quinta-feira, 29 de janeiro de 2015

Entre carros e o ENEM

      Tenho uma boa relação com carros, mas não sou aficionado, os vejo como ferramentas e me sinto bem quando estou dirigindo. Hoje dirijo diariamente mais que nos últimos anos, e andava considerando ter um carro pequeno para poluir menos, pela facilidade para estacionar e, por fim, para economizar mesmo. No entanto, após o último acidente, passei a dar mais valor à segurança, por isso tenho um que é um pouco mais pesado. Não vou generalizar para não incorrer em erro, mas a maioria dos carros que passa por mim em alta velocidade, costurando no trânsito e executando manobras ilegais é de carro pequeno ou velho, até mesmo porque esses são a maioria. Também, na maioria, dirigido por jovens. Creio que vários fatores estão associados, a pouca maturidade, o senso de poder, o relativo baixo custo, e, claro, a educação. Mesmo não sabendo identificar as motocicletas, percebo que a maioria dos condutores também é formada por jovens, e isso justifica as estatísticas de serem, os jovens, justamente os que mais sofrem mortes no trânsito brasileiro.
      Os costumes variam com o tempo, às vezes evoluem, às vezes não, mas sempre causam impacto em nossas vidas. A seta dos carros não serve mais para indicar a direção que o condutor pretende ir, mas sim para te dizer: saia da frente que eu vou passar. Da mesma forma, a buzina não é um alerta de perigo, mas serve para te dizer, seu burro! Não sabe dirigir? Essa involução decorre da perda de valores, da falta de educação.
      A educação é responsabilidade da sociedade, da escola e, principalmente, da família. A família deveria educar e a escola ensinar, e hoje ambas estão em baixa. Há duas semanas o resultado do ENEM mostrou que cerca de 529 mil estudantes, 8,5% do total de inscritos obtiveram nota zero na redação.
      Na comparação com estudantes de outros países os brasileiros sempre disputam os últimos lugares, também pudera, a escola de ensino fundamental passou a ser um depósito de crianças e muitas delas têm estrutura precária que culmina com a baixa qualidade e que só faz se propagar para as séries superiores. No ensino médio há disciplina demais e exige-se conhecimento amplo, mas falta o básico, escrever, ler, entender e fazer contas simples.
      Com uma geração mal educada e mal formada fica fácil entender o porquê do aumento da criminalidade, que associada aos acidentes de trânsito geram mais de cem mil mortes anualmente. Assim fica difícil vislumbrar um bom futuro para o nosso país.