domingo, 25 de novembro de 2012

Biografias

      A internet, apesar de suas armadilhas, pode proporcionar experiências interessantes. Através dela mantenho contato regular com pessoas de países com os quais jamais pensei em me comunicar. Considero interessante saber o que fazem e como vivem sem precisar de intermediários, busco a informação na fonte, e com isso aprendi a valorizar ainda mais a liberdade que temos no Brasil.

      Há pouco tempo o Supremo Tribunal Federal enterrou a lei de imprensa que então, ainda em vigor, datava do período da ditadura militar. Ficou claro que aqui qualquer um pode se expressar de qualquer forma sobre qualquer assunto. Pagará por seus excessos, mas não poderá ser previamente impedido. Mas há uma exceção que me intriga: por que temos tão poucas biografias dos nossos ilustres personagens? Imagino que seja porque somente as autorizadas sejam publicadas.

      Em abril de 2009 o presidente Obama, dos Estados Unidos, havia recém sido empossado para seu primeiro mandato e eu, em um aeroporto americano, fui até uma pequena banca de revistas e contei 12 diferentes livros sobre ele. Se tem tanto livro é porque o povo os lê e alguém ganha dinheiro, mas o principal é que não eram todos livros "chapa branca" ou seja, só os autorizados. Lá qualquer um pode escrever sobre as pessoas públicas.

      Aqui isso não ocorre. Os ilustres brasileiros gostam de desfrutar da fama, do sucesso e dos aplausos, mas não que a sua figura pública seja publicada. Por algumas vezes já li sobre algumas tentativas que foram barradas nos tribunais, ou seja, ainda existe sim a terrível censura, e apesar de todos os defeitos que costumamos imputar aos americanos, eles são mais livres do que nós, e nós somos muito mais livres do que vários povos que conheço, mas isso não me serve de consolo, pois não devemos nos igualar aos piores, mas sim alcançar os melhores.

     Apesar dos meios tortos estamos no caminho certo, mas será que não dá para ir mais rápido?

sexta-feira, 16 de novembro de 2012

Enquanto isso em São Paulo...


      No estado de São Paulo a manchete de todos os veículos de comunicação em todos os dias dos últimos dois meses é o número de homicídios na noite anterior.  Desde a última semana passou a ser também a quantidade de ônibus e carros incendiados. O que está acontecendo com a (in)segurança pública no maior estado da nação?

      Com um quinto da população do Brasil, São Paulo registrou no ano passado 3.225 homicídios, nesse ano, considerando-se apenas os 9 primeiros meses, o número se elevou para 3.536, mais que em todo o ano passado ( http://oglobo.globo.com/pais/sao-paulo-registra-mais-homicidios-que-rio-em-2012-6695371 ). No estado são 10,47 homicídios por 100.000 habitantes, uma das menores taxas do país, a de Alagoas, por exemplo, no ano passado foi 70,3 (http://jus.com.br/revista/texto/18542/a-falacia-do-efetivo-policial-e-a-seguranca-publica ). Com uma população carcerária de 180.000 mil pessoas, São Paulo ocupa a quarta posição mundial, ficando atrás dos Estados Unidos, China e do próprio Brasil (http://www.vermelho.org.br/noticia.php?id_secao=1&id_noticia=192300 ). Segundo a mesma revista da Justiça citada acima, São Paulo tem cerca de 117.000 agentes policiais o que representa 1 para 340 habitantes, quando o recomendado pela ONU é 1 para 250, mas apenas o pouco efetivo não justifica a escalada da violência.

      A também relativa baixa taxa de homicídios no estado não está ligada somente à qualidade do serviço de segurança, está também na organização criminosa. Não há em São Paulo diversas facções que se enfrentam, mas há somente uma, hegemônica, que normalmente evita o confronto direto, pois esse interfere nos “negócios”. Porém às vezes ocorrem certas crises nesse equilíbrio. Em 2001 houve uma orquestrada série de revoltas em presídios com sucessivas rebeliões. Em 2006 mais de 500 pessoas entre marginais e autoridades foram assassinadas em curto período, e essa fase parece que voltou agora, com bandido matando policial, policial matando bandido, bandido matando bandido e policial matando policial. Já que não há pena de morte no Brasil, quando um policial mata outro ou mata bandido sem que seja em confronto e que haja vidas em risco, esse deixou de ser policial e passou também a ser bandido, e o pior: bandido com arma e farda.

