Em outubro do ano passado quando fizemos o planejamento das férias para 2011 previmos a coincidência de alguns dias para que o Rodrigo (35), o Alex (29) e eu (53) pudéssemos fazer o percurso em 5 dias e estabelecemos a data do início: 17 de setembro. Durante os primeiros 6 meses comecei a treinar mais assiduamente e com maior intensidade, e a partir de março comecei a frequentar uma academia duas vezes por semana e com um técnico para me orientar. Fiz exercícios para fortalecer as costas que são muito exigidas nas subidas, e para os ombros que doem quando os freios são muito utilizados em descidas fortes. Além disso, melhorei a técnica para pedalar e fiz exercícios de força para conseguir o equilíbrio muscular. Também, como faço todos os anos, continuei com as consultas com o cardiologista e fiz o exame ergométrico antes de viajar, e a conselho do médico busquei a ajuda de uma nutricionista ligada ao esporte que me orientou sobre a alimentação rotineira para período de treinamento e também com a suplementação alimentar para o percurso.
Estudamos o trajeto que já conhecíamos verificando detalhadamente as distâncias e as altimetrias de cada trecho e assim planejamos a logística que incluía percorrer cerca de 150km no primeiro dia, e para testar, no dia 13 de agosto fomos até Vargem Grande do Sul, que seria o nosso primeiro ponto de repouso. Verificando que seria possível percorrer esse trajeto fizemos a divisão do que faltava e planejamos a redução de peso a ser transportado, já que não teríamos carro de apoio. Com a aproximação da data da partida a expectativa foi aumentando e o medo de não conseguir também.
Deixei a minha casa às 4:10h da manhã do dia 17 e encontrei o Rodrigo, que estava meio resfriado e tinha quebrado um dente na noite anterior, ele estava meio abatido e com tendência a desistir. Pedalamos bem nesse primeiro dia, que apesar de longo não tem muita subida e chegamos por volta das 15:30h a Vargem Grande e ficamos no hotel Príncipe. O Rodrigo que tinha sentido dores na virilha não estava certo de continuar no dia seguinte, mas continuamos. No segundo dia, que era o meu aniversário, subimos forte logo cedo, por volta das 5:30h, a Serra da Fartura, depois descemos para Águas da Prata e subimos o Pico do Gavião, rumo a Andradas. Chegando a essa cidade seguimos um trecho pelo acostamento da pista asfaltada e na subida, por duas vezes fomos “fechados” e quase atropelado por um bêbado dirigindo um Fiat Uno com várias pessoas dentro que chamou o Rodrigo de “paceiro”. E ele apenas queria saber qual era a próxima cidade. Almoçamos em Andradas e subimos a Serra dos Limas, trecho difícil assim como também é difícil a descida para Barra, a próxima cidadezinha. Saindo de Barra tem uma elevação forte onde um Palio e um Gol 1000 não conseguiam subir, mas nós subimos a maior parte pedalando. Tocamos até Ouro Fino onde chegamos já anoitecendo.
Faltavam 14 minutos para as 7 da manhã quando deixamos a pousada e por volta das 10:30 já estávamos em Aparecida. Chegando ao Santuário a Van que havíamos contratado já estava nos esperando. Sinto sempre uma emoção muito grande ao receber o diploma que atesta o cumprimento do Caminho Da Fé e também pelo clima que tem na basílica. Depois de tomarmos banho, trocarmos de roupas e comprarmos algumas lembranças deixamos Aparecida por volta do meio-dia e chegamos a São Carlos às 5 da tarde.
O Caminho Da Fé, percorrido dessa maneira, é o lugar onde você não vê a hora de terminar e quando termina não vê a hora de fazê-lo novamente. Já sabemos o que devemos fazer para percorrê-lo em apenas 4 dias.