Eu gostaria de perguntar aos políticos se eles acreditam no que eles dizem. Sei que eles responderão sim, e eu acreditarei. Acreditarei porque sei que eles mentem tanto que devem acabar acreditando na própria mentira.
Há oito anos os então candidatos em campanha Lula e Mercadante estiveram na empresa em que trabalho. Mantive-me distante como o faço com todas as celebridades que por lá aparecem, mas algo diferente ocorreu. Fui ao banheiro e lá encontrei um amigo que também trabalha lá e que frequentemente jogamos tênis juntos. Começamos a falar sobre política e eu comentava sobre o tempo que o PSDB estava no poder em São Paulo. Nesse momento entrou o Mercadante e teceu comentários a respeito do absurdo do continuísmo e a falta da alternância no poder.
Ele é primo de um amigo que estudou comigo na Federal e eu o tinha em alta conta, pois acredito mais nas pessoas do que nos partidos. Com sinceridade eu disse a ele: Senador, eu ainda não sei se votarei no Lula, mas o senhor tem o meu voto. Ele me agradeceu e pediu para que eu votasse também no Lula, pois eles tinham um projeto diferenciado de desenvolvimento. Eu complementei: como o senhor terá muitos votos espero que o senhor exerça a sua liderança e não permita que roubem o nosso dinheiro. Ele disse que eu poderia ficar tranqüilo, pois PT se pautava pela ética na política
Não votei no Lula, mas votei no Mercadante e me decepcionei com os dois, com o PT, e com o conceito que eles têm de ética. No episódio do mensalão decepcionei-me também com o Palocci, cujo trabalho eu estava aprovando, mas que foi apeado do cargo por conta da quebra ilegal de sigilo bancário do caseiro Francenildo, decepcionei-me com Suplicy, que havia tido o meu voto quatro anos antes, que não se omitiu, mas também não foi veemente na defesa da moralidade. Por sua força dentro do partido não foi expulso quando o PT fechou questão na votação e ele apenas se absteve, e decepcionei-me muito mais com o Mercadante, que não teve o cacife do Suplicy, ameaçou renunciar ao partido como o fez a Marina Silva, mas voltou atrás, votando pela defesa dos envolvidos.
O Suplicy, o Palocci e o Lula não são candidatos, mas fazem campanha e pedem apoio para o Mercadante que quer ser governador de São Paulo; e diariamente me deparo com eles nas propagandas e nos programas eleitorais pedindo votos. Sei que o meu voto não fará nenhuma diferença na vida deles, mas fará na minha, dessa vez não serão eles que irão me enganar, e eu gostaria de encontrá-lo novamente, e nem precisa ser no banheiro, apenas para perguntar-lhe: o senhor acredita no que o senhor diz?
E por falar nisso, como está difícil escolher dois senadores por São Paulo!
ISLAND? Qual é a pronúncia adequada?
Há 4 meses