sábado, 19 de novembro de 2016

Era da Intolerância

      Para melhor ser contada, a história é dividida em períodos. O Paleolítico, ou da Pedra Lascada, que durou cerca de 4,3 milhões de anos, vindo dos primórdios até cerca de 10.000 anos AC, quando a humanidade descobriu e utilizou ferramentas rudimentares, basicamente encontradas na natureza. Entre 10.000 AC e 5.000 AC há o período Neolítico, onde as ferramentas eram produzidas, o que também é conhecido como Idade da Pedra Polida. Os próximos 1.000 anos, são conhecidos como Idade dos Metais e termina em cerca de 4.000AC quando a escrita foi apresentada à humanidade pelos Sumérios. Tudo o que sabe antes disso é resultado de descoberta científica, deduzido a partir de registros físicos, como fósseis e objetos, mas a partir daí a história passou a ser contada.

      O período compreendido entre 4.000 AC até por volta de 500 DC, quando ocorreu a queda do império Romano, é tratado como Antiguidade ou Idade Antiga. Os próximos 1.000 anos são tratados como Idade Média que termina com a tomada de Constantinopla (hoje Istambul) pelos Turcos Otomanos em 1.453. De 1.453 até 1.789 tivemos a Idade Moderna com a expansão do colonialismo propiciado pelo domínio dos mares, e então conhecemos o Mercantilismo, a Reforma Protestante, o Iluminismo e chegamos à Idade Contemporânea, que se iniciou com a Revolução Francesa.

      Até aqui reproduzi o que entendi do foi dito pelos estoriadores, a partir daqui são minhas as divagações. Essa nossa era de quase 230 anos eu dividiria em pré e pós computador. Alguém pode falar da internet, mas sem computador ela não faz sentido. E o que importa nesse último período, e especificamente no Brasil, é o que estamos vendo, o que chamo de Era da Intolerância.

      A intolerância vem da desinformação, da falta de educação, do baixo nível escolar e da desintegração familiar. Hoje não se tem mais contendores, se tem inimigos. Não se debate, se enfrenta. Foi inaugurado o período do nós contra eles, “nóis é nóis e o resto é bost…” ou, é tudo nosso nada deles… Se hoje vivemos esse caos político, com um bando de ladrões e ordinários instalados nas três esferas de poder, temos que assumir que é nossa a culpa, fomos nós que permitimos, e só nós é que podemos consertar, mas como fazer isso se não há diálogo? Não há substância?

      Se no período da ditadura militar tivemos a censura à imprensa, hoje todo mundo, além de poder se expressar, encontrou o veículo: a internet com suas diversas redes sociais, que se inflamam fácil. A imprensa, ainda que existam seguimentos sérios, se rendeu à instantaneidade, sem análise, sem verificação, sem profundidade. A velocidade sobrepôs à qualidade.

      Nessa semana assisti a um pequeno vídeo que é sintomático, e é claro que o vídeo foi editado para mostrar o ridículo, mas tem lá seu fundo de verdade, ele se dizia um teste para saber se os estudantes estavam preparados para a prova do Enem, e fazia perguntas da quinta série, como: qual é o valor de π (Pi)?, quantos quais são os estados da região Sul? E ninguém acertava e ainda achavam graça, mas quando perguntado quantos caracteres podem ser digitados no Twitter? Complete a letra… e cantava um funkezinho sem vergonha, todo mundo acertava e ficavam maravilhados com a façanha.

      É angustiante olhar ao redor e não encontrar saída, pois a melhora só é possível com educação, mas isso leva tempo, e há 200 milhões de pessoas que têm que viver hoje, de preferência, em paz.