terça-feira, 21 de agosto de 2012

É Isso Que Dá Eleger Qualquer Um.


      É isso que dá eleger qualquer um!

      Ontem ouvi na Voz do Brasil que há um projeto em tramitação na câmara dos deputados e que se for aprovado por uma comissão será remetido ao senado sem que necessite ser aprovado pelo plenário da câmara. Nada contra os processos até porque não os analisei, mas tudo contra o projeto.

      Os parlamentares que assinam o projeto querem obrigar as indústrias eletrônicas a instalarem um interruptor em todos os equipamentos novos para que ao serem desligados cortem completamente o consumo de energia elétrica. A justificativa é que essa medida “ecológica” contribuiria para a redução do consumo de energia, mas sem diminuir a comodidade do usuário. Idiotice pura. Até pelo simples fato de que se o consumidor quiser fazer isso basta desconectar o cabo da tomada.

      Mas quem quer ter que programar o forno de microondas toda vez que for utilizá-lo? Quem quer primeiro ligar uma chave no televisor, DVD, Blu Ray ou home teather antes de acioná-lo pelo controle remoto? É claro que isso irá gerar um incômodo tal como o de acabar com as sacolas plásticas nos supermercados.

      Para que os equipamentos mantenham a programação prévia ou possam ser acionados por controle remoto algum circuito interno precisa ficar alimentado durante todo o tempo, e se não for pela própria energia será por bateria que em algum momento precisará ser carregada, ou seja, irá consumir energia da mesma maneira pois as baterias não geram energia, apenas acumulam. Além do que, haverá um processo para a produção de mais baterias, ou seja, tecnicamente falando, o resultado pode ser pior do que a situação atual.

      Sou completamente a favor da redução do desperdício e da preservação dos recursos naturais, mas sou contra abrir mão do conforto. Não quero voltar a viver como no tempo das cavernas. O que desejo é que reunindo o conhecimento existente possam ser criadas maneiras corretas de se utilizar os recursos. No exemplo das sacolas plásticas que sejam todas biodegradáveis. Quem quiser utilizar que pague por isso, se não quiser que carregue as sacolas retornáveis.

      Para a admissão em empregos sem a necessidade de formação específica o mínimo que se pede é o segundo grau completo. Tudo bem que o nosso ensino não é lá essas coisas, mas o que se exige para que o cidadão seja deputado federal? Nada. Na última eleição tivemos um campeão de voto praticamente analfabeto. Não haveria problemas se eles não soubessem ler ou não fossem especialistas em tudo, mas que utilizassem a verba contratando bons assessores, mas desse jeito está muito ruim. Talvez a melhor alternativa seja reduzir o número de parlamentares, pois sendo poucos diminuirá a possibilidade de cometerem asneiras, ou na pior das hipóteses, ficará mais barato mantê-los.

sábado, 18 de agosto de 2012

Privacidade


      O brasileiro pode não ser muito produtivo, mas que é criativo, ah isso é!  Criamos principalmente leis, estatutos e programas que nem sempre atingem o resultados esperados, mas criam empecilhos ao cidadão.

      Temos a Lei Maria da Penha, ninguém em sã consciência pode dizer que ela está errada, mas as mulheres continuam apanhando.

      Temos o estatuto do idoso, mas esses continuam se desgastando nas filas das consultas e morrendo nas filas dos hospitais.

      Temos o estatuto da criança e do adolescente que lhes dá direito de fazer tudo o que há de errado, mas trabalhar não pode.

      Foi necessário criar a Lei Da Responsabilidade Fiscal para que os governantes não pudessem gastar mais do que arrecadam, e eles continuam gastando, mas para se reelegerem não para melhorar a vida da população.

      Criaram a lei obrigando os caminhoneiros pararem para descansar depois de um certo período dirigindo, mas não fizeram os locais para descanso. Inventaram que a fiscalização seria feita com tacógrafos, mas se não tiver tacógrafo vale a anotação manual. É desnecessário dizer que é uma inútilidade, pois é facilmente fraudável.

      Quem se lembra da obrigatoriedade de se ter no carro o kit de primeiros socorros? Eles desapareceram das farmácias e supermercados e quem os tinha os vendia a preços estratosféricos. Comprei o meu e acho que o tenho jogado em algum canto, porque depois da gritaria geral a regra foi abolida.