      É de conhecimento publico que o maior número de presos é de origem humilde e com baixo nível educacional, pois nosso país é desigual e a desigualdade social gera violência, mas a perda de valores sociais pode ser muito mais danosa. Em longo prazo apenas a educação pode corrigir e fazer a diferença, porém em curto prazo, a repressão é necessária, mas a repressão inteligente, feita de forma preventiva, evitando que drogas e armas entrem no país e, consequentemente, no estado, terminando com as “lavanderias” de dinheiro como revendas de automóveis e postos de combustíveis, sufocando financeiramente os associados a crimes, enfim, evitando o enfrentamento, e o mais importante, criando leis que não gerem impunidade, pois o crime é uma atividade que avalia a relação custo/benefício.

      Há muitos especialistas que poderiam formatar um modelo eficiente de segurança, o difícil é fazer isso virar realidade, pois quando se depende do processo legislativo não dá para esperar grandes coisas. É de cima que deveriam vir os bons exemplos, mas de lá vêm apenas os piores.

quarta-feira, 7 de novembro de 2012

Escravo virtual


Não gosto de ir a supermercados e nem a lojas de roupas e calçados. Não consigo imaginar porque as mulheres gostam tanto de uma vitrine, mas gosto de ter aparelhos eletrônicos. Para comprá-los não preciso de muito tempo e nem mesmo sair de casa, basta um clique e dinheiro para pagar. Alguns deles troco com alguma frequência, mas outros fico por mais tempo como o netbook , ou como meu filho o chama, lerdobook, que por ser antigo não é tão eficiente como os atuais, mas me atende. No último final de semana substituí nele a versão original do Windows pelo novo Windows 8 e isso deu trabalho, pois havia uma certa incompatibilidade que foi superada. Nem aprendi a utilizá-lo direito, mas há uma certa vantagem: ficou muito mais rápido ligá-lo.

Se tem uma coisa que irrita o usuário de computador pessoal é ter que ficar esperando que o computador realize qualquer operação, seja do próprio sistema ou seja da rede. Os fabricantes sabem disso e se agora o chamado boot ficou rápido vem a pergunta: porque não fizeram isso antes? A tecnologia já estava disponível há bastante tempo, bastava implementá-la. Eu acho que eles gostam de nos ver irritados.

As novas funções são baseadas em aplicativos e há uma febre de atualização. A todo o momento há uma correção a ser feita, um aplicativo a ser atualizado e vários deles que requerem a intervenção do usuário, quando não, bloqueiam a operação fazendo-o esperar.

Além de gostarem de te irritar, hoje os 3 grandes fabricantes Apple, Microsoft e o Google, além do Facebook, desejam te escravizar. Os programas e máquinas de cada um deles tornam difícil a utilização dos recursos dos concorrentes e amarram o funcionamento aos seus próprios produtos. Além do que, eles sabem mais da sua vida do que você mesmo, e dessa maneira direcionam as buscas e as publicidades baseadas no histórico das operações anteriores. A invasão chegou a tal ponto que para trabalhar no Windows 8 o usuário praticamente tem que estar “logado” ao site da Microsoft, não basta ligar o computador, é melhor que ele tenha uma rede para se conectar.

Passei os olhos sobre uma reportagem nessa semana que diz que cada "assinante" vale R$ 450,00 para o Google e cerca de R$ 90,00 para o Facebook, ambos com cerca de um milhão de usuários. Há 20 anos quem poderia imaginar que haveria esse tipo de empresa e que isso pudesse gerar tanto dinheiro?

Ainda que sejam empresas concorrentes parece que há uma “teoria conspiratória” onde os grandes se unem para nos aprisionar. Eu odeio essa sensação, mas nos dias de hoje dá para viver sem essa tecnologia?

Obs. Esse texto está hospedado em uma das divisões do Google.