele tinha quatro irmãos, dois são palmeirenses e dois eram sãopaulinos, esse já faleceram. Vem deles a minha influência.

      Tenho conhecidos que não gostam de esportes, gostam do Bahia (Baea!), eu já não penso assim. Esporte é uma atividade em que se premia o melhor, os demais são perdedores, mas como o ciclo é pequeno, o perdedor de hoje pode ser o vencedor de amanhã. Na semana passada ouvi na rádio CBN que 80% dos jogadores profissionais brasileiros recebem menos de dois salários mínimos e apenas 2% recebem acima de vinte salários mínimos, mas não sei dizer quantos são os milionários do futebol. A maior parte das pessoas acha que os salários milionários são um absurdo, eu não concordo. Eles premiam o talento de quem movimenta uma industria bilionária e que gera milhares de empregos e milhões em impostos. Costumo repetir uma frase que é atribuída a Nelson Rodrigues mas não sei se é mesmo: entre as coisas desimportantes o futebol é a mais importante.

      A politização, o desmando e a roubalheira nas federações e confederações brasileiras acabaram com os bons campeonatos, sufocaram os times e dispersaram nossos melhores atletas. Há tempos temos acesso aos campeonatos europeus, os melhores e mais ricos do mundo: italiano, inglês, alemão e hoje o espanhol, o melhor de todos, além das ligas continentais e mundial, para onde vão os principais talentos e aqueles que estavam em final de carreira exploravam locais menos tradicionais mas que pagavam bem como Holanda, Arábia, Grécia, países do leste europeu, Japão e recentemente a China. Sempre a China. China que se dispôs em 8 anos ser a maior potência do esporte olímpico do mundo para ser o melhor em sua própria casa e pela primeira vez na história os Estados Unidos foram derrotados. Agora eles se voltaram para o futebol e estão contratando bons e jovens jogadores e diversos experientes técnicos. 

      Essa é a oportunidade dos jogadores “fazerem a vida”. Além da nossa desorganização, conta também a desvalorização cambial. No exterior, um bom jogador recebe facilmente USD 250,000 ou seja, cerca de R$ 1.000.000,00 por mês, muito mais do que a média do que se paga no Brasil. Pouco mais de um ano atrás e eles teriam que desembolsar muito mais, mas graças ao nosso glorioso incompetente e corrupto governo a economia desandou, a moeda se desvalorizou e o campeão brasileiro de 2014 e do ano passado se desmancharam. Só estou esperando que eles vendam também o goleiro, que para mim, é o maior responsável pelas últimas conquistas. Já que não dá para termos um campeonato de alto nível e com partidas atraentes, torço para que os adversários fiquem só com o osso. :)

      O nosso baixo nível se generalizou, houve a perda da organização familiar, dos valores pessoais, da educação, do respeito, da segurança, da economia e também dos esportes. Estamos descendo a ladeira e sem um alento, sem uma só sinalização de que colocaremos nossa vida nos trilhos novamente. Uma pena.