Faz um mês que mudei de emprego e estou em processo de mudança de cidade. Isso me faz gastar muito tempo em lugares públicos como aeroportos, restaurantes e shoppings centres e nada chama mais a minha atenção do que a falta de educação.
Ainda não passei por nenhuma situação difícil ou constrangedora, nem mesmo presenciei algo absurdo, a não ser a de um garoto que arrancou uma correntinha do pescoço de uma moça e fugiu de bicicleta no meio do trânsito com manobras que colocou em risco a sua própria vida, mas são muitas as pequenas atitudes que me decepcionam.
Há o despreparo de muitos profissionais, seja no checkin de hotéis e de companhias aéreas como o de garçons e caixas de restaurantes e de outros estabelecimentos comerciais, porém, vários deles, mesmo que mal treinados, apresentam boa vontade. Mas não dá para aceitar banheiro sujo e demais formas de desrespeito às pessoas.
Parece aquela estória do ovo e da galinha, quem nasceu primeiro? As empresas simplesmente desrespeitam as pessoas ou o fazem porque não são respeitadas? Isso também não importa, pois como prestadores de serviços deveriam fazê-lo com excelência, mas a atitude de alguns prejudicam a todos. É como o caso dos juros, uma das componentes que os elevam é a incerteza do recebimento, sendo que todos pagam por alguns.
Vejo que com o acesso fácil à internet a situação piorou, pois basta uma rápida olhada no ambiente que se percebe que ninguém está mais sozinho. A maioria não vê quem está ao lado, mas está avidamente conectada em chats e redes sociais. As pessoas não se olham, não se vêem, pois estão sempre de cabeça baixa olhando para os seus gadgets. Ontem presenciei uma cena em uma praça de alimentação. Em uma mesa com 4 pessoas 3 teclavam e a última ficava com "cara de paisagem”. Não concordo, mas isso não é um problema meu e nem o quero para mim.
O que me irrita é o sujeito se sentar em uma cadeira, colocar a mala, ou bolsa, ou pacote, enfim, qualquer coisa, em outra cadeira e ainda colocar os pés em uma terceira. Eu já consideraria um absurdo se as pessoas fisicamente saudáveis ocupassem uma só cadeira e não dispusessem desse lugar em favor de pessoas idosas, pessoas com crianças de colo ou ainda, e porque não, a senhoras e moças. Mas não, ocupam várias cadeiras e enterram a cara em um smartphone.
Em horários de pico em áreas de alimentação é comum ver pessoas com bandejas na mão procurando por lugar para se sentar e ter, ao mesmo tempo, muitas pessoas sentadas com pratos vazios e celulares ocupados. As empresas deverão considerar esse comportamento futuramente, destinando áreas maiores, o que, evidentemente, se refletirá nos preços.
Despachar bagagem em companhias aéreas é perder tempo duas vezes, tanto no despacho quanto na retirada. Porém há regra para isso, volumes acima de determinados limites (a soma da largura, altura e profundidade não pode ultrapassar 115cm) e peso (5kg) devem ser despachados, e cada pessoa pode transportar consigo apenas 2 volumes, um que atenda à regra acima e outro pessoal, como bolsas femininas e também o mais comum, alguma bolsa para o transporte de computadores. Mas há sempre os que desrespeitam para ganhar tempo. O tempo deles é o importante, o resto que se ajeite. Com a conivência das empresas que não querem desagradar a alguns, levam volumes grandes e pesados, às vezes mais do que dois, e ocupam todos os espaços do bagageiro. Outro dia assisti a uma cena. Um senhor alto, forte e, imagino, educado, pois falava sempre baixo e no mesmo tom, se dirigiu ao seu assento e o bagageiro acima estava lotado. Ele começou a mudar as malas de bagageiro quando outro passageiro reclamou:
- Essas malas são minhas!
- Pois as coloque no bagageiro sobre a sua poltrona.
- Não cabe.
- Não posso fazer nada, mas esse é o meu lugar.
E acabou aí. Eu nem queria ser educado, ser grande e forte já me bastaria.