      Na semana passada ouvi novamente a notícia que a partir do próximo ano todos os carros deverão sair da fábrica com um chip instalado no vidro, e que até 2014 todos os veículos terão que possuí-lo. O tal chip será lido por sensores espalhados em vias urbanas e rodovias e permitirá que os carros sejam identificados e caso haja irregularidade, poderá ser fiscalizado ou penalizado até mesmo eletronicamente. A justificativa é que isso aumentará a segurança do proprietário do veículo, pois em caso de furto, ou roubo, o carro poderá ser identificado e recuperado. Na verdade estão preocupados é com a arrecadação, pois estima-se que há cerca de 18 milhões de veículos rodando irregularmente no país. Isso é, sem pagar o IPVA.

      Estamos na era da exposição e o brasileiro adora isso. Fomos o país com mais perfis no Orkut e já devemos estar perto disso no Facebook. Usamos ferramentas como o Instagram e todos os meios de “check inn” para mostrar onde estamos. Podemos facilmente ser rastreados pelo celular e agora o seremos também pelo carro. A diferença é que nas redes sociais o fazemos espontaneamente, mas com o chip, obrigatoriamente.

      Esse é um caso que pode facilmente chegar ao Supremo Tribunal Federal, pois atenta diretamente contra a privacidade.

segunda-feira, 6 de agosto de 2012

Medo De Vencer


      Em dezembro a Nega e eu completaremos 38 anos juntos e ela, que me conhece bem, costuma dizer que tenho estômago de avestruz, couro de jacaré e que eu gostaria de ser americano. Meu estômago não aceita mais incólume um copo cheio de chá de alho como outrora, o “couro” também piorou, ao ponto de ter que usar protetor solar para sair de casa com o sol forte, mas que gosto da língua inglesa, dos Estados Unidos e da sua cultura, isso sim.

      Tenho medo dos extremos, acho-os todos perigosos, mas admiro a cultura do mérito, da conquista de acordo com a capacidade, do esforço e da determinação na busca pela vitória, e deve ser por isso que os esportes me fascinam. Não gosto da rispidez nas relações que os europeus e americanos têm, mas a obsessão deles por vencer pode ser vista nas olimpíadas. São muitas as leituras que podemos fazer dos resultados, mas há três comportamentos que eu gostaria de destacar. Enquanto o Brasil patina no quadro de medalhas, os Estados Unidos e a China brigam pela liderança. Durante toda a minha vida os americanos estiveram na ponta e o papel que hoje a China representa foi da União Soviética e de seus associados, como Alemanha Oriental e de Cuba.

      Culturalmente os americanos são incentivados a vencer e há apoio financeiro e tecnológico aos seus atletas. O sistema de descoberta de talentos vem das escolas, com campeonatos locais, regionais e nacionais e começa bem cedo. Já na China há a imposição do governo que “fabrica” muitos dos atletas e eles são obrigados a vencer por imposição do estado. Há o caso conhecido do casal de jogadores de basquete que foram obrigados a ter filho para gerar bons jogadores, e também há a denúncia de que o governo separa as crianças da família e as obriga a participar de sessões intensas de treinos, que são incompatíveis com a idade e com o desejo.

      Já no Brasil são os clubes que formam os atletas e os que se destacam conseguem algum patrocínio. O nosso modelo é mais próximo do americano e é bom que assim seja, pois numa democracia não tem lugar para a intromissão do estado na vida privada, mas, por outro lado, há muito menos clubes que escolas, logo, na base, levamos desvantagem. Grande parte das medalhas brasileiras vem de esportes de elite como hipismo e iatismo cujos atletas têm condição de se manter, porém nas demais modalidades, sem planejamento e sem apoio do governo não há como obter bons resultados, salvo casos excepcionais.

      Além da estrutura equivocada e da falta de apoio, a nossa cultura não é a do vencedor, o brasileiro gosta do esforçado e do desfavorecido. A eleição do Lula não foi uma eleição de ideal político, mas a luta do pobre trabalhador sem escolaridade contra a elite intelectualizada. Até o reality show Big Brother teve suas regras mudadas, pois quando dependia de votação ganhava o pobre ou o representante da minoria, nunca o bonitão ou a gostosona. Em todos os jogos há os brasileiros que saem desapontados por um resultado muito abaixo do esperado e não os culpo, pois eles possuem algum resultado expressivo, mas são o retrato da nossa estória, da nossa cultura, na verdade, são os nossos representantes.

      Poderíamos até dizer que os brasileiros adotaram o espírito dos jogos “O importante é competir”. Coisa nenhuma! O importante é ganhar, e ganhar o ouro, pois ninguém ganha a prata, perde o ouro. Enquanto o brasileiro é preparado para participar, o nosso adversário é preparado para vencer.