sábado, 23 de julho de 2016

Sobre Faróis e Tomadas

      O brasileiro é um prodígio na produção de leis. São tantas que não acredito que alguém saiba quantas estão em vigor. Com elas há o extremo, das necessárias às ridículas. Nas primeiras está a constituição (ruim), mas necessária, nas segundas posso citar o kit veicular de primeiros socorros, alguém se lembra daquela anomalia? Recentemente tivemos tivemos também a estória dos extintores de incêndio que eram obrigatórios, fomos obrigados a mudar a categoria dos mesmos e hoje não são mais necessários.

      Agora vem a estória da obrigatoriedade de se manter o farol do carro acesso mesmo durante o dia quando se trafega em rodovias. Como medida de segurança pode até fazer sentido, mas o que diferencia uma rodovia de uma grande avenida, de tráfego intenso, onde é permitido desenvolver uma velocidade elevada e compatível com as praticadas nas rodovias? Por que nessas avenidas tal medida não se aplica? Trafego diariamente 50km em uma avenida que possui tráfego intenso, velocidade permitida de 80km/h, que em alguns trechos tem 4 pistas e em outros 6 pistas. Ela é dividida por um canteiro central que agora está se transformando em linha férrea para o metrô. A avenida é altamente perigosa e nela não é necessário manter os faróis acesos.

      Se há comprovação de que manter os faróis acessos diminui o risco, que isso seja efetivado, mas não multando os incautos, mas exigindo que a partir de agora os carros que forem fabricados já saiam das fábricas com esse dispositivo de automação, aliás, como muitos deles já o tem como opcional e também como já existem em diversos países. Como a frota se renova, logo todos estariam adequados e sem polêmicas.

      Há uma grita generalizada quando o assunto é o padrão brasileiro das tomadas. Nunca vi uma crítica positiva, aliás, uma recorrente é que esse padrão é uma jabuticaba, pois só existe aqui, e isso não é verdade. Em 2013 atravessei a Suíça pedalando. Saí do sul, quase divisa com a Itália e fui até o até o norte, na divisa com a Alemanha e Áustria. Uma das providências que tomei foi perguntar ao promotor da excursão qual era o padrão das tomadas e não obtive resposta. Levei quatro dispositivos que precisavam ser conectados à tomadas: celular, computador, câmera fotográfica e um pequeno roteador para transformar internet via cabo em wireless, todos possuíam o padrão americano, aquele com dois pinos chatos. Na dúvida levei diversos adaptadores, inclusive para o padrão europeu, e apenas um do padrão americano para o padrão brasileiro. Bingo! De sul a norte, em todos os hotéis, o padrão era o mesmo do brasileiro com 3 pinos redondos. Durante as noites eu acordava para revezar os aparelhos na tomada.

      Tecnicamente falando o padrão brasileiro não é ruim, pelo contrário, é bom. Não concordo apenas com o fato de ter dois modelos com correntes diferentes, poderia haver um só, mesmo que fosse o maior. Porém o transtorno que isso causou é impagável. Porque não se utilizou uma adaptação do padrão americano onde se podia utilizar pinos chatos e redondos, com a adoção do pino terra e com o recuo da tomadas? Nenhum equipamento precisaria ter o plugue substituído, nenhuma tomada precisaria ser substituída, mas as novas já seriam do novo modelo e depois de um tempo a maioria já estaria adaptada sem nenhum trauma.

      Existe solução para tudo, mas não para os sujeitos que querem ser mais realistas do que o rei e infernizam as nossas vidas